Crítica | Assassino Sem Rastro implora a aposentadoria de Liam Neeson na ação
Eu definitivamente sou um grande fã de Liam Neeson e sua notória fase de astro de ação. Começou com o sucesso surpresa de Busca Implacável em 2008, e de lá pra cá o ator irlandês estrelou mais de 10 filmes desse gênero.
Mas eu confesso que já faz um tempo desde que eu não vejo um bom filme de ação do Liam Neeson, e o mais recente Assassino Sem Rastro infelizmente é mais um caso negativo, tanto para o astro quanto para o diretor Martin Campbell.
Na trama, Alex Lewis (Neeson) é um matador de aluguel que anseia por largar sua vida de crime, principalmente porque começa a ter problemas de memória, consequência de seu Alzheimer precoce. Quando Lewis nega matar uma adolescente a mando de pessoas poderosas, ele fica na mira de criminosos e também do implacável agente policial Vincent Serra, vivido por Guy Pearce.
Apesar da premissa saborosa, o roteiro perde o foco do que é mais interessante, praticamente deixando Liam Neeson de escanteio por boa parte da trama - dando foco para inúmeras subtramas confusas e desnecessariamente complexas.
Mais um ponto fora também de Martin Campbell, que ajudou a revolucionar James Bond em duas fases diferentes com GoldenEye e Cassino Royale, mas que aqui não demonstra o mesmo talento ou habilidade para cenas de ação ou conflitos dramáticos.
Confira a crítica completa de Assassino Sem Rastro no canal de YouTube do Lucas Filmes.
https://www.youtube.com/watch?v=1pm2iThsK_I&t
Crítica | Interceptor é um dos piores filmes da ação dos últimos anos
A Netflix lançou em seu catálogo mundial na última semana, bem na surdina, o filme de ação original Interceptor, que marca a estreia do autor Matthew Reilly na direção de longas metragens - após uma carreira na literatura de espionagem.
Apesar das boas intenções de criar um longa de ação aos moldes do brucutu-fest dos anos 80 e 90, mas com a figura feminina de Elsa Pataky (Velozes e Furiosos 5: Operação Rio), o filme é vergonhosamente ruim, e oferece uma prévia do tipo de filme de orçamento baixo que a Netflix promete lançar no futuro. Temeroso.
Mal escrito por Reilly e o perdido Stuart Beattie (do ótimo Colateral), é difícil de comprar a proposta absurda e, infelizmente, nem a pancadaria e nem a presença limitada de Pataky fazem o investimento valer a pena - tudo na tela parece barato e sem o menor capricho estético. Se a ação fosse boa, até compensaria a história ruim (como é o caso de diversos clássicos do gênero), mas nem nisso Interceptor é bem sucedido.
Isso sem falar na bizarra participação especial do produtor executivo e marido de Elsa Pataky, um certo Chris Hemsworth...
Confira a análise mais aprofundada de Interceptor no canal de YouTube do Lucas Filmes.
https://www.youtube.com/watch?v=AffkfbmWHpM&t
Johnny Depp vence processo de difamação contra Amber Head nos EUA
Foi anunciado na tarde desta quarta-feira (1) que o tribunal do júri do Condado de Fairfax, no estado da Virgínia, concedeu vitória a Johnny Depp no longo processo de difamação envolvendo sua ex-esposa, Amber Heard.
A atriz deverá pagar US$15 milhões a Depp, que por sua vez foi ordenado uma indenização de US$2 milhões a Heard devido a uma ocorrência de difamação no julgamento.
O processo começou quando Amber Heard publicou um artigo sobre violência doméstica e abuso, onde implicava a participação de Johnny Depp. O ex-astro de Piratas do Caribe iniciou uma ação judicial, clamando que as acusações lhe custaram papéis e praticamente encerram sua carreira em Hollywood - com sua demissão da franquia Animais Fantásticos sendo uma delas.
A equipe legal de Depp apontou três pontos do artigo de Heard em que ele foi difamado. O júri concordou com todos e ainda disse que Heard tomou ação com "malícia", indicando seu conhecimento de que a declaração era falsa.
Já Heard e sua equipe legal apontaram três pontos nas declarações do advogado de Depp onde havia difamação. Nesse caso, o júri concordou com apenas uma delas.
Top Gun: Maverick e as cenas mais perigosas da carreira de Tom Cruise
Com a estreia bem-sucedida do estrondoso Top Gun: Maverick nos cinemas de todo o mundo, Tom Cruise segue desafiando limites e mostrando que ainda é um dos poucos astros de Hollywood realmente destemidos.
Aproveitando a onda do novo filme de Joseph Kosinski, que teve cenas reais com jatos e caças militares capturados com câmeras IMAX, vamos relembrar 5 das acrobacias mais perigosas e impressionantes que Tom Cruise já fez ao longo de seus filmes.
O vídeo é do canal Lucas Filmes, destacando sequências de Top Gun: Maverick e, naturalmente, diversos momentos da franquia Missão: Impossível, que garantiu a Cruise a fama de realizar todas as suas cenas de ação.
Confira abaixo.
Novamente estrelado por Tom Cruise, Top Gun: Maverick traz de volta o lendário capitão Pete Mitchell, agora para se tornar instrutor da escola onde ele mesmo se formou. Enquanto lida com traumas do passado, ele precisa preparar uma nova geração de cadetes para uma missão perigosíssima.
