Crítica | Cavaleiro da Lua transforma mais um herói mitológico em comédia pastelão

Desde que a Marvel Studios anunciou um pacote de novas séries originais para o Disney+, confesso que não fiquei muito empolgado com o primeiro catálogo. A intenção inicial da gigante produtora de Kevin Feige era preencher pontes entre personagens já estabelecidos do MCU, especialmente para continuar fios de história deixados abertos em Vingadores: Ultimato, com WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal, Loki e Gavião Arqueiro oferecendo mais do mesmo em termos de personagens.

Eram mesmo os novos personagens que me interessavam. Dessa forma, Ms. Marvel, She-Hulk e Cavaleiro da Lua preencheriam essa extensão do Universo Marvel no streaming, e era justamente o herói perturbado de Oscar Isaac que mais me chamava atenção, tanto pela mitologia interessantíssima do personagem nos quadrinhos quanto pela possibilidade de explorar algo genuinamente inovador e original na caixa de areia da Marvel Studios. E após assistir aos dois primeiros episódios da série apadrinhada por Jeremy Slater, estou completamente arrasado e decepcionado.

A trama dos dois primeiros episódios gira em torno de Steven Grant (Oscar Isaac), um funcionário de museu que tem problemas de sono e começa a sentir efeitos estranhos em seu cotidiano. Após uma série de apagões e dias perdidos, ele descobre que possui uma outra identidade habitando seu corpo: a do mercenário Marc Spector, que por sua vez atua como vassalo de uma poderosa entidade egípcia conhecida como Khonshu o Deus Lunar. Enquanto tenta lutar pelo controle de seu próprio corpo e mente, Steven também assume a identidade mística do Cavaleiro da Lua, que está travado em um combate com o misterioso cultista Arthur Harrow (Ethan Hawke), apoiador de uma entidade rival de Khonshu.

A Ragnarokização continua

Mais uma vez, o pior da fórmula Marvel se repete. Mesmo não sendo um grande conhecedor da história do Cavaleiro da Lua nos quadrinhos, vi a mesma sina que assombrou Thor em praticamente todos os seus filmes no cinema (mas especialmente no pavoroso Ragnarok), onde o protagonista é transformado em um comediante, preso em uma série de situações atrapalhadas e movidas por piadinhas sem graça e viciadas em referências pop. É genuinamente decepcionante atestar que a Marvel Studios precisa desesperadamente apelar para o humor pastelão  idiota para conseguir o interesse do público (que estava bem animado na sessão de imprensa na qual compareci), ao invés de confiar no risco de algo mais ousado - já que elementos de terror estão na série, mas com medo de serem levados ao extremo.

Quando vi o abobalhado protagonista de Oscar Isaac ouvir a palavra “Avatar" e imediatamente começar a falar sobre o filme de James Cameron (e depois o anime da Nickelodeon) em um importante diálogo expositivo, eu já sabia o que viria pela frente; e já não me importava mais, sinceramente. Ainda mais porque Cavaleiro da Lua parece bem confortável em replicar boa parte da fórmula de Venom, com o protagonista conversando consigo mesmo no reflexo e ouvindo uma voz gravíssima de uma entidade em sua cabeça (no caso, o imponente F. Murray Abraham como Khonshu). Mas com todo respeito a Oscar Isaac, ele não consegue se entregar ao ridículo como Tom Hardy. Ainda que seja louvável e interessante vê-lo com um sotaque britânico para diferenciá-lo de sua outra identidade, a escolha soa artificial e satírica o tempo todo, e nunca fui capaz de acreditar em Steven Grant como um personagem real - o texto já era frágil, e a entrega problemática de Isaac só piora o resultado.

Toda essa veia cômica afeta também o lado “épico" da série. Sem nunca levar nada a sério, o risco e o terror que a produção almeja são inexistentes. Qualquer sequência que envolve um Oscar Isaac apavorado fugindo dos chacais de CGI questionável e genérico remetem mais a Uma Noite no Museu do que o pseudo-Bebê de Rosemary que os diretores tanto tentam emular - especialmente pelas tomadas de corredores apertados e aparições repentinas de… Mais figuras de CGI questionável. Não há a menor textura em uma realização tão artificial, que grita amadorismo durante uma terrível sequência de perseguição de carro; onde a experiência da tela de cinema só expôs a precariedade dos efeitos visuais que criam carros e árvores borrachudas despencando de penhascos digitais.

