Rocksteady e o desastre de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça — uma lição amarga para os fãs

Após um ano marcado por polêmicas, críticas contundentes e prejuízos financeiros, a jornada de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, desenvolvido pela Rocksteady, chegou ao fim com uma tentativa desesperada de salvar sua narrativa. A revelação final? Os heróis da Liga da Justiça não foram realmente mortos — eram clones. No entanto, em vez de proporcionar alívio, a reviravolta gerou frustração nos fãs, evidenciando o distanciamento do estúdio em relação às expectativas do público.

Desde o seu anúncio, o jogo foi cercado de controvérsias. A cena em que Harley Quinn atira no Batman, dublado por Kevin Conroy, gerou revolta, especialmente por ser uma das últimas performances do ator antes de seu falecimento. A Rocksteady, que anteriormente ganhou respeito com a série Arkham ao apresentar narrativas bem estruturadas e respeitar o universo do Batman, pareceu adotar uma abordagem mais comercial e focada em tendências de mercado, afastando-se da essência que a consagrou.

Um multiverso mal executado e decisões criativas divisivas

A tentativa de manter o jogo relevante através de atualizações sazonais e expansão do multiverso foi mal recebida. Longe de adicionar profundidade ao enredo, essas atualizações incluíram personagens como uma versão “efeminada” do Coringa e uma Sra. Freeze de gênero trocado, que não agradaram ao público. A promessa de salvar os heróis através de arcos narrativos significativos nunca se concretizou. Ao invés disso, as adições pareceram desconexas e improvisadas.

A revelação final, na qual os heróis “mortos” eram clones criados por Batman para enganar Brainiac, chegou atrasada e com pouco impacto. O fato de a cena ser apresentada em ilustrações, em vez de uma cutscene animada, reforçou a impressão de que o estúdio estava sem recursos e sem entusiasmo. Ainda pior, a morte da Mulher-Maravilha durante a campanha não foi desfeita pela reviravolta — confirmando que algumas decisões controversas permaneceram inalteradas.

O declínio de uma desenvolvedora respeitada

O fracasso de Mate a Liga da Justiça não é apenas uma questão de narrativa mal conduzida. É um alerta sobre os riscos de seguir tendências de mercado sem preservar a qualidade e identidade de um produto. A contratação da Sweet Baby Inc, empresa conhecida por decisões criativas divisivas, contribuiu para a desconexão entre desenvolvedores e público.

O resultado final é um jogo que custou cerca de US$ 200 milhões à Warner Bros. e que não conseguiu entregar a experiência prometida. A Rocksteady, outrora reconhecida como referência em jogos de super-heróis, agora vê sua reputação abalada. Pior ainda, perdeu a oportunidade de prestar uma homenagem digna ao trabalho de Kevin Conroy, deixando um legado manchado por uma execução desastrosa.

O futuro da Rocksteady e as lições deixadas

Enquanto o modo offline do jogo permanece disponível, a história principal deixou pouco a ser aproveitado. As poucas adições restantes, como armas e mapas da Temporada 4, não passam de paliativos insuficientes. Para a Rocksteady, esse episódio servirá como um duro aprendizado sobre a importância de manter a essência que construiu sua base de fãs. A expectativa agora é que o estúdio reflita sobre seus erros e retome o caminho que o levou ao sucesso com a trilogia Arkham.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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