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Crítica | A Casa que Jack construiu - 'Eu, Lars, polêmico e explícito'

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•25 de outubro de 2018•6 Minutes

Não faltam polêmicas ao cinema e às declarações de Lars von Trier. Caso não tenha conectado o nome à pessoa, Trier é o diretor dinamarquês responsável por Dançando no Escuro, Dogville, Anticristo, Ninfomaníaca e outros sucessos cultuados por muitos e reprovados por outros. Foi ele também a última das persona non grata do Festival de Cannes, após comentar em uma coletiva que “entendia os nazistas”. Agora já reconciliado com a Croisette e depois de uma reabilitação das drogas, Trier resolveu voltar às telonas com o tipo de conteúdo explícito sobre os quais caem os holofotes cinéfilos. A Casa que Jack construiu, porém, entre as tantas potencialidades que poderia transmitir, sobrevive apenas pela respiração boca a boca de um cineasta acomodado à pose que a mídia criou para ele.

De todas as pretensões que seu cinema – bem sucedidas em alguns casos, apesar da filmografia irregular –, as desse longa são, de longe, as mais cínicas e infrutíferas. Não que comentar a própria condição do artista e sua relação com a violência moderna seja desonesto ou, a princípio, moralizante. Mas assim como Jack (Matt Dillon), serial killer que protagoniza a trama, passeia pelo seu inferno, Trier propõe uma conversa entre ele e os críticos do seu trabalho: um filme-resposta dos mais medíocres, em que cada metáfora remete, calculadamente, a alguma condenação feita ao diretor.

Tal como em Ninfomaníaca, A Casa que Jack construiu tem uma estrutura narrativa de diálogo, de um protagonista patológico (lá o sexo, aqui a matança em série) com um interlocutor ancião. No caso, Virgílio (Bruno Ganz), referência ao poeta romano que acompanha o eu-lírico de Dante Alighieri na Divina Comédia, é essa escuta, mas também uma boca que nunca deixa de comentar e questionar as atitudes da personagem.

Como ficou claro, sobretudo, nas cinco horas de Ninfomaníaca, Lars von Trier quer ser um professor. Nessa linha dialógica, dividida em capítulos (a lousa como elemento sempre presente nessas divisões), alternando entre suas próprias gravações e imagens de arquivo (desde fotografias, até desenhos animados e até cenas dos próprios filmes do diretor), não é difícil entender que o diretor cansou de explicar-se e decidiu “desenhar”. Trier usa da sobreposição e da alternância de imagens, por exemplo, para estabelecer relações entre o espetáculo gore, a arte e a vida modernas (em miúdos, da matança obsessiva ao nazismo, passando pelo cubismo).

Somos conduzidos pelas atrocidades de Jack, que vão desde cortar o pé de um pato, esmagar a cabeça de uma mulher, até sufocar velhinhas, atirar em crianças etc. Momentos esses que, apesar de todo o furdúncio que causaram, no conjunto, são rápidas, com pitadas de humor que (sensibilidades e sensibilidades, claro) amenizam o horror das situações. Principalmente quando pensamos como se ligam às frentes de ataque a Trier (misoginia, racismo, nazismo…).

São, provavelmente, os melhores momentos do filme – pena que sejam tão vazios, meras representações-limite do fazer artístico. Enfim, fetiches. Diga-se o mesmo dos planos-tableaux, como o que as personagens do filme reencenam “A barca de Dante”, de Delacroix, em câmera lenta. O uso realista da computação gráfica, tão característica a Trier, ressurge aqui de maneira particularmente publicitária, tão show off quanto o próprio discurso egocêntrico do longa.

Não bastasse se acomodar com a sua câmera característica, que costumava conseguir efeitos mais interessantes que aquela de Aronofsky, para citar um semelhante, Trier formula em A Casa que Jack construiu sua encenação mais pobre, opaca e repetitiva. Nenhum dos “incidentes”, que marcam os capítulos do filme, são muito distintos, senão pela brutalidade crescente. Até mesmo o mote cômico do TOC (transtorno obsessivo compulsivo) de Jack, é dispensado no começo do filme.

Sobra, no final, um par de imagens interessantes (como a da luz negra das fotografias em negativo, e até a previsível forma da tal “casa de Jack”), que não sobrevivem a uma enxurrada de metáforas e divagações que convergem todas para o egocentrismo do diretor. Nesse passeio autoficcional pela casa que Jack construiu, talvez tenha faltado pensar melhor em quem seria seu guia. Não há uma pedagogia sólida, senão um exibicionismo blindado, direcionado às elites dos festivais, à mídia e seus detratores. Se Lars von Trier queria ser um professor, não conseguiu passar aqui de um aluno sabichão.

*Esse filme foi visto durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

A Casa que Jack Construiu (The House That Jack Built – Dinamarca, Suécia, França, Alemanha), 2018

Direção: Lars von Trier
Roteiro: Lars von Trier
Elenco: Matt Dillon, Uma Thurman, Riley Keough, Bruno Ganz, Siobhan Fallon Hogan e Sofie Gråbøl
Gênero: Drama
Duração: 155 min.

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Redação Bastidores

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