Chapolin na Lua

Também entendo a honrável intenção de Kevin Feige e da Disney em contratar cineastas egípcios para comandar um super-herói tão atrelado a essa cultura; mas isso não é justificativa o suficiente, já que o trabalho em tela é péssimo. O novato Mohamed Diab dita o tom do primeiro episódio, e decepciona tanto nas cenas de ação quanto no estabelecimento de atmosfera, já que suspense e humor se perdem de forma desastrosa - algo que a dupla Justin Benson e Aaron Moorhead carrega no igualmente desastroso segundo episódio, que também sofrem pela repetição estrutural: 40 minutos de dúvidas e confusão acerca da dualidade entre Steven e Marc seguidos por 10 minutos de porradaria CGI sem o qualquer capricho ou impacto visual.

Se há algo que eu posso elogiar nos aspectos técnicos da série, bem… Cavaleiro da Lua ao menos pinta cenas noturnas bem mais interessantes e melhores iluminadas do que outros filmes do MCU; com os diretores de fotografia sabiamente apostando em um contraste mais forte e a presença de luz amarelada de postes e elementos cênicos para composições mais inspiradas. É o básico de fotografia, mas considerando que é o MCU, é um passo enorme. 

E fechando elogios... Eu realmente achei que Ethan Hawke fez um bom trabalho com Arthur Harrow. O conceito do personagem, claramente inspirado em cultos religiosos, é raso e caricato como o restante da série, mas o ator é eficiente ao transmitir uma aura de ameaça bem sutil. Há diversos momentos em que Harrow definitivamente explodiria de raiva, mas Hawke simplesmente mantém a voz controlada, sempre calmo e sussurrando; o que ironicamente o tornam ainda mais sinistro.

Eu realmente fiquei bem chateado com o resultado final de Cavaleiro da Lua. Ver uma premissa tão saborosa e um super-herói com potencial para render grandes histórias ser resumido a mais uma comédia pastelão parece estar se tornando padrão na Marvel Studios. Sei que são apenas 2 episódios de uma temporada de 6, mas confesso que não devo retornar para ver o desfecho da história.

Cavaleiro da Lua - Episódios 1 e 2 (Moon Knight, EUA - 2022)

Showrunner: Jeremy Slater
Direção: Mohamed Diab, Justin Benson, Aaron Moorhead
Roteiro: Jeremy Slater
Elenco: Oscar Isaac, Ethan Hawke, F. Murray Abraham, May Calamawy, Lucy Thackeray
Gênero: Comédia, Aventura
Duração: 50 min
Streaming: Disney+

https://www.youtube.com/watch?v=rz2WBg5g7Ek


No Ritmo do Coração é o vencedor do Oscar 2022; confira todos os premiados

Na noite deste domingo (27) a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou os vencedores do Oscar 2022.

Confira a lista completa abaixo:

Melhor Filme

Amor, Sublime Amor

Ataque dos Cães

O Beco do Pesadelo

Belfast

Drive My Car

Duna

King Richard: Criando Campeãs

Licorice Pizza

Não Olhe para Cima

No Ritmo do Coração (VENCEDOR)

Melhor Direção

Kenneth Branagh - Belfast

Jane Campion - Ataque dos Cães

Ryusuke Hamaguchi - Drive My Car

Steven Spielberg - Amor, Sublime Amor

Paul Thomas Anderson - Licorice Pizza

Melhor Ator

Javier Bardem - Apresentando os Ricardos

Benedict Cumberbatch - Ataque dos Cães

Andrew Garfield - tick, tick... BOOM!

