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Crítica | A Lavanderia - Ou Pegue-Me Se For Capaz

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•18 de outubro de 2019•7 Minutes

Crédito é o tempo futuro do dinheiro.

É com essa premissa que A Lavanderia, novo filme de Steven Soderbergh, abre; e, se estamos trazendo dinheiro para a trama principal de um longa-metragem, temos dois caminhos que podem ser percorridos pela narrativa: o bom e o péssimo.

Infelizmente, a produção baseada no romance de não-ficção Secrecy Papers, de Jake Bernstein, escolhe a segunda opção e transforma uma tragicomédia derivada do aclamado e aplaudível A Grande Aposta em uma jornada vazia e que trata um dos maiores escândalos dos últimos como um jogo de esconde-esconde e de perguntas e respostas sem qualquer didatismo – liderado por um elenco de ponta que parece não demonstrar o menor interesse em interpretar seus papéis. É claro que podemos perceber as boas intenções do diretor em trazer uma interessante trama para a Netflix, mas não podemos fazer vista grossa para os múltiplos e amadores erros que eventualmente se transformam em uma incontrolável bola de neve (e isso vendo de alguém que nos apresentou a franquia Onze Homens e Um Segredo).

Levando em conta que Soderbergh parece ser alguém aficionado por dinheiro e por aquilo que as notas e moedas representam na sociedade contemporânea, é quase automático elevarmos nossa expectativa para uma produção deste calibre. Ainda que feita para uma plataforma mais acessível e mais maleável que as estruturas oligárquicas do cinema, era de esperar que, da mesma forma como Alfonso Cuarón fez com Roma no ano passado, ele se dispusesse a encontrar uma outra perspectiva para delinear a história. No caso, o cineasta até alcança esse primeiro objetivo ao centrar o primeiro ato na perspectiva de uma idosa senhora chamada Ellen Martin (Meryl Streep), que perdeu seu marido durante o naufrágio de uma pequena balsa e se envolveu com a podre esfera do mercado de seguros.

Porém, chamá-la de protagonista é um grande erro: Streep, conhecida por ser uma das melhores atrizes de sua geração, divide a cena com outras dezenas de personagens que, no final das contas, não têm qualquer relação imediata com o que o roteiro de Scott Z. Burns quer nos passar; na verdade, o que percebemos é uma circinal e convulsiva tentativa de transformar um tema complexo em algo compreensível por todos os nichos de espectadores. E essa praticidade vista com tanto esmero em outras obras do gênero acaba se valendo de fórmulas e mais fórmulas para voltar à estaca zero e entregar uma redundante explicação sobre o nada – deixando o filme mais vazio do que realmente aparenta.

Enquanto Soderbergh ousa mergulha no complicado mundo das seguradoras, dos empréstimos e dos financiamentos, percebe-se também que essa excessiva cautela drena a originalidade estética do longa e não cultiva um terreno muito fértil para o afastamento de jogos de câmera dramáticos. É claro que uma ou outra sequência apela por planos mais audaciosos, abrindo um ínfimo espaço para algo que tangencia o documental. Todavia, esses resvales também ocasionam um prosaísmo um tanto quanto vulgar, cru, que parece não ter passado pelas últimas etapas de lapidação antes de ser lançado aos espectadores.

O mesmo pode ser visto na dupla de contistas que nos apresenta à empreitada: diferente das intervenções produzidas por Adam McKay em sua obra supracitada, A Lavanderia é guiada por Antonio Banderas e Gary Oldman, que também interpretam os presidentes do escritório de advocacia Mossack-Fonseca. Além de premeditarem as outras linhas narrativas, eles carregam consigo uma ácida ironia que abusa de diálogos que beiram o vitimismo, como se, do começo ao fim, soubessem que não tiveram nada a ver com os escândalos e as fraudes e não devessem explicações aos seus clientes e às pessoas a que causaram muito mal. O problema reside, ademais da química inexistente entre os dois atores, na risível performance, principalmente de Oldman (que arrisca um sotaque alemão caricato o bastante para não conseguirmos levá-lo a sério).

É até mesmo complicado encontrar um meio de resumir a história. Ellen descobre que a seguradora conhecida como United, a priori responsável pelo custeio das dezenas de mortes que ocorreram na tragédia da balsa, não existe. Ela funciona como uma offshore, uma concha de uma empresa-fantasma que atua apenas no papel e que foi assinada por qualquer um das centenas de funcionários da Mossack-Fonseca (talvez a única instância que reúna as tantas e desnecessárias investidas dramáticas). Ou seja, nada que consiga provar qualquer coisa caso você recorra à justiça.

Entre cenas soltas e sem sentido para uma densa atmosfera, o final caminha para um “final feliz” e até faz uma infame menção ao caso brasileiro da Odebrecht – que também estava relacionada a todo esse escândalo. Entretanto, o sabor agridoce passa longe de ser construtivamente ambíguo e, sem qualquer sinceridade no breve monólogo que desponta de Meryl Streep nos momentos finais, reafirma a posição do filme de ter saído de nenhum lugar para lugar nenhum.

A Lavanderia (The Laundromat – EUA, 2019)

Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns, baseado no livro de Jake Bernstein
Elenco: Meryl Streep, Gary Oldman, Antonio Banderas, Sharon Stone, Larry Clarke, David Schwimmer, Marsha Stephanie Blake, Jeffrey Wright
Duração: 95 min.

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Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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