Os 10 Melhores filmes da Década

2019 marca o fim de mais uma década para o cinema, e certamente foram 10 anos muito proveitosos para os cinéfilos. Escolher apenas 10 filmes para essa lista é um grande desafio, mas vamos tentar.

Aqui, selecionamos nossos 10 filmes preferidos lançados na janela de 2010 a 2019 que hoje você pode conferir na SKY TV.

Confira abaixo.

10. Dunkirk (2017)

Dunkirk é mais uma obra distinta de Christopher Nolan. É fácil desgostar das propostas do cineasta aqui. Elas tratam profundamente sobre o material cinematográfico, algo que até mesmo a tão entendida crítica raramente analisa, optando sempre pela convencionalidade segura do argumento narrativo, do fenômeno apenas replicado pela Sétima Arte, nunca sobre as características que realmente a definem. A grande vitória de Christopher Nolan é fornecida por uma das horas mais escuras e incertas da guerra. A vitória da força da vontade. Em não se resignar, sabendo recuar mesmo ferido para ressurgir e lutar novas batalhas importantes no futuro. Pelo grande Cinema, pelas grandes histórias, nós nunca nos renderemos. - Matheus Fragata

9. Divertida Mente (2015)

Divertida Mente é o fim da crise criativa que a Pixar enfrentava nos últimos anos. O estúdio realmente ressurgiu das cinzas com um dos melhores filmes de sua história. A mensagem que ele traz é exemplar para uma sociedade que busca a felicidade a todo custo em sua plena futilidade. A riquíssima história nos permite interpretá-la de diversas formas. Ou seja, é de fato um filme plural, vivo e fantástico. - Matheus Fragata 

8. Garota Exemplar (2014)

David Fincher é um dos diretores mais meticulosos da atualidade, e ao adaptar a comédia de humor negro/suspense de Gillian Flynn, trouxe um de seus melhores e mais elegantes filmes. Garota Exemplar agarra o espectador pela garganta com seu mistério instigante e o roteiro intrincado, movimentado pela enigmática Rosamund Pike e um surpreendente Ben Affleck, no que acaba resultando em uma experiência imersiva e divertida. - Lucas Nascimento

7. Parasita (2019)

Parasita é um filme poderoso em que muitos ficarão pregados em acompanhar sua narrativa. É uma das grandes obras sociais já produzidas pelo cinema sul-coreano, e um grande thriller que empolga com seu desfecho. Bong Joon-ho já havia feito algo parecido em Expresso do Amanhã em que trabalhou várias questões pertinentes para a sociedade. Parasita é uma ficção que beira a realidade, e isso é que o torna mais assustador, saber que isso é algo muito parecido com o que ocorre em algumas famílias. - Gabriel Danius

6. O Homem que Mudou o Jogo (2011)

Representando o ponto alto da carreira de um diretor que ainda precisa ganhar seu devido reconhecimento, O Homem que Mudou o Jogo é um triunfo. Acerta na maioria dos aspectos técnicos e narrativos com a mesma precisão matemática do programa de seus personagens, com um roteiro poderoso e um elenco carismático. Mesmo com a primeira impressão não muito convidativa, ao final da projeção só podemos parafrasear Billy Beane e nos perguntar: "como é possível não ser romântico com beisebol?" - Lucas Nascimento

5. Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (2013)

Servindo como um curioso estudo de personagem que leva seu objeto do nada ao nada, Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum é uma experiência única, proporcionada por duas das maiores mentes do cinema contemporâneo. Seja em sua maestria técnica, narrativa ou em sua vibrante trilha sonora folk, o filme é tragicômico no melhor sentido da palavra. - Lucas Nascimento

4. Shame (2011)

As parcerias de Steve McQueen com Michael Fassbender sempre rendem resultados poderosos, e não foi diferente com Shame. De muitas formas, é o Taxi Driver moderno ao acompanhar a jornada de um homem solitário em uma grande metrópole, mas com o diferencial de ser uma trama melancólica sobre vício em sexo e distanciamento da humanidade. Um filme difícil, e com a melhor atuação da carreira de Fassbender. - Lucas Nascimento

3. A Chegada (2016)

Com A Chegada, o Cinema ganha mais uma valiosa adição para o gênero de ficção científica. Seu discurso constante sobre libertação e linguagem é tão valioso que transcende até mesmo sua forma ao conseguir expandir a sala de cinema como uma figura de comunicação ativa na obra. Há, com certeza, um efeito de elevação de consciência devido às exigências do longa em nos fazer decifrar tantas simbologias inteligentes ordenadas pela encenação. É pureza e beleza cinematográfica como há tempos não se via.