Top Gun: Maverick está em exibição nos cinemas brasileiros, enquanto Missão: Impossível - Acerto de Contas: Parte 1 estreia em julho de 2023.
https://www.youtube.com/watch?v=r4JRVYHIlfw&t=9s
Critica | Stranger Things 4 compensa repetição com nova ameaça em seu primeiro volume
Eu sempre tive uma relação de amor e ódio com Stranger Things. Sendo indubitavelmente a produção mais bem sucedida da plataforma de streaming que, mesmo com todos os percalços recentes, ainda é uma das referências máximas na indústria do entretenimento atual, a série sempre me soou como um artifício muito bem marketado: uma obra totalmente capitalizada em cima do sentimento de nostalgia e estética da década de 1980, com sua primeira temporada sendo uma mistura nada sutil entre Os Goonies e E.T. - O Extraterrestre - ainda que, no fim, suficientemente agradável e simpática.
A cada nova temporada dessa história que sempre foi planejada como uma só, os irmãos Matt e Ross Duffer se esforçavam para expandir a mitologia, resultando em um jogo peculiar para alguns cinéfilos (ao menos o meu caso): quais obras e filmes os Duffer estão copian…, digo usando como inspiração. Nenhuma das subsequentes temporadas foi capaz de capturar o brilho da primeira, se contentando na avalanche de referências e a inevitável repetição estrutural de uma criatura extradimensional atacando crianças e adolescentes da cidade de Hawkins.
Depois de um hiato de três anos potencializado pela pandemia do COVID-19, eis que a Netflix enfim traz a gigantesca (primeira parte da) quarta temporada de Stranger Things, apostando em episódios com duração de longa-metragem, múltiplas narrativas e um grupo ainda maior de personagens que já não têm muito mais o que oferecer. Uma receita perfeita para o desastre… Não fosse a ótima ideia que os Duffer têm para seu novo antagonista.
Apesar de todos parecerem adultos em roupas de criança, a nova temporada se passa apenas alguns meses após os eventos explosivos da anterior, que se fechou em uma batalha épica no shopping de Hawkins. Todos os personagens estão separados, com Onze (Millie Bobby Brown) sofrendo sem seus poderes em uma nova escola na Califórnia e se distanciando de seu irmão Will (Noah Schnapp), enquanto sua mãe adotiva Joyce (Winona Ryder) ainda nutre esperanças de encontrar o desaparecido Hopper (David Harbour), que misteriosamente foi parar em uma prisão na Rússia.
Já na fatídica cidadezinha de Hawkins, o grupo de Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) enfrentam novos desafios de adaptação e interesses pessoais, mas todos logos se convergem quando uma série de brutais assassinatos novamente toma conta da cidade, abrindo mais uma vez a porta do enigmático Mundo Invertido.
Lá Vamos nós de Novo
Na superfície, é realmente a mesma coisa de sempre. De cara, já no interminável primeiro episódio, senti o desgaste criativo dos irmãos Duffer a novamente insistir nos mesmos beats e tropes de narrativa das temporadas anteriores, apenas com alguns elementos adicionados: como a maturidade, a questão de bullying e o afastamento que assola parte da adolescência. Essa proposta até começa bem com a inserção de Onze em uma nova escola, onde Brown explora bem a inabilidade social da garota e sua ingenuidade em um campo adolescente mais agressivo, mas a trama é logo convertida em um radical retcon para tentar recuperar seus poderes e, ao longo de várias horas quebradas ao longo de diversos episódios, servir como o dispositivo de trama que explica a origem da grande ameaça da temporada.
Nesse miolo, somente a personagem de Max foi capaz de gerar algum interesse, já que os Duffer realmente desenvolvem um arco complexo e convincente com a mais nova integrante do grupo, já que ela tragicamente perdeu seu irmão Billy na temporada anterior - o que garante um arco sobre luto e ressentimento que é mais forte do que a maioria da tapeçaria dramática da série; e a talentosa Sadie Sink definitivamente se mostra como o grande destaque no campo de atuação da temporada. Vale dizer também que a revelação Maya Hawke, da temporada passada, segue como um dos grandes destaques no campo cômico, especialmente em sua interação com o ótimo Joe Keery.
Já o grupo de crianças principal infelizmente está bem mais deslocado. A decisão narrativa de separá-los e “combiná-los” com personagens diferentes é admirável pela tentativa de inovação, mas acaba removendo boa parte do interesse inicial, já que constantemente me peguei lembrando dos “bons tempos” da primeira temporada em que era possível observar a boa dinâmica do elenco principal. Não ajuda também que a puberdade tenha tomado todos eles pelos cabelos, e a imagem de atores e atrizes claramente mais velhos do que os personagens que estão representando gera um desconfortável efeito Chaves, sendo bem danoso para a naturalidade e dinâmica da série. Mas, ironicamente, não deixa de ser uma homenagem acidental aos anos 80 de forma raiz, onde marmanjos de 30 anos interpretavam adolescentes de 17.