Will Smith - King Richard: Criando Campeãs

Denzel Washington - A Tragédia de MacBeth

Melhor Atriz

Jessica Chastain - Os Olhos de Tammy Faye

Olivia Colman - A Filha Perdida

Penélope Cruz - Mães Paralelas

Nicole Kidman - Apresentando os Ricardos

Kristen Stewart - Spencer

Melhor Ator Coadjuvante

Ciaran Hinds - Belfast

Troy Kotsur - No Ritmo do Coração (VENCEDOR)

Jesse Plemmons - Ataque dos Cães

J.K. Simmons - Apresentando os Ricardos

Kodi-Smit McPhee - Ataque dos Cães

Melhor Atriz Coadjuvante

Jessie Buckley - A Filha Perdida

Ariana DeBose - Amor, Sublime Amor (VENCEDOR)

Judi Dench - Belfast

Kirsten Dunst - Ataque dos Cães

Aunjanue Ellis - King Richard: Criando Campeãs

Melhor Roteiro Original

Belfast (VENCEDOR)

King Richard: Criando Campeãs

Licorice Pizza

Não Olhe para Cima

A Pior Pessoa do mundo

Melhor Roteiro Adaptado

Ataque dos Corações

Drive My Car

Duna

A Filha Perdida

No Ritmo do Coração (VENCEDOR)

Melhor Filme Internacional

Drive My Car (VENCEDOR)

A Felicidade das Pequenas Coisas

Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar

A Mão de Deus

A Pior Pessoa do Mundo

Melhor Animação

Encanto (VENCEDOR)

A Família Mitchell contra a Revolta das Máquinas

Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar

Luca

Raya e o Último Dragão

Melhor Documentário

Ascensão

Attica

Escrevendo com Fogo

Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar

Summer of Soul (Ou Quando a Revolução Não Pôde ser Televisionada) (VENCEDOR)

Melhor Design de Produção

Amor, Sublime Amor

Ataque dos Cães

O Beco do Pesadelo

Duna (VENCEDOR)

A Tragédia de MacBeth

Melhor Fotografia

Amor, Sublime Amor

Ataque dos Cães

O Beco do Pesadelo

Duna (VENCEDOR)

A Tragédia de MacBeth

Melhor Montagem

Ataque dos Cães

Duna (VENCEDOR)

King Richard: Criando Campeãs

Não Olhe para Cima

tick, tick... BOOM!

Melhor Figurino

Amor, Sublime Amor

Ataque dos Cães

Cruella (VENCEDOR)

Cyrano

Duna

Melhor Maquiagem e Cabelo

Casa Gucci

Cruella

Duna

Os Olhos de Tammy Faye (VENCEDOR)

Um Príncipe em Nova York 2

Melhores Efeitos Visuais

007 - Sem Tempo para Morrer

Duna (VENCEDOR)

Free Guy: Assumindo o Controle

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Melhor Som

007 - Sem Tempo para Morrer

Amor, Sublime Amor

Ataque dos Cães

Belfast

Duna (VENCEDOR)

Melhor Trilha Sonora

Ataque dos Cães

Encanto

Duna

Mães Paralelas 

Não Olhe para Cima

Melhor Canção Original

"Be Alive" - King Richard: Criando Campeãs

"Dos Oruguitas" - Encanto

"Down to Joy" - Belfast

"No Time to Die" - 007 - Sem Tempo para Morrer

"Somehow You Do" - Quatro Dias com Ela

Melhor Curta-Metragem

Ala Kachuu - Take and Run

The Dress

The Long Goodbye (VENCEDOR)

On My Mind

Please Hold

Melhor Curta Metragem de Animação

Affairs of the Art

Bestia

Box Ballet

O Sabiá Sabiazinho

The Windshield Wiper (VENCEDOR)

Melhor Documentário em Curta-Metragem

Audible

Lead Me Home

The Queen of Basketball (VENCEDOR)

Three Songs for Benazir

When We Were Bullies


Quem vai ganhar e quem deveria ganhar o Oscar 2022

É chegada a hora de mais uma noite do Oscar 2022.

A 94ª edição dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já é polêmica antes mesmo da entrega das estatuetas, já que categorias serão cortadas da transmissão e o tempo da cerimônia deve favorecer mais “números de comédia”.

Dito isso, hora de fazer as apostas finais para cada uma das categorias da premiação, destrinchando favoritos, possíveis surpresas e quem de fato merece ser louvado.