2. O Lobo de Wall Street (2013)

Com o mais inspirado uso de trilha sonora incidental na carreira de Martin Scorsese em anos, O Lobo de Wall Street é uma frenética e implacável tragédia grega do mundo das finanças. Pode muito bem ser considerado o terceiro capítulo da “trilogia” formada por Os Bons Companheiros e Cassino - e que viria a ser completada com O Irlandês. Capitaneado pela surreal performance de Leonardo DiCaprio, é uma sátira de humor negro impecável. - Lucas Nascimento

1. A Rede Social (2010)

A Rede Social talvez seja o exemplo perfeito de como um filme pode subverter expectativas. É um estudo de personagem poderoso, movido pelo roteiro absolutamente perfeito de Aaron Sorkin a direção magnífica de David Fincher, que entende suas sutilezas e leva seu talentoso elenco a explorar áreas cheias de nuances e detalhes ocultos. A saga de Mark Zuckerberg e a criação de seu revolucionário Facebook pode desde já ter seu espaço certificado na História, dado o domínio da linguagem cinematográfica e a eficiência com que conta uma história que, à primeira vista, pode parecer banal e sem muito espaço para reflexões. Um clássico moderno.


Crítica | Perry Mason - 1ª Temporada - A origem dark de um ícone da TV

Sendo bem sincero, Perry Mason nunca foi algo que esteve tão inserido no meu imaginário popular; e acredito que o da maioria dos consumidores de cultura deste século, excluindo aquela piada do "Pede Mais Um" vista na sitcom Chaves. O personagem foi criado por Erie Stanley Gardner para uma série de livros que iniciaram-se na década de 30, com O Caso das Garras de Veludo, centrando-se nos diferentes casos defendidos por um advogado criminal.

Na televisão, o personagem foi popularizado pelo ator Raymond Burr em uma série bem-sucedida da CBS, que rendeu 9 temporadas de 1957 a 1966, e tornaram o personagem um marco naquela época. Mas ainda assim, Perry Mason não é tão bem lembrado como outros clássicos do período. Por isso, nada melhor do que um reboot dark e soturno pelas mãos de uma emissora ousada como a HBO, que coloca o advogado em uma versão moderna e sofisticada que você pode ver na SKY TV.

A nova versão da HBO coloca a história em um universo mais sujo e palpável: a década de 30 dos Estados Unidos, quando o país estava mergulhado na miséria e desespero da Grande Depressão, onde encontramos Perry Mason (Matthew Rhys) não como advogado, mas sim como um detetive particular. Em meio a essa atmosfera, ele aceita trabalhar em um caso que mexe com o país inteiro, que envolve o sequestro e assassinato de um bebê cujos pais são membros de uma igreja poderosa - além de principais suspeitos do crime bárbaro.

Não tendo o conhecimento prévio sobre o personagem, já é uma surpresa quando o primeiro episódio de Perry Mason começa e encontramos o personagem-título não com um terno impecável ou dentro de um tribunal, mas sim literalmente sujo, com olheiras e se afundando no mundo perigoso da investigação particular ("um termo chique para 'enxerido'"” como o próprio denomina em certo momento). É a perfeita reinvenção de se colocar os dois pés de uma figura elevada e perfeita bem no chão, tal como o James Bond de Daniel Craig fez no bem sucedido 007 - Cassino Royale.

O grande diferencial da série, que conta com idealização de Ron Fitzgerald e Rolin Jones (além de produção de Robert Downey Jr., que originalmente faria o papel principal), é justamente mostrar o processo que leva Mason até sua posição mais famosa. Quando lá para metade da temporada temos a ideia do sujeito se tornar um advogado, é uma grande reviravolta - mas também uma piscadela para os fãs que já conhecem a história do personagem, além de seus personagens coadjuvantes; Della Street (Juliet Rylance) e Paul Drake (Chris Chalk) são alguns dos escudeiros de Mason que ganham reinvenções inventivas.