Um vilão dos sonhos
Mas voltando à questão da trama em si… Eu estava pronto para pendurar as chuteiras e arremessar o controle remoto quando era forçado a absurdos narrativos do tipo “personagens encontram traficante de drogas porque descobrem que um cliente de locadora alugava filmes de Cheech & Chong”, até que algo aconteceu! Depois de três temporadas com criaturas digitais genéricas e pouco memoráveis, eis que Stranger Things apresenta sua mais formidável e interessante ameaça na forma de Vecna, uma criatura antropomórfica que atinge os habitantes de Hawkins através de traumas e memórias ruins - manifestando-se como um eficiente retrato da depressão, mas com toques bem claros de Freddy Krueger em seu modus operandi.
E, dessa forma, fiquei encantado em observar que Stranger Things 4 estaria olhando bastante para a franquia A Hora do Pesadelo, mas com um vilão capaz de atacar através de traumas, e não sonhos. Isso permite que os Duffer e toda a equipe técnica criem imagens deslumbrantes e que experimente novos horizontes para a série, bem mais voltada ao terror gráfico e o sobrenatural pesado - até mesmo evocando A Origem em uma sequência musical emocionante envolvendo Max no quarto episódio. Também é ótimo o fato de que Vecna é uma figura mais humanizada em seu físico, tornando-o mais palatável e ameaçador do que os demais antagonistas da série, e à medida em que seu passado é revelado, o interesse na história vai crescendo de forma considerável, trazendo até mesmo o grande Robert Englund (o Freddy Krueger da franquia clássica) em um pequeno papel coadjuvante.
Ainda sobre antagonistas, a situação não é muito empolgante na Rússia, onde residem as maiores e mais descartáveis subtramas de Stranger Things 4. Por mais que David Harbour continue carismático como o sempre divertido Jim Hopper, enchê-lo de núcleos com outros prisioneiros, um guarda vira casaca e inúmeras traições certamente tira o foco da história, que só fica mais absurda quando Joyce e o alívio cômico Murray entram em cena; tem de caratê improvisado até quedas de avião no Alasca. Pelo menos, o núcleo russo culmina em uma brutal batalha gladiatorial envolvendo Hopper, alguns prisioneiros e um Demogorgon desgarrado que garante uma das sequências mais tensas e bem dirigidas da temporada.
Falando em direção e ação, é curioso notar como esta quarta temporada parece bem interessada em combates físicos. Em duas ocasiões diferentes, os experientes diretores Shawn Levy (produtor da série e diretor de Free Guy) e Nimród Antal (do subestimado Predadores) apostam em planos sequência violentos envolvendo um tiroteio dentro de uma casa e outro com um grupo dos jovens espancando brutalmente um enxame de criaturas voadoras. Apesar de nitidamente ser uma criação colada digitalmente através de cortes invisíveis, representa uma amostra considerável de evolução cenográfica da série; que, novamente, garante seu ano mais violento até então.
Sempre amarrado pela trilha sonora vibrante da dupla Kyle Dixon e Michael Stein, este primeiro volume de Stranger Things 4 (o segundo será lançado em julho), é nitidamente embolado e sofre com a abundância de narrativas e personagens espalhados em diferentes cidades e continentes. Felizmente, os Duffer enfim criam um antagonista complexo e original para justificar a existência de uma nova história, e desde já encontro-me inesperadamente curioso para os demais episódios, que concluirão a quarta temporada em julho.
Stranger Things 4 - Vol. 1 (EUA, 2022)
Showrunners: Matt Duffer, Ross Duffer
Direção: Matt Duffer, Ross Duffer, Shawn Levy, Nimród Antal
Roteiro: Matt Duffer, Ross Duffer, Paul Dichter, Curtis Gwinn, Kate Trefry, Caitlin Schneiderhan
Elenco: Millie Bobby Brown, Winona Ryder, Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, David Harbour, Maya Hawke, Joe Keery, Natalia Dyer, Sadie Sink, Charlie Heaton, Matthew Modine, Paul Reiser, Eduardo Franco, Robert Englund
Streaming: Netflix
Episódios: 7
Duração: 80 min (aproximadamente)
https://www.youtube.com/watch?v=b6XKRA2DFQI
Crítica | Obi-Wan Kenobi tem um começo perdido e esteticamente decepcionante
Ao contrário de muitos fãs mais veteranos da saga Star Wars, eu não preciso de "redenção" pela controversa trilogia prelúdio. Lançada entre 1999 e 2005, os três filmes dirigidos por George Lucas contaram a origem de Darth Vader e causaram uma recepção bem mista entre os admiradores da imortal saga de fantasia/ficção científica. Mas como assisti a esses filmes quando criança, em um golpe de mestre de seu criador, eu sempre fui um grande fã dessa trilogia - e o Obi-Wan Kenobi de Ewan McGregor definitivamente sempre foi um de meus personagens preferidos de toda a saga.
Por anos, houve o rumor do retorno de McGregor em um filme solo do personagem, ambientado entre A Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança. O projeto então, em decorrência do sucesso das séries desenvolvidas pelo Disney+, evoluiu para uma minissérie de 6 episódios no streaming da empresa. Ao observar os dois primeiros episódios da minissérie Obi-Wan Kenobi, é justo dizer que definitivamente um longa-metragem teria sido uma escolha melhor.
