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Crítica | Alice Através do Espelho

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•11 de setembro de 2016•11 Minutes

No último texto que dediquei aos filmes Mogli, apontei como a Disney iniciou a febre dos remakes de contos infantis já vistos em suas clássicas animações. O pontapé inicial se deu com Alice no País das Maravilhas, filme de 2010 e último grande sucesso financeiro do excêntrico diretor Tim Burton. Mesmo faturando 1 bilhão de dólares com o último filme, estranhamente a Disney não encaminhou a sequência logo de imediato como qualquer outro estúdio teria feito na sede de lucrar mais uns bilhões de bilheteria. Foram necessários seis anos inteiros para que enfim Alice Através do Espelho chegasse aos cinemas.

Após algum tempo trabalhando como capitão do navio de seu pai, explorando as rotas mercantis entre Inglaterra e China, Alice retorna ao Reino Unido para descarregar as mercadorias e rever sua mãe. Chegando lá, descobre que terá de ir a um baile de gala oferecido pelo seu ex-pretendente e também dono da frota. Porém, novamente seu destino é alterado. Ao reconhecer Absolem, Alice o persegue até acabar entrando dentro de um espelho que a leva, mais uma vez, ao País das Maravilhas.

Dessa vez livres do reinado sombrio da Rainha de Copas, os amigos de Alice estão preocupados com o estado de saúde do Chapeleiro Maluco que insiste em acreditar que sua família esteja viva, apesar dos eventos dos filmes anteriores terem comprovado o contrário. Sem sucesso em convencê-lo do trágico destino de seus familiares, Alice parte em busca do auxílio de Tempo para tentar viajar de volta ao passado a fim de salvar a família Chapeleiro da dolorosa morte causada pelo Jaguadarte, além da vida do próprio amigo que se encontra sem forças para viver.

Linda Woolverton, uma das mais tradicionais roteiristas da Disney, retorna à função para trabalhar novamente com os personagens criados por Lewis Carroll, porém muito se engana quem pensa que a adaptação de Alice no País dos Espelhos seja fiel. O trabalho de Woolverton segue a linha do texto anterior: totalmente livre para a criação. Porém, apesar do estúdio apostar na imaginação da roteirista, ela entrega um roteiro hot pocket – o básico do mais básico, porém divertido e passageiro.

Não há grandes esforços para construir essa história. O destaque principal fica por conta do uso da viagem do tempo que Alice realiza com o auxílio de um aparato do pseudo-antagonista Tempo. Além disso, o tom mais light e menos sombrio do que visto no filme de Burton tornam a fita muito mais agradável para o público geral. Linda sabe injetar energia na história toda vez que é necessário. Ou seja, ao menos três reviravoltas grandes conseguem mudar o rumo da narrativa a levando para lugares até mesmo inesperados em uma seleta cena, rapidíssima, mas corajosa por inferir um contraste tão vibrante entre o mundo real cru com o da imaginação impossível do País das Maravilhas.

Entretanto, mesmo com essa guinada curiosa em um dos twists, Woolverton pesa demais no uso de clichés que acabam tornando o filme deveras previsível, além da verborragia expositiva que insiste em explicar muitas coisas óbvias – Alice é quem mais explica o filme para a platéia. Muitas relações entre personagens novos não conseguem fugir disso e muitos dos outros se comportam mesmo como meros coadjuvantes. O desenvolvimento na jornada, feito de modo adequado, se restringe única e exclusivamente ao drama familiar da Rainha de Copas com a Rainha Branca. Mesmo o arco do Chapeleiro e sua família ser a força motriz do filme todo, é um tanto desconfortável isso se resolver com certa facilidade, tudo em um passe de mágica. Com ele, há ao menos um exercício dramático interessante sobre o uso narrativo de um item ligado à infância do personagem – ainda que dê origem a mais um conflito cliché.

O drama das duas rainhas irmãs também não foge de uma estrutura já conhecida ou até mesmo um questionamento comum: “Se você tivesse a oportunidade de voltar no tempo, impediria a existência de algum tirano genocida? ”. Obviamente, por se tratar de um filme infantil, isso é bem apaziguado e misturado com humor. Ainda com a temática interessante nesse núcleo, às vezes, é melhor deixar histórias de origem debaixo dos tapetes. O que Woolverton traz para explicar a motivação da maldade da Rainha de Copas é, digamos, esfarelado.

Aliás, os problemas de motivação existentes no primeiro filme são praticamente resolvidos aqui. Alice, Rainha de Copas, Chapeleiro Maluco, Rainha Branca e Tempo possuem motivos, mesmo que fracos, para agirem em favor do avanço da narrativa. Tempo, infelizmente, é um personagem fraco, de uma nota só, ainda que a interpretação do sempre caricato Sacha Baron Cohen dê energia para sua perseguição tresloucada contra Alice.

O roteiro é bastante contraditório nas repetitivas frases que ele profere sobre ser imortal quando nitidamente, ao longo do filme, ele vai perdendo forças. Pode até ser encarado como uma ironia ou um discurso debochado sobre arrogância, porém como o personagem não aprende durante a jornada, é difícil defender o tratamento raquítico. Aliás, é bizarríssima a realocação da Rainha de Copas nessa aventura depois de ser banida no filme anterior. Woolverton não tem muito interesse em explicar isso para o público.

Com Alice, o tratamento se restringe mesmo aos problemas restringidos ao mundo real. Há uma boa temática de libertação feminina, além de Wasikowska finalmente abandonar suas expressões de “mosca morta” tornando sua Alice uma boa anfitriã principal para acompanharmos a razoável e divertida história.

Tomando o lugar de Tim Burton na direção, a diferença de tom trazida por James Bobin é sentida imediatamente. Sua ação é mais imaginativa, a câmera tem papel mais participativo e criativo, a atmosfera é mais leve, os personagens são menos afetados principalmente a Rainha Branca e o Chapeleiro Maluco os tornando mais agradáveis e relevantes dentro do filme. Os enquadramentos são ricos sabendo muito bem preencher a presença massiva do chroma key que traz vida ao País das Maravilhas.

Se aproveitando dessa jornada pré, durante e pós reinado da Rainha de Copas, Bobin, o fotógrafo Stuart Dryburgh e o desenhista de produção Dan Hennah acertam em cheio no visual impecável desse filme. Desde a concepção sombria repleta de arquitetura gótica abarrotada de relógios no palácio de Tempo até aos tempos áureos de um País das Maravilhas mais alegre, vivo e colorido. Destaque, claro, para a mesa do chá, agora impecável como se deveria ser com doces