A estratégia da Disney de transformar suas animações clássicas em blockbusters live-action, que já rendeu bilhões de dólares ao estúdio, encontrou um raro e significativo obstáculo. O remake de “Branca de Neve”, lançado em março deste ano, encerrou sua passagem pelos cinemas com um desempenho de bilheteria decepcionante, tornando-se o fracasso mais notável da fórmula desde “Meu Amigo, o Dragão”, de 2016.

Os números de um fracasso

“Branca de Neve” finalizou sua exibição global com uma arrecadação total de US$ 205,5 milhões. Embora o número pareça alto isoladamente, ele representa um prejuízo significativo para o estúdio. Com um orçamento de produção estimado em mais de US$ 240 milhões, sem contar os custos de marketing, a revista Forbes calcula que o filme possa ter gerado uma perda superior a US$ 115 milhões para a Disney.

O desempenho do filme é o mais fraco para um grande remake do estúdio desde “Meu Amigo, o Dragão” (2016), que, apesar de elogiado pela crítica, arrecadou apenas US$ 143,7 milhões globalmente. A única produção com números piores nesse período foi “Mulan” (2020), que faturou apenas US$ 69,9 milhões, mas seu resultado é considerado um ponto fora da curva, já que o filme foi lançado no auge da pandemia de COVID-19 e teve uma estreia simultânea e paga na plataforma de streaming Disney+ Premier Access.

Um ponto fora da curva em uma fórmula bilionária

O resultado de “Branca de Neve” destoa drasticamente do sucesso de outras adaptações da Disney. Atualmente, o live-action de “Lilo & Stitch” domina as bilheterias, com uma arrecadação global que já ultrapassa a marca dos US$ 772 milhões e caminha para se tornar um dos maiores sucessos de 2025.

No passado, a fórmula se provou ainda mais lucrativa. Remakes como “O Rei Leão” (2019), “A Bela e a Fera” (2017) e “Aladdin” (2019) ultrapassaram a impressionante marca de US$ 1 bilhão em bilheteria cada um, consolidando essa estratégia como um dos principais pilares financeiros da Disney. Até mesmo a prequela “Mufasa: O Rei Leão”, lançada no ano passado, teve um desempenho sólido com US$ 722,6 milhões.

As controvérsias que minaram o filme

O desempenho abaixo do esperado de “Branca de Neve” é frequentemente atribuído às inúmeras e intensas controvérsias que cercaram a produção desde o início. A escalação da atriz latina Rachel Zegler para o papel da protagonista gerou debates acalorados na internet. Declarações da própria Zegler, criticando a narrativa do filme original de 1937 e afirmando que a nova versão não seria sobre uma “donzela em perigo” salva por um príncipe, também alienaram uma parte do público mais conservador.

Além disso, a decisão de substituir os sete anões por “criaturas mágicas” de diferentes etnias e tamanhos, após críticas do ator Peter Dinklage sobre os estereótipos do nanismo, gerou outra onda de polêmica. Essa tempestade de debates online, frequentemente descrita como uma guerra cultural “anti-woke”, parece ter impactado negativamente a percepção do público sobre o filme antes mesmo de sua estreia, resultando em um desinteresse que se refletiu diretamente nos números de bilheteria.

Enquanto “Lilo & Stitch” continua em cartaz, “Branca de Neve” já está disponível para streaming no Disney Plus, onde tentará encontrar uma segunda vida e recuperar parte do prejuízo.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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