A trama serve justamente a premissa que todos os fãs imaginaram por anos: acompanhamos um Obi-Wan (McGregor) mais depressivo e melancólico se escondendo em Tatooine, ao mesmo tempo em que observa e protege à distância um jovem Luke Skywalker (Grant Feely). Enquanto ele é caçado por Inquisidores do Império, que vasculham a galáxia atrás de refugiados Jedi, ele novamente é chamado à ação quando o senador Bail Organa (Jimmy Smits) requisita sua ajuda quando a jovem princesa Leia (Vivien Lyra Blair) é sequestrada por caçadores de recompensa.
Busca Implacável
Às vezes, o simples é muito melhor. Quando a série começou a apostar em diversas cenas da jovem Princesa Leia em Alderaan, e então a transformou em “macguffin" principal para motivar o retorno de Kenobi, não pude deixar de sentir um estranhamento. Por que raios tudo precisa estar conectado? É como se a LucasFilm, que apostou em um bonecão CGI tenebroso de Luke Skywalker no final da segunda temporada de The Mandalorian, fosse desesperada para incluir o maior número de referências e conexões ao grande universo de Star Wars. Talvez uma narrativa isolada e concentrada apenas em Obi-Wan Kenobi refletindo sobre a vida em Tatooine fosse mais interessante, mas a proposta da série parece radicalmente diferente - e em um nível completamente pessoal, me soa como uma forçada de barra.
Afinal, é como se Obi-Wan Kenobi, a série, estivesse em conflito consigo mesma. Se ao mesmo tempo aposta em um Kenobi relutante e que recusa a chamada de aventura durante boa parte do primeiro episódio (a fim de preservar sua própria segurança), está constantemente chamando atenção para si mesmo ao apontar seu sabre de luz pendurado na cintura - isso sem falar em sua insistência em treinar o jovem Luke Skywalker, mesmo já estando afastado da Força e praticamente a renegando; quase como o Luke depressivo de Os Últimos Jedi.
A Força não é poderosa na Direção
Mas uma das maiores decepções vem com Deborah Chow. Tendo dirigido dois excelentes episódios de The Mandalorian, a talentosa diretora que sabia enquadrar e desenvolver cenas de ação estimulantes parece não estar em Obi-Wan Kenobi, cuja temporada inteira terá sua assinatura na direção. Em três momentos no primeiro episódio, Chow aposta em uma câmera tremida nitidamente criada por movimentos na pós-produção, criando uma estética artificial e que sinceramente chega a distrair. Isso se estende até as fraquíssimas cenas de ação, seja aquelas envolvendo os ridículos Inquisidores (que me fizeram lembrar de um episódio de Star Trek sem orçamento) ou as sequências em que Obi-Wan tem que improvisar uns golpes de karatê para sair na mão (!) com criminosos. É tudo estranhamente descaracterizado de seu próprio universo, além de visualmente pobre e pouco caprichado.
Só mesmo Ewan McGregor consegue salvar o show. A presença do ator, agora explorando um retrato bem mais dramático e complexo de Kenobi, torna qualquer cena mais interessante - e simplesmente vê-lo em seu tedioso e repetitivo dia a dia no deserto de Tatooine, é bem mais fascinante do que as tentativas atrapalhadas de se criar uma narrativa de ação.
Também ofereço um destaque para Moses Ingram, no papel da Inquisidora Reva, uma das poucas personagens inteiramente originais da série. Ao contrário de seus companheiros Rupert Friend e Sung Kang, prejudicados por um péssimo e vergonhoso trabalho de maquiagem, Ingram é capaz de construir uma antagonista humanizada e com boa presença de cena. Tudo com a Reva de Ingram, com exceção do capenga parkour da Força, também rende bons momentos.
Como grande fã do personagem revitalizado por Ewan McGregor, o primeiro bloco de episódios de Obi-Wan Kenobi foi uma grande decepção. É uma narrativa desnecessariamente grande, que cria inconsistências e acaba por descaracterizar o personagem - e sem uma direção estilosa ou inspirada para fazê-lo.
Será que há esperança de melhorar, Obi-Wan Kenobi?
Obi-Wan Kenobi - Partes I e II (EUA, 2022)
Direção: Deborah Chow
Roteiro: Joby Harold, Hossein Amini, Stuart Beattie, Hannah Friedman e Andrew Stanton
Elenco: Ewan McGregor, Hayden Christensen, Joel Edgerton, Benny Safdie, Moses Ingram, Rupert Friend, Sung Kang, Kumail Nanjiani, Bonnie Piesse, Jimmy Smits, Simone Kessell, Vivien Lyra Blair
Gênero: Aventura
Streaming: Disney+
Episódios: 6
Duração: 50-40 min
https://www.youtube.com/watch?v=ll-chkL9TKs
Crítica | Top Gun: Maverick é uma das melhores continuações da História do Cinema
Eu nunca fui um grande admirador de Top Gun: Ases Indomáveis. Sendo bem sincero, nem havia assistido ao filme de 1986 comandado pelo falecido Tony Scott até alguns atrás, mas eu certamente era um dos poucos: o longa estrelado por Tom Cruise foi o mais bem sucedido de seu ano de lançamento, e estabeleceu-se como um cult clássico da década de 1980 e gerou especulação sobre uma sequência por muitos anos. Após diferentes desenvolvimentos, a triste morte de Scott na década passada e a pandemia da COVID-19 sacudindo a indústria cinematográfica, finalmente Top Gun: Maverick pode voar pelas salas do mundo todo.