Confira.

Melhor Filme

Por muito tempo, parecia que Ataque dos Cães seria o vencedor invencível da corrida principal; marcando a primeira vitória da Netflix no Oscar de Melhor Filme. Porém, eis que a Apple TV+ alavanca a campanha de No Ritmo do Coração, um hit indie que fez sucesso em Sundance e logo foi colecionando vitórias cruciais em premiações precursoras; como o SAG de Melhor Elenco e o PGA de Melhor Filme. Ainda não é uma certeza, mas hoje a sorte virou para o adorável CODA, que deve triunfar sobre Ataque dos Cães.

Quem vai ganhar: No Ritmo do Coração

Quem pode ganhar: Ataque dos Cães

Quem Deveria Ganhar: No Ritmo do Coração

Melhor Direção

Desde que Jane Campion estreou Ataque dos Cães em Veneza, sua vitória na categoria de Direção era praticamente certa. A cineasta neozelandesa garantiu vitórias no DGA, no BAFTA, Critic’s Choice e praticamente tudo o que se refere a direção cinematográfica. É a segunda indicação de Campion na categoria (após O Piano), e ela deve se tornar a terceira mulher a vencer como Diretora.

Quem vai ganhar: Jane Campion

Quem pode ganhar: Ninguém além dela

Quem deveria ganhar: Steven Spielberg

Melhor Ator

É o ano de Will Smith, simples assim. O astro já vem tentando garantir uma estatueta dourada desde os anos 2000, tendo sido indicado por Ali e À Procura da Felicidade, e aproveitou diversos dramas de qualidade duvidosa para tentar novamente. Eis que King Richard: Criando Campeãs se conectou com a Academia e o tornou o favorito, tendo sacolado o SAG, BAFTA, Critic’s Choice e outros prêmios que o colocam à frente de Benedict Cumberbatch - o único capaz de estragar a festa. Mas é praticamente certo que Will Smith se tornará um vencedor do Oscar.

Quem vai ganhar: Will Smith

Quem pode ganhar: Benedict Cumberbatch - Ataque dos Cães

Quem deveria ganhar: Andrew Garfield - tick, tick... BOOM!

Melhor Atriz

Uma das corridas mais inusitadas e imprevisíveis da temporada. Primeiro, parecia que Kristen Stewart seria a favorita por sua performance em Spencer, mas a indicação ao Oscar foi a única conquista de peso. Depois, as listas de indicadas no BAFTA, SAG e Oscar se diferenciaram, e o terreno se reduziu a um nome inesperado: Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye. Apesar de Nicole Kidman estar na retaguarda e Penelope Cruz ter força na ala internacional da Academia, Chastain venceu o SAG e o Critic’s Choice, fortalecendo sua posição.

Quem vai ganhar: Jessica Chastain

Quem pode ganhar: Penelope Cruz - Mães Paralelas

Quem deveria ganhar: Kristen Stewart, só porque Spencer é incrível.

Melhor Ator Coadjuvante

Refletindo a corrida entre Ataque dos Cães e No Ritmo do Coração na categoria principal, Kodi Smit-McPhee era o grande favorito pelo filme de Jane Campion. Porém, o carismático Troy Kotsur garantiu muitos elogios e vitórias no SAG, BAFTA e Critic’s Choice, e está no caminho para se tornar o primeiro ator surdo a vencer um Oscar. Tudo indica que Kotsur será o grande ganhador, e será uma conquista lindíssima.

Quem vai ganhar: Troy Kotsur

Quem pode ganhar: Kodi-Smit McPhee

Quem deveria ganhar: Troy Kotsur

Melhor Atriz Coadjuvante

Se há uma certeza dentre as categorias de atuação, é a do furacão chamado Ariana DeBose. Na pele da nova Anita do remake de Steven Spielberg para Amor, Sublime Amor, a atriz ganhou BAFTA, SAG e Critic’s Choice, se estabelecendo como grande favorita graças à sua performance fortíssima e movida por dança e cantoria. Assim como Rita Moreno há 60 anos, DeBose ganhará um Oscar por interpretar Anita no musical de Stephen Sondheim.