A performance de Matthew Rhys, premiado por seu trabalho na ótima de The Americans, é o que garante todo o envolvimento, já que seu Mason é vulnerável, agressivo e, quando supera esses traços, extremamente brilhante. Ver a composição de Rhys se transformar para algo que tenta se encaixar em um padrão mais elevado ao vestir o terno, fazer a barba e pentear o cabelo (sem falar nas tentativas em decorar leis e termos de tribunal) garantem uma admirável experiência de construção de personagem. Rhys está em ótima companhia com os já citados Rylance e Chalk, que não só são figuras cativantes por si só, mas acrescentam arcos inclusivos de racismo e LGBTQ+ que se desenrolam de forma natural e relevante.

E não poderia deixar de mencionar o trabalho de dois coadjuvantes essenciais na vida de Mason. Primeiro, o parceiro Pete Strickland vivido por Shea Whigham (que está virando especialista nesse tipo de papel), que traz o contrabalanço sisudo e mais sério para as interações mais sarcásticas de Mason. Segundo, John Lithgow como E.B., o advogado "mentor" de Mason, que se destaca como uma das figuras mais honradas e complexas de toda a série - e que arrancam um ou dois momentos que podem se destacar como alguns dos mais emocionantes da carreira do ator veterano.

Abraçando o gênero noir de forma pesada, com direito a chapéus fedora e uma trilha deliciosamente atmosférica de Terence Blanchard, uma série de cunho policial e investigativo não é nada sem o grande mistério, e Perry Mason faz um bom balanço disso. Apesar de colocar o público na expectativa de descobrir o culpado, a maquinação de Mason e sua luta contra o "sistema" passam a ser mais interessantes graças à força do roteiro - que entrega o grande culpado antes do final, e então dedica esforços a um mistério ainda mais instigante: se Mason será capaz de, mesmo ciente da informação certa, provar sua veracidade em meio a um sistema quebrado.

A narrativa fica ainda mais fascinante quando Fitzgerald e Jones incluem um expressivo segmento acompanhando a igreja que move elementos daquele universo, destacando a figura carismática da Irmã Alice (a excelente e radiante Tatiana Maslany) e sua mãe, vivida por Lili Taylor. Na metade da temporada, o roteiro promove uma possibilidade muito improvável envolvendo Alice e o mistério do bebê, mas graças à força da narrativa e os diálogos daqueles personagens, o espectador começa a se questionar sobre o que realmente é possível em Perry Mason.

Em 8 episódios de ritmo equlibrado e uma atmosfera fortíssima, Perry Mason se firma como uma das novas e promissoras apostas da HBO. Certamente vai impressionar fãs da versão clássica com suas reinvenções mais sombrias e modernas, e deve garantir mais admiradores sedentos por uma boa história detetivesca. 

Pra encerrar com um trocadilho infame, "Pede Mais Uma Temporada".

Perry Mason - 1ª temporada (EUA, 2020)

Criado por: Ron Fitzgerald e Rolin Jones, baseado nos personagens de Erie Stanley Gardner
Elenco: Matthew Rhys, Tatiana Maslany, Lili Taylor, Shea Whigham, Juliet Rylance, Chris Chalk, John Lithgow, Robert Patrick, Gayle Rankin
Emissora: HBO
Episódios: 8
Gênero: Drama
Duração: 50 min, aproximadamente

https://www.youtube.com/watch?v=_5O3cMmg3JQ


Análise | The Last of Us: Parte II - Um estudo sobre o ódio e a vingança

Contém spoilers

Na ausência de grandes eventos cinematográficos nesse atual período de pandemia, que acabou fechando salas de cinema e adiando inúmeros lançamentos de Hollywood, não seria exagero algum dizer que The Last of Us: Parte II é o grande evento da cultura pop de 2020 - pelo menos até agora, se o mundo encontrar alguma salvação. Isso falando como um espectador de cinema, já que os gamers provavelmente contavam os dias no calendário para que a Naughty Dog enfim lançasse a continuação de um de seus melhores (se não o melhor) título, que conquistou corações em 2013.

E o caminho para este jogo definitivamente não foi fácil. Em produção durante todo esse intervalo de 7 anos, a obra de Neil Druckmann se viu vítima de um vazamento súbito que entregou diversos spoilers e pontos importantes da história, iniciando uma ira raivosa dos fãs do primeiro game, que viram decisões polêmicas e controversas sem o contexto geral da trama, que teria cerca de 20 horas para justificar seus rumos de história pouco convencionais. É uma missão que, na maior parte, acaba bem-sucedida com fôlego.