E o resultado? Melhor do que qualquer um poderia imaginar.
A trama volta a acompanhar o capitão Pete “Maverick” Mitchell (Cruise), que recusa-se a encarar a aposentadoria ou cargos burocráticos, permanecendo em uma linha tênue como piloto de teste de caças e aeronaves do governo americano. Após desobedecer uma ordem e causar um acidente, Maverick é rebaixado e forçado a se tornar instrutor em sua antiga academia de voo, batizada carinhosamente de Top Gun. Enquanto Maverick prepara os jovens cadetes para uma perigosa e arriscada missão, ele lida com o trauma da morte de seu amigo Goose (do filme anterior) e o reencontro com uma antiga paixão na forma da bartender Penny (Jennifer Connelly).
Desconstruindo Maverick
Temos em Top Gun: Maverick não apenas o raro exemplo de uma continuação eficiente, mas o caso simplesmente inexistente de uma sequência triunfar sobre o original em absolutamente todos os sentidos. Se o primeiro Top Gun era um pipoca escapista e sem pretensão alguma, Maverick se apresenta como um fascinante estudo de personagem e uma análise honesta sobre o luto e o ressentimento, ao mesmo tempo em que traça uma ótima narrativa sobre um homem cada vez mais velho (“O tempo é o maior inimigo”, diz o próprio Maverick) lutando para sobreviver em um mundo que constantemente afirma o quanto ele não é mais necessário.
É um milagre o que o roteiro assinado por Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie é capaz de atingir. O drama é real e muito bem construído, e eu até me peguei ficando comovido e emocionado por personagens que eu nem ligava no primeiro filme; seja pela jornada interna de Maverick se “reconciliar" com Goose ou pela participação breve, mas excepcional, de um delicado Val Kilmer reprisando seu icônico Iceman. Tornar como núcleo da história a tensão entre Maverick e o novato Rooster, o filho de seu falecido amigo vivido por Miles Teller, é uma decisão acertada e admirável - e que permitem que Tom Cruise flexibilize músculos de atuação dramática e melancólica que o astro não utilizava há anos, resultando em uma das mais comoventes performances de sua carreira.
À essa altura, pode até parecer que Top Gun: Maverick é um grande filme de drama, mas ele definitivamente não esquece de suas raízes oitentistas. O novo elenco de personagens que forma a classe que Maverick precisa treinar é cheio de energia e dinamismos diversos, oferecendo personagens que - mesmo com tempo de tela menor do que Maverick - são facilmente identificáveis e ajudam o espectador a torcer e se preocupar por eles durante as mais intensas sequências de treinamento. Além de um Miles Teller excelente, vale destacar os cadetes vividos por Monica Barbaro, Lewis Pullman e especialmente Glen Powell; que incorpora o típico valentão/narcisista do grupo, mas com reviravoltas sensacionais envolvendo seu “Hangman" no ato final.
Fechando os arcos humanos de Maverick, temos a narrativa que nitidamente é a mais deslocada: o romance envolvendo a bartender Penny. É o único aspecto que não parece se encaixar com os demais, especialmente por ser o remanescente do espírito jovem de Cruise - que até aposta no desnecessário clichê do namorado (agora um homem de quase 60 anos) tendo que escapar pela janela no meio da noite. O que salva esse arco é a química entre Cruise e a ótima Jennifer Connelly, que inclusive garante um arco amoroso vastamente superior àquele com Kelly McGillis no filme original.
Ares indomáveis
E, naturalmente, aquilo que todos esperam ver em um filme com a marca Top Gun: as sequências aéreas. Confiando o comando da missão a Joseph Kosinski (com quem Cruise trabalhou na ficção científica Oblivion), o longa é absolutamente deslumbrante e impressionante quando se dedica às sequências envolvendo voo de caças, jatos e literalmente qualquer aeronave bélica. Ainda mais do que no original, a abordagem de Kosinski é imersiva ao extremo, acoplando câmeras IMAX nas mais diferentes posições de um jato, o que resulta em imagens incríveis muito bem fotografadas pelo hábil Claudio Miranda. Desde que Christopher Nolan colocou câmeras em aviões da Segunda Guerra Mundial em Dunkirk, eu não experienciava algo tão emocionante e intenso em uma tela de cinema.
Vale apontar também que muito do sucesso de Top Gun: Maverick está na missão principal. McQuarrie, Kruger e Singer praticamente estendem toda a proposta do clímax de Star Wars: Uma Nova Esperança, exigindo que os pilotos atravessem um longo e estreito cânion (como uma trincheira) e atingiam um alvo pequeno para explodir uma base de material nuclear ilegal (Estrela da Morte) que é protegida por caças de quinta geração (Darth Vader!). É absolutamente simples, direto e capaz de destrinchar toda a tensão e excitação necessária, resultando em um espetáculo que é daqueles que simplesmente justifica a existência de uma tela de cinema.
