Um dos mais celebrados compositores da música pop, Billy Joel, de 76 anos, abriu o jogo sobre um dos períodos mais sombrios de sua vida. No novo documentário “Billy Joel: And So It Goes”, que estreou nesta semana, o icônico “Piano Man” revelou ter tentado cometer suicídio duas vezes em sua juventude, após se envolver em um caso com a esposa de seu melhor amigo e colega de banda.

O caso, a culpa e a espiral de depressão

A crise se desenrolou quando Joel, em seus 20 e poucos anos, fazia parte da banda de heavy metal Attila com o baterista Jon Small. Morando na casa do amigo, ele se apaixonou pela esposa de Small, Elizabeth Weber. “Bill e eu passamos muito tempo juntos”, conta Weber no documentário, descrevendo um romance “de construção lenta”. Quando a infidelidade foi descoberta, a vida de Joel desmoronou. “Me senti muito, muito culpado. Como um destruidor de lares”, admitiu, destacando o fato de o casal ter um filho.

A confrontação foi física e emocional. Joel conta que recebeu um soco no nariz de Small, algo que ele sentiu que “merecia”. Sem ter para onde ir, expulso de casa e com a banda desfeita, ele passou a dormir em lavanderias e mergulhou em uma depressão profunda. “Eu estava deprimido, acho que a ponto de quase ficar psicótico”, lembrou. “Eu estava com muita dor […] pensei em acabar com tudo.”

As tentativas desesperadas e o resgate inesperado

Nesse estado de desespero, Joel tomou uma atitude drástica. Após sua irmã, Judy Molinari, lhe dar pílulas para dormir, ele “tomou todas”. Em um depoimento emocionado no documentário, Judy relembra o terror do momento. “Ele ficou em coma por dias e dias e dias. Fui vê-lo no hospital e ele estava deitado lá, branco como papel. Pensei que o tinha matado”, contou, em lágrimas.

Após sobreviver à primeira tentativa, Joel tentou tirar a própria vida pela segunda vez, bebendo uma garrafa de polidor de móveis. Em uma reviravolta surpreendente, foi Jon Small, o amigo que ele havia traído, quem o socorreu e o levou ao hospital. “Mesmo com a nossa amizade estando em declínio, Jon salvou a minha vida”, disse o compositor, emocionado.

A arte como salvação e a vida após a crise

A experiência de quase morte levou Billy Joel a se internar voluntariamente em uma ala psiquiátrica para observação. Foi lá que ele percebeu que poderia usar a avalanche de emoções dolorosas – a culpa, a dor, o desespero – como combustível para sua arte. “Percebi que podia utilizar todas essas emoções para canalizá-las para a música”, explicou. Essa foi uma virada de chave em sua vida e carreira.

Notavelmente, Jon Small perdoou o amigo. Anos depois, Billy Joel e Elizabeth Weber se reconectaram e foram casados de 1973 a 1982, período em que ela também atuou como sua empresária. O músico se casaria outras três vezes, com a supermodelo Christie Brinkley (musa de “Uptown Girl”), Katie Lee e sua atual esposa, Alexis Roderick.

O documentário, que será transmitido pela HBO Max ainda neste verão, chega em um momento em que a saúde de Joel volta a ser notícia. No mês passado, o cantor revelou sofrer de hidrocefalia de pressão normal, um distúrbio cerebral que o levou a cancelar sua agenda de shows. Sua ausência na estreia do filme no Festival de Cinema de Tribeca, nesta quarta-feira, preocupou fãs, mas amigos e produtores garantem que, apesar dos desafios, ele está bem e não “está morrendo”.

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