A trama de The Last of Us: Parte II começa 4 anos após os eventos do anterior, nos apresentando a uma sociedade bem mais desenvolvida e organizada em Jackson, onde Ellie (Ashley Johnson) parece mais atormentada e retraída desde a última vez que a vimos. Quando seu amigo e mentor Joel (Troy Baker) é morto em um ataque brutal de uma estranha misteriosa conhecida como Abby (Laura Bailey), Ellie embarca em uma jornada de vingança para encontrar a agressora, levando-a para um caminho na Seattle devastada - onde perigos como infectados, milícias e até cultos religiosos a esperam.

A Vingança nunca é plena...

Em uma lógica de continuações, a Naughty Dog acerta em trazer um evento tão chocante e traumático como ponto de partida. A morte de Joel nas primeiras horas de game é uma decisão audaciosa, e que naturalmente iria irritar a grande parcela de fãs do primeiro jogo, mas é uma escolha que torna a própria existência de um segundo The Last of Us justificável; especialmente quando aprendemos sobre a motivação por trás da morte de Joel, amarrada diretamente com a decisão complexa do personagem no final do anterior. 

É uma clássica história de vingança, e o game acerta nessa porção. Temos uma Ellie mais durona e menos carismática do que a do anterior, com Ashley Johnson fornecendo uma performance estelar ao traduzir como a violência e o caminho cada vez mais próximo do fundo do poço vão se demarcando em sua pele - através de cicatrizes, machucados e até mesmo sinais de transtorno pós-traumático (afinal, Joel foi morto em sua frente). A dinâmica é suavizada, e aproximada do primeiro, com a presença de Dina (Shannon Woodward), namorada de Ellie que é mais energética e sarcástica (às vezes até demais) assim como a própria Ellie era aos 14 anos.

A relação de Ellie e Dina é bem construída na medida do possível, ainda que bem menos empática e original do que o crescimento entre Joel e a jovem no primeiro game. Apesar das boas performances, a maioria dos diálogos envolvendo Dina parecem apelar demais para um drama romântico adolescente remanescente das séries da CW. A busca por tornar Dina carismática demais, imprevisível demais e energética demais acabaram resultando em uma personagem um tanto genérica - assim como a grande maioria dos novos personagens coadjuvantes do núcleo de Ellie.

... Mata a alma e envenena 

Mas é mesmo na metade do jogo que The Last of Us: Parte II toma sua decisão mais arriscada. Após diversas horas concentrado na caçada de Ellie em busca de Abby, o game coloca o jogador para acompanhar a perspectiva da “antagonista" por uma longa porção do gameplay. É uma reviravolta sensacional e empolgante do ponto de vista narrativo, já que mostra a intenção de Druckmann em fazer algo além de uma simples e direta história de vingança, já que a questão da perspectiva e a repetição de ciclos de violência se torna o grande tema do jogo: como não se tornar seus próprios demônios?

No papel, essa subversão e guinada na narrativa é absolutamente brilhante, e coloca um desafio gigantesco nas mãos da equipe, que seria o de tentar humanizar e justificar a ação mais cruel que os fãs da franquia poderiam imaginar. E quando passamos a conhecer Abby, vivida de forma destemida e cheia de nuances por Laura Biney, temos sim uma personagem interessante e com conflitos internos que renderiam ótimas explorações. O fato de ela surgir como, literalmente, a grande consequência das ações conflituosas de Joel no final do anterior já torna esta continuação válida, e a recriação do clímax do primeiro game sob seus olhos representa um dos grandes pontos altos da obra.

A partir daí, Druckmann e sua equipe tentam realizar o caminho oposto ao de Ellie: enquanto a protagonista vai se afundando cada vez mais nas trevas para conquistar sua vingança, acompanhamos a jornada de Abby que literalmente acaba de atingir o ponto sombrio que Ellie persegue, e assim a história se esforça para criar um caminho de saída das trevas e “redenção”. Ironicamente, esse caminho é praticamente uma versão reduzida do arco de Joel no primeiro game, já que envolve a empatia de Abby por uma criança perdida e que claramente precisa de orientação - no caso do segundo game, é o complexo personagem de Lev (Ian Alexander, da série The OA).