Quem vai ganhar: Ariana DeBose

Quem pode ganhar: Ninguém além dela

Quem deveria ganhar: Ariana DeBose

Melhor Roteiro Original

Hora de usar a lógica da Academia. Usando os prêmios precursores, há três possíveis vencedores: Belfast (Critic’s Choice, Globo de Ouro), Licorice Pizza (BAFTA) e… Não Olhe para Cima (WGA). Visto que Belfast não era elegível ao WGA, a aposta fica para o filme de Kenneth Branagh, que deve ser sua única vitória após uma caríssima campanha da Focus Features. Não descartem também a virada de Paul Thomas Anderson, que pode muito bem faturar o primeiro Oscar de sua carreira. Mas só não premiem Adam McKay de novo…

Quem vai ganhar: Belfast

Quem pode ganhar: Licorice Pizza

Quem deveria ganhar: A Pior Pessoa do Mundo

Melhor Roteiro Adaptado

Se No Ritmo do Coração realmente vai ganhar filme, precisará de uma vitória no campo do roteiro. E, felizmente para a campanha da Apple, o longa garantiu vitórias importantes no BAFTA e na premiação do WGA, estabelecendo-o como favorito. Há também a possibilidade de Ataque dos Cães ou até mesmo o elogiado A Filha Perdida, de Maggie Gyllenhaal, serem consagrados no lugar.

Quem vai ganhar: No Ritmo do Coração

Quem pode ganhar: A Filha Perdida

Quem deveria ganhar: No Ritmo do Coração

Melhor Animação

É uma categoria dominada pela Disney, representada por Luca, Encanto e Raya e o Último Dragão. Tudo indica que Encanto, que fez sucesso nas redes sociais e figura em mais categorias do que seus candidatos, deve levar a melhor aqui - apesar da presença prestigiosa de Flee ou da qualidade enorme de A Família Mitchell contra a Revolta das Máquinas, que não ganhou precursores importantes, mas fez sucesso com a crítica e a premiação do Annie.

Quem vai ganhar: Encanto

Quem pode ganhar: A Família Mitchell contra a Revolta das Máquinas

Quem deveria ganhar: A Família Mitchell contra a Revolta das Máquinas

Melhor Filme Internacional

Definitivamente não teremos surpresas aqui. O simples fato de o japonês Drive My Car estar indicado também para Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado o torna o favorito absoluto na categoria. Uma pena para o excelente A Pior Pessoa do Mundo, mas Drive My Car sairá vitorioso aqui.

Quem vai ganhar: Drive My Car

Quem pode ganhar: Ninguém além dele

Quem deveria ganhar: A Pior Pessoa do Mundo

Melhor Documentário

Dentre os muitos títulos que passaram pela temporada de prêmios deste ano, Summer of Soul (Ou quando a Revolução Não pôde ser Televisionada) é o mais forte. Apesar de Flee apresentar uma campanha forte aqui, o documentário musical ganhou muitos prêmios precursores, além de contar com uma campanha pesadíssima da própria ABC, que exibiu o longa gratuitamente em sua emissora - a mesma que transmite o Oscar, o que é um grande amuleto da sorte.

Quem vai ganhar: Summer of Soul

Quem pode ganhar: Flee

Quem deveria ganhar: Summer of Soul

Melhor Design de Produção

Duna definitivamente não vai ganhar o Oscar de Melhor Filme, mas é agora que sua limpa nas categorias técnicas na premiação. A primeira delas deve ser em Design de Produção, visto que o longa faturou o BAFTA e o prêmio do sindicato de Diretores de Arte. Sua única ameaça maior está em O Beco do Pesadelo, caprichada produção de Guillermo Del Toro, um nome que costuma ser pé quente quando o assunto é design.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: O Beco do Pesadelo

Quem deveria ganhar: A Tragédia de MacBeth

Melhor Fotografia

Uma categoria absolutamente espetacular, e cujos indicados refletem a mesmíssima lista da categoria anterior. Se o Oscar fosse entregue por mérito absoluto, seria uma vitória de A Tragédia de MacBeth, que traz um trabalho em preto e branco sobrenatural do grande Bruno Delbonnel. Porém, levando o BAFTA e o prêmio do ASC como referência, é bem provável que Greig Fraser vença seu primeiro Oscar por seu trabalho em Duna.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: A Tragédia de MacBeth