Em um nível de progressão e aprimoramento do original para o segundo capítulo, não é exagero algum dizer que Top Gun: Maverick é uma das melhores continuações da História do Cinema. É melhor, mais maduro e ainda mais empolgante do que o primeiro filme em todos os sentidos, e comprova que Tom Cruise ainda tem muitos truques em suas mangas para manter os cinemas vivos. Um dos grandes filmes de 2022.
https://www.youtube.com/watch?v=4Oyg1M8xHPo
Top Gun: Maverick (EUA, 2022)
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Val Kilmer, Miles Teller, Glen Powell, Monica Barbaro, Lewis Pullman, Jon Hamm, Ed Harris, Jay Ellis, Greg Tarzan Davis, Manny Jacinto, Bashir Salahuddin
Gênero: Aventura
Duração: 131 min
https://www.youtube.com/watch?v=9Jgua93Xhcw
Crítica | Chamas da Vingança (2022) não aproveita mistura fraca de Carrie: A Estranha com E.T.
É de se admirar a capacidade de Stephen King em utilizar premissas que seriam bem localizadas em filmes de super-heróis, com a descoberta de poderes extraordinários, para o terror. Seja com a telecinese no seminal Carrie - A Estranha que Brian De Palma levou às telas em 1976, a leitura de mentes no excepcional O Iluminado que Stanley Kubrick moldou à sua própria estética ou, mais recentemente, o ótimo Doutor Sono, onde Mike Flanagan basicamente fez um filme sombrio e pesado dos X-Men. Dentre todas as obras presentes nesse universo “heroico" de King, confesso que nunca havia ouvido falar de Chamas da Vingança, que ganha uma nova versão com a Blumhouse.
Já tendo sido adaptado para os cinemas em 1984, famoso por ser um dos papéis protagonistas da jovem Drew Barrymore, o novo filme de Keith Thomas continua surfando na onda de King que se tornou absurdamente forte após o sucesso da adaptação em duas partes de It: A Coisa lançada pela Warner Bros há alguns anos atrás. Infelizmente, o longa produzido por Jason Blum falha em explorar o potencial gigantesco na premissa de King.
A trama nos apresenta à jovem Charlie McGee (Ryan Kiera Armstrong), filha de dois pais fugitivos (Zac Efron e Sydney Lemmon) de um experimento soturno do governo na década de 90. Assim como seus pais, ela possui poderes paranormais, em seu caso, a habilidade incontrolável de produzir e lançar chamas incendiárias com sua mente. Quando seus poderes são liberados acidentalmente na escola, Charlie fica na mira de uma agência misteriosa do governo, forçando-a a fugir pela estrada com sua família enquanto é perseguida por um feroz caçador de recompensas (Michael Greyeyes).
Potencial morno
Basicamente, esse conto de Stephen King é uma mistura incomum do seu próprio Carrie, mas com uma pitada de E.T. - O Extraterrestre de Steven Spielberg. É uma combinação interessante, mas que o roteiro de Michael Teems (que ajudou Jason Blum em Halloween Kills) não extrai o suficiente para tornar a experiência agradável. É uma fórmula simples e de execução básica, mas que encontra diversos solavancos de história ao tentar comportar elementos de road movie, bullying na escola e uma série de outros fatores envolvendo o passado dos pais de Charlie e também da agência governamental.
Não que a fórmula seja totalmente quebrada, já que um bom casting seguraria as pontas da maioria das convenções narrativas. Infelizmente, apesar de nitidamente se esforçar para criar uma nova imagem, Zac Efron não convence como o pai de Charlie. Sua postura jovial acaba passando mais a imagem de um irmão mais velho descolado do que realmente o chefe de uma família, o que é bem danoso considerando que Chamas da Vingança aposta em boa parte da narrativa para cenas em que os dois estão sozinhos conversando, dirigindo e enfrentando terríveis lições de moral envolvendo gatos mortos e esposas catatônicas no meio da estrada.
Ao menos, a jovem estreante Ryan Kiera Armstrong consegue trazer alguma presença para sua Charlie. Seja no drama mais pé no chão no primeiro ato, até a virada mais fantasiosa e divertida do ato final, Armstrong faz o máximo para segurar o trabalho, mesmo quando o efeito de cabelo soprando ou o CGI falho das chamas em seu rosto não convencem.
Algumas boas faíscas
Por falar em fogo, chega a ser decepcionante que a direção de Keith Thomas faça tão pouco para explorar o potencial visual dessa premissa. Durante quase toda a projeção, a paleta de cores é sem graça e esquecível, falhando em comover nas cenas de suspense ou mesmo no drama fraternal. O único ponto de interesse vem mesmo no ato final, quando ao lado do diretor de fotografia Karin Hussain, Thomas aproveita o contraste belíssimo das chamas amarelas de Charlie com a paleta predominantemente azulada do laboratório do governo - o que rende uma ou outra boa solução plástica, especialmente quando a mistura gera uma coloração rosada.
Mas admito que boa parte do aproveitamento deste novo Chamas da Vingança vem de um fator inesperado: a trilha sonora assinada pelo gigante John Carpenter, que mantém a parceria com seu filho Cody e Daniel Davies, que ajudou a revitalizar a franquia Halloween - também produzida pela Blumhouse. É um trabalho extremamente derivativo daquele visto nos filmes de Michael Myers, se apoiando incessantemente em sintetizadores e pianos eletrônicos (hoje popularizados com a série Stranger Things, da Netflix). É um efeito nada original, mas que empolga e oferece ritmo a uma obra que carece desses dois fatores.