O esqueleto da proposta é perfeito, e oferece uma reinterpretação excepcional não só da história de The Last of Us: Parte II, mas de toda a franquia no geral. Infelizmente, a substância que preenche toda essa linha fica longe de oferecer todo o material que tornaria a proposta um tiro certeiro. As motivações de Abby (seja em relação ao amor perdido de Owen ou a afeição com Lev e sua irmã, Yara) são desenvolvidas abruptamente e sem muito peso. O primeiro game teve toda a campanha para aproximar Joel e Ellie, e aqui precisamos simplesmente aceitar essa relação mais profunda entre Abby e Lev com apenas algumas horas e textos que deixam a desejar - Lev, inclusive, é o único personagem do game inteiro que parece ter uma personalidade distinta entre os coadjuvantes, que em sua maioria são intercambiáveis e falam da mesma forma.

Quando a história retoma para o ponto em que havíamos deixado Ellie, temos uma situação atípica: lutamos contra a protagonista do game, e a Naughty Dog literalmente deixa no ar o desfecho, já que aparentemente o jogador iria ter que matar uma das protagonistas. Não é bem o que acontece, e o game tem um longo epílogo para amarrar as pontas e solidificar ainda mais sua temática.

Criando a experiência perfeita

No que diz respeito à evolução de mecânicas e gráficos, The Last of Us: Parte II é um claro aprimoramento em relação ao anterior. Isso já esperado, afinal o primeiro é um game da geração passada, lançado exclusivo em PlayStation 3, e o novo já chega para marcar o fim da era de consoles no Playstation 4. Todas as cenas em cinemáticos, que contam com uma tecnologia de captura de performance, são excelentes e até assustadoras de tão realistas, transmitindo cada nuance e detalhe nas emoções de seus personagens. A exceção fica com uma cena de sexo bizarra e abrupta, revelando uma das barreiras que a tecnologia ainda precisa aperfeiçoar.

Com o controle em mãos, temos uma experiência muito parecida com o primeiro jogo. Há uma mistura de survival horror com ação e aventura em terceira pessoa, incorporando táticas de Stealth e também Shooter. A mecânica de ambos os estilos de jogo está infinitamente superior, com todas as armas e objetos apresentando efeitos distintos e que variam de personagem (Abby, dado seu treinamento militar, é muito melhor em tiroteios e lutas corporais), e o stealth alcançando níveis de pura tensão graças à habilidade de se rastejar pelo solo, algo útil contra os novos e mais intrigantes inimigos do jogo: o culto fanático dos Seraphites, cuja comunicação via assobios certamente vai perturbar os jogadores.

E, claro, sendo um jogo que teoricamente se aplica ao gênero de zumbis, a Naughty Dog não deixou nossos queridos infectados de escanteio. O segundo jogo traz de volta todas as classes de inimigos carnívoros do anterior, e aqui até mesmo o mais difícil e assustador do primeiro se torna um oponente fácil perto das novas adições. Além de novos infectados capazes de se mover rapidamente com habilidades stealth, há um chefe de fase tenebroso, tanto pelo visual que parece saído de um delírio de H.P. Lovecraft com H.R. Giger, quanto pela dificuldade extrema da fase em questão. Pesadelos garantidos.

Meu Ódio será sua Herança

The Last of Us: Parte II é uma continuação digna para o sucesso da Naughty Dog. Não é um jogo de escolhas fáceis, tampouco oferece a história que os fãs provavelmente queriam ou sonhavam, mas traz ideias e temas que justificam uma experiência mais sombria e complexa. A história tem seus deslizes, mas a temática bem resolvida e o gameplay excepcional ajudam a tornar a experiência bem-vinda. Sombria e pesada, mas catártica após uma jornada difícil e impressionante.

Pontos positivos: História surpreendente e sem medo, temática bem resolvida e ousada nas decisões narrativas, performances excelentes de quase todo o elenco, level design de tirar o fôlego, trilha sonora equilibrada no terror e melancolia, excelente mecânica de Stealth e Shooter, qualidade gráfica assustadora de tão realista

Pontos negativos: Arcos genéricos para personagens coadjuvantes, diálogos pouco inspirados nos arcos românticos, motivações fracas para determinadas missões, bugs ocasionais, combates repetitivos, 

The Last of Us: Parte II (EUA – 2020)

Desenvolvedora: Naughty Dog
Estúdio: Sony
Gênero: Survivor Horror/Aventura/Drama
Plataformas: PS4

https://www.youtube.com/watch?v=16RlfA39vhM