Quem deveria ganhar: A Tragédia de MacBeth

Melhor Figurino

Eu definitivamente não foi um grande admirador de Cruella, mas até mesmo os mais leigos em termos de moda precisam admitir: o trabalho de figurino é espetacular. Não só rende vestimentas excêntricas e absurdamente criativas da figurinista Jenny Beavan (vencedora na categoria por Mad Max: Estrada da Fúria), mas a própria arte da confecção de roupas é inerente à trama do filme, centrado na disputa entre dois ícones da moda. Se perder, é marmelada, mas fiquem de olho em Duna.

Quem vai ganhar: Cruella

Quem pode ganhar: Ataque dos Cães

Quem deveria ganhar: Se tem algo excepcional em Cruella, é o figurino

Melhor Montagem

Em mais uma corrida disputada e imprevisível, a categoria de montagem pode ser mais um prêmio para Duna. Isso porque Joe Walker é um veterano que, ano após ano, foi se consagrando como um dos melhores nomes do setor. Porém, King Richard: Criando Campeãs traz uma forte vitória no American Cinema Editors, além de se beneficiar do amor da Academia em premiar a montagem de filmes sobre esportes. Uma pena que tick, tick… BOOM! (o melhor trabalho entre os indicados) não tenha muitas chances aqui, mas a aposta fica com Duna novamente.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: King Richard: Criando Campeãs

Quem deveria ganhar: tick, tick... BOOM!

Melhor Maquiagem & Cabelo

Lá vamos nós. Se há uma categoria que a cada ano vem se tornado cada vez mais sem graça é a de Maquiagem & Cabelo, que constantemente vem preferindo a transformação caricata de astros em personalidades reais - ao invés de design de criaturas ou elementos realmente originais. Isso favorece bastante Os Olhos de Tammy Faye, especialmente para suportar a provável vitória de Jessica Chastain na categoria de Melhor Atriz - mas fica a torcida para que Duna ou até mesmo Cruella consigam surpreender.

Quem vai ganhar: Os Olhos de Tammye Faye

Quem pode ganhar: Duna

Quem deveria ganhar: Cruella

Melhores Efeitos Visuais

Se há um Oscar que Duna definitivamente vai levar, é este aqui. Indicados a Melhor Filme que também são lembrados em Efeitos Visuais costumam se beneficiar, e o trabalho de Denis Villeneuve para juntar as locações práticas com a imensa carga de CGI para criar mundos alienígenas, naves espaciais e vermes de areia gigantes certamente é um dos pontos altos da produção. Uma vitória fácil.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Quem deveria ganhar: Godzilla vs Kong. Não foi indicado? Nem O Esquadrão Suicida? Nem Finch? Opa, beleza. Pode ser Duna, então.

Melhor Som

A mesma lógica dos efeitos pode ser aplicada ao trabalho sonoro de Duna. Por ser o mais complexo e com mais elementos de fantasia e ação, a equipe de editores e mixadores da ficção científica de Denis Villeneuve deve ser lembrada. Porém, nunca descartem a força dos tiros e explosões que James Bond é capaz de provocar, já que Sem Tempo para Morrer se destaca como um dos competidores de peso.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: 007 - Sem Tempo para Morrer

Quem deveria ganhar: Duna

Melhor Trilha Sonora

Depois de ser esquecido no churrasco, esnobado e ter virado freguês de Alexandre Desplat, finalmente Hans Zimmer terá o segundo Oscar de sua carreira - após O Rei Leão, em 1995. A eclética trilha sonora foi um dos aspectos mais elogiados da produção, tendo faturado o BAFTA, Crítics’ Choice e o Globo de Ouro na categoria. É um tributo ao trabalho incansável de Zimmer na indústria, e apesar de não figurar entre suas grandes composições, será uma vitória justa.