Chamas da Vingança pode se juntar ao grupo expressivo de adaptações de Stephen King que falharam em aproveitar sua premissa. Nem a direção sem graça, tampouco o elenco pouco inspirado conseguem trazer alguma faísca expressiva aqui. Nada quente.
https://www.youtube.com/watch?v=WIVFo68pPhk
Chamas da Vingança (Firestarter, EUA - 2022)
Direção: Keith Thomas
Roteiro: Michael Teems, baseado na obra de Stephen King
Elenco: Zac Efron, Ryan Kiera Armstrong, Sydney Lemmon, Kurtwood Smith, Michael Greyeyes, Gloria Reuben, John Beasley
Gênero: Suspense, Aventura
Duração: 94 min
Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones | 20 anos de aniversário
Em 16 de maio de 2002, em cinemas de toda a galáxia, chegava o aguardado Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones, segundo filme da trilogia prelúdio comandada por George Lucas para contar a origem de Darth Vader nas telas.
É um filme que gerou muito debate e controvérsia, mas que atualmente consegue encontrar um lugar ao sol, especialmente por sua importância na História da cinematografia digital e o estabelecimento das Guerras Clônicas no universo Star Wars.
Aproveitando o hype, assistam ao vídeo do canal Lucas Filmes sobre os 20 anos de Ataque dos Clones:
https://www.youtube.com/watch?v=WNc0MGAdYOw&lc=UgxKMZ2hVT3hDWLkVDp4AaABAg
Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones está disponível no catálogo do Disney+.
O que o final de Multiverso da Loucura já promete para o futuro da Marvel?
Spoilers de Multiverso da Loucura abaixo.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura já estreou nos cinemas brasileiros e, felizmente, se trata de um grande retorno de Sam Raimi à direção cinematográfica após anos longe da cadeira de cineasta.
Mesmo se tratando mais como um filme para resolver todo o longo arco dramático de Wanda Maximoff estabelecido desde o final de Guerra Infinita, Multiverso da Loucura já estabelece o novo grande plano de Kevin Feige para mais uma década de filmes da Marvel.
Se Vingadores trazia a revelação de Thanos como o grande vilão da Saga do Infinito, estamos testemunhando o mesmíssimo evento que vai culminar na Saga das Guerras Secretas.
Mas vamos por partes. O que raios significa a cena pós-créditos do filme? Pouco antes dela começar, o longa termina com Strange andando na rua e tendo seu “terceiro olho” revelado enquanto fica em choque, em pleno momento de horror.
O terceiro olho é um “presente” do Darkhold, o livro maligno de feitiçaria que Wanda usa no filme inteiro e Strange também, no clímax.
A cena pós-créditos de Multiverso da Loucura
A única cena que realmente importa para a narrativa seguinte do MCU é a primeira. Nela, vemos o Strange habitual do universo 616, o principal do MCU do qual vimos todos os eventos acontecendo até agora, a variante que é a protagonista do filme.
Presume-se que passou um tempo significativo entre o final do filme para os eventos da cena pós-créditos. Com ela, Strange está normal, vivendo a sua vida tranquilamente enquanto passeia por Nova Iorque usando a sua capa como cachecol - primeira vez que isso é visto na franquia.
Então ele logo é abordado por Clea (Charlize Theron) que, em primeiro momento, parece ser uma ameaça. Mas ela logo avisa que as ações de Strange no conflito com Wanda acabou criando uma Incursão - o choque de dois universos que se eliminam mutuamente.
Ela rasga a realidade com uma adaga e mostra um portal para a Dimensão Negra, residência de Dormammu, o inimigo de Strange no filme original de 2016. Determinado e dizendo não estar com medo, Strange abre o terceiro olho e demonstra que tem tudo sob controle, partindo com Cléa para prevenir essa Incursão das Terras 616 com a 868 (a que ele visita por um longo tempo com America Chavez).
Quem é Clea?
Agora que Clea foi introduzida no MCU, temos mais um arco significativo à frente de Strange para o futuro. A personagem criada em 1964 é uma feiticeira e parte poderosa da Dimensão Negra por ser sobrinha de Dormammu.
Com o tempo, Clea se torna discípula, interesse amoroso, então esposa e, recentemente, a sucessora do Mago Supremo nos quadrinhos - Strange está oficialmente “morto” desde 2021. Então é bem possível que nas próximas aventuras, os personagens se aproximem e se apaixonem, completando o arco iniciado em Multiverso da Loucura com Strange se indagando “onde está a felicidade”.
Obviamente, é bem provável que a felicidade dure pouco e ele acabe morrendo também, assim como nas HQs.
O futuro do MCU após Multiverso da Loucura
No tapete vermelho da premiére do filme, o produtor chefe da Marvel Studios, Kevin Feige, afirmou que o filme ocorre logo após o final de Loki. Assim, sem o One Above All e a TVA sob controle para corrigir todos os desvios naturais entre o multiverso, as Incursões vão ocorrer à rodo, mas a que realmente interessa ao MCU é a que o filme aborda.
Como Wanda mata os Illuminati e muda significativamente toda a esfera de equilíbrio da Terra 868 e Strange usa o cadáver do Strange Defensor para deter a Feiticeira Escarlate estando em um outro universo que já é consumido por uma Incursão própria, a Terra 616 também entra em processo de ser destruída.
O choque entre esses universos é a premissa para criar o arco das Guerras Secretas. Criada em 2015 por Jonathan Hickman, o evento megalomaníaco da Marvel surge para unificar os universos Ultimate com o Clássico em uma guerra enorme entre heróis e vilões lutando contra suas variantes para tentar salvar seus mundos - o que culmina no chamado Battleworld.
Sabendo da aquisição da Fox, é nada menos que genial Feige aproveitar para resolver questões importantes sobre o universo dos Mutantes e do Quarteto Fantástico dentro do MCU ao mesmo tempo que aproveita para adaptar o maior evento dos quadrinhos da Marvel até hoje.
Logo, o que vem por aí? Durante o desvio narrativo no qual Strange e America conhecem a Terra 868, diversas questões são lançadas, mas é possível presumir alguns detalhes pela presença chave de Charles Xavier. Ele não se trata do mesmo personagem visto no filme de 2000, mas sim do Xavier das animações de 1992.
Assim, apesar do sumiço do personagem viajar pelo espaço no final da série clássica, podemos presumir que o universo animado de 1992 é onde a narrativa da Terra 868 se situa. Como a Marvel já confirmou a continuação da animação em uma nova temporada, veremos como Feige fará para explicar essa história e definir diversos personagens - incluindo todos os X-Men e seus parceiros, até mesmo o Homem-Aranha desse universo.
É bem possível que a Wanda desse universo, possuída pela Feiticeira Escarlate, seja realmente filha do Magneto, assim como nas HQs. Igualmente possível, pela presença do Raio Negro como integrante dos Illuminati, que a Marvel faça um retcon e jogue o universo da fracassada série como parte do universo 868.
Nas aventuras que vão definir o futuro do MCU, é importante se atentar a somente três das anunciadas até agora: a 2ª temporada de Loki, a continuação da série animada dos X-Men e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Após essas três obras, o caminho para Guerras Secretas fica mais claro, enquanto Kang é estabelecido como uma ameaça mais iminente do que a Incursão - afinal Clea e Strange devem atrasar essa colisão o máximo possível.
E os outros filmes e séries?
Pelo tom que estamos vendo ao longo das estreias dos seriados e, agora, possivelmente dos filmes, é perfeitamente plausível que se trata do começo de um adeus. Em Thor: Amor e Trovão, não será surpresa se vermos Chris Hemsworth se aposentando do personagem definitivamente ou por bons anos até o próximo filme dos Vingadores, estabelecendo a nova geração de personagens que acompanharão o público por mais uma década.
O mesmo deve acontecer com Guardiões da Galáxia Vol. 3 que trará o desfecho da formação original da equipe intergaláctica de James Gunn. Já com She-Hulk, é esperado o adeus de Mark Ruffalo como Hulk. Pouco a pouco, os atores mais caros do MCU começam a se despedir da plateia e eles merecem obras próprias, mais contidas para isso acontecer.
Já em Multiverso da Loucura vemos o final trágico da Wanda que conhecemos em 2014 com A Era de Ultron. Pantera Negra: Wakanda Para Sempre também deve seguir o mesmo caminho, mas possivelmente traçando maior aprofundamento sobre os “Illuminati” da Terra 616.
Com The Marvels, se eu fosse apostar, o longa traria conexões iminentes com Invasão Secreta, minissérie ainda sem data de estreia para a Disney+ que trará um evento filler enquanto a Incursão não ocorre.
Dentro disso, há também outras problemáticas: resolver o universo dos X-Men de 2000 no qual Deadpool se encontra. Então, Deadpool 3 deve resolver essa questão, jogando os personagens já estabelecidos para a Terra 616, principal da Marvel, afinal podemos presumir que os X-Men do desenho de 92 vivam dentro do universo 868.
Por fim, há toda a questão do Quarteto Fantástico, afinal Reed Richards aparece em Multiverso da Loucura e acaba morto pela Feiticeira Escarlate. Agora, sem essa contraparte, o Quarteto Fantástico 868 está incompleto - inclusive é assumido que Sue Storm e os filhos Franklin e Valeria existem nesse universo.
Então agora é preciso que a Marvel indique qual será a abordagem para realizar um Quarteto Fantástico também dentro do mundo 616 enquanto estabelece suas contrapartes do mundo paralelo. Além disso, veremos onde que esse universo do Homem-Aranha da Sony vai acabar dentro dessa história.
Há muito trabalho a ser feito e muitas boas histórias a serem contadas, pois sem a presença do Quarteto, é muito difícil fazer as Guerras Secretas acontecerem, principalmente pela presença de um dos maiores vilões do panteão da Marvel: o Dr. Destino.
Agora é preciso ter muita paciência. Não há mais dúvidas que Kevin Feige sabe muito bem o que está fazendo e que já tem boa parte do caminho planejado. Nessa guerra de multiversos, quem sairá vencedor são mesmo os fãs.