Quem vai ganhar: Duna

Quem pode ganhar: Ataque dos Cães

Quem deveria ganhar: Duna

Melhor Canção Original

É difícil apostar contra James Bond quando o assunto é canção original. Daniel Craig, em especial, tem sido pé quente em suas últimas aventuras como o agente britânico: tanto Skyfall quanto Spectre brilharam na categoria em seus respectivos anos, e nem mesmo o hiato de 2 anos desacelerou a força de Billie Eilish e Finneas O’Connell com “No Time to Die”. A canção de Sem Tempo para Morrer ganhou um Grammy antes mesmo do filme estrear, e ainda garantiu uma série de outros prêmios. Sua única ameaça? O desejo da Academia em consagrar Lin-Manuel Miranda como EGOT por “Dos Oruguitas”, do badalado Encanto.

Quem vai ganhar: "No Time to Die"

Quem pode ganhar: "Dos Oruguitas"

Quem deveria ganhar: "No Time to Die"

Melhor Curta-Metragem

Quem vai ganhar: The Long Goodbye

Quem pode ganhar: Ala Kachu: Take and Run

Melhor Curta-Metragem de Animação

Quem vai ganhar: O Sabiá Sabiazinha

Quem pode ganhar: The Windshield Wiper

Melhor Documentário em Curta-Metragem

Quem vai ganhar: The Queen of Basketball

Quem pode ganhar: Three Songs for Benazir


De Cavaleiro das Trevas a Robert Pattinson: Ranking do Batman no cinema

Com a estreia do novo Batman com Robert Pattinson nos cinemas, voltamos à velha questão: qual a versão definitiva do Morcegão nas telonas? Enquanto Matt Reeves aproveita o sucesso do novo filme e já vai pensando em suas novas aventuras, separamos um ranking com todos os longas-metragens para o cinema envolvendo o Cavaleiro das Trevas.

Confira abaixo.

11. Batman & Robin

Não há muito mais o que podemos falar sobre esta pérola da História do Homem-Morcego nos cinemas. Após uma investida no camp com o filme anterior, Joel Schumacher vai fundo nas influências da série de TV de Adam West para criar um filme de história absolutamente estúpida, caracterizações horríveis e um verdadeiro show de vergonha para todos os envolvidos. No entanto, não dá pra negar que é bem possível se divertir com todas as frases de efeito e o overacting de Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman como a dupla de antagonistas.

10. Batman Eternamente

O mesmo diagnóstico de Batman & Robin pode ser aplicado a Eternamente, a primeira vez em que Joel Schumacher assumiu o manto da franquia. A diferença é que aqui, pelo menos, a experiência é um pouco mais interessante graças à tentativa (ainda que mínima) de desenvolver o trauma e a psique de Bruce Wayne, vivido por um subestimado Val Kilmer. Ainda é um filme bombástico e espalhafatoso, mas inegavelmente bonito de se olhar, só que bem mais assistível do que seu sucessor.

9. Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Tecnicamente não é um filme solo do Batman, mas seria impossível deixar a versão de Zack Snyder ausente: até mesmo porque Batman vs Superman é bem mais focado no Morcegão de Ben Affleck. É um filme opressor e certamente problemático em sua história, mas que acerta em cheio no retrato de um Batman amargurado e violento, saído diretamente das páginas de O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. É uma interpretação bem diferente e controversa, mas que funciona bem quando se dedica apenas a ser uma história do Batman.

8. Batman (1989)

O primeiro e icônico grande filme do Homem-Morcego nos cinemas. Um grande sucesso na época, o longa de Tim Burton ajudou a devolver as trevas e o gótico para o personagem, contando com um correto Michael Keaton e um excelente Jack Nicholson como Coringa em uma trama atmosférica. Ainda que não seja um exemplar digo de como se desenvolver o Batman como personagem, o filme é caprichado e estilizado como poucas obras baseadas em quadrinhos.

7. Batman: A Máscara do Fantasma

A série animada dos anos 90, apadrinhada por Bruce Timm, é considerada por muitos como uma das versões definitivas do personagem. Quando um dos roteiros da série evoluiu para um longa-metragem, que foi lançado nos cinemas na época, tivemos o ótimo Máscara do Fantasma. É um filme que apresenta um vilão completamente original, mas dedica mais tempo na relação de Bruce Wayne com as pessoas à sua volta do que com ação envolvendo seu alter ego mascarado. É uma tremenda história e que conta com o capricho que tornou a série tão icônica. 

6. Batman: O Retorno

Depois de um filme que ajudou a solidificar o Batman nos cinemas, Tim Burton teve carta branca para fazer um longa exatamente do jeito que imaginava. Eis que Batman: O Retorno apresenta uma narrativa mais próxima do terror e ainda mistura o clima de Natal, com o Cavaleiro das Trevas de Keaton enfrentando o grotesco Pinguim de Danny DeVito e a sensual Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer. Um filme superior ao de 1989 e muito mais interessante, mesmo que o herói titular seja mais escanteado do que qualquer outro longa de sua história. 

5. LEGO Batman: O Filme

Quando a Warner Bros lançou Uma Aventura LEGO em 2014, um dos grandes destaques da produção foi o hilário Batman de Will Arnett. Tamanho foi o sucesso que a versão bonequinho do Cavaleiro das Trevas rendeu um filme próprio, que é uma grande e bem humorada carta de amor ao personagem. Mesmo que assumidamente uma comédia escrachada, é uma das obras cinematográficas que melhor desenvolveu a personalidade e o trauma do personagem, seja com a formação de uma Bat-Família ou até mesmo a relação de inimizade com o Coringa. Um filme absurdamente delicioso. 

4. Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Christopher Nolan tinha a difícil tarefa de completar a história de reinvenção do Batman que começou de forma tão magistral, e o resultado é muito melhor do que a maioria lembra. Oferecendo algo bem diferente do thriller policial do filme anterior, aqui temos um verdadeiro épico que se concentra mais em Gotham City do que no próprio Batman, com o Bane de Tom Hardy se destacando como um antagonista brutal e memorável. Entre sua duração longa e repleta de personagens, O Cavaleiro das Trevas Ressurge traz excelentes cenas de ação e um desfecho marcante para a trilogia, que ainda é um dos grandes triunfos do cinema de quadrinhos.

3. Batman (2022)

10 anos depois de Christian Bale e Christopher Nolan encerrarem sua passagem por Gotham City, é a vez de um novo reboot. Aprofundando-se ainda mais nas trevas do herói e seu universo, Matt Reeves mergulha pesado na persona detetive do Batman, transformando o confronto com o sinistro Charada em uma verdadeira caçada por um serial killer, no mais assustador, caprichado e denso filme do personagem. Robert Pattinson também se destaca como um Bruce Wayne mais depressivo e problemático, em um ótimo filme que apresenta um caminho promissor para esta nova fase do herói nas telonas. 

2. Batman Begins

O impacto de Batman Begins nunca pode ser subestimado. Depois do fiasco de Batman & Robin, o filme de Christopher Nolan devolveu respeito ao personagem, oferecendo um épico que, mais do que qualquer outro longa do gênero, analisa com perfeição a psicologia por trás do herói: a história de origem perfeita, desde a criação do uniforme até a exploração da mente de Bruce Wayne, perfeitamente representado por Christian Bale. É um filme inteligente, bem construído e a história de origem definitiva do Homem Morcego.

1. Batman - O Cavaleiro das Trevas

Tudo o que já funcionava em Batman Begins é aperfeiçoado ao extremo nessa perfeita continuação. Saindo das sombras expressionistas do primeiro para uma ambientação que deve bastante aos policiais de Michael Mann, O Cavaleiro das Trevas aumenta as apostas com o magistral Coringa de Heath Ledger, simplesmente um dos maiores vilões da História do Cinema. Um antagonista perfeito que move toda a narrativa, que por si só também funciona como uma exploração da maldade no mundo, o dilema da vida dividida de Bruce Wayne e, claro, o perfeito arco de Harvey Dent e sua transformação no Duas Caras.

Já parecia certo em sua época de lançamento e a cada ano que se passa, fica mais evidente: O Cavaleiro das Trevas não é só o filme de quadrinhos definitivo, mas uma das melhores obras que Hollywood já produziu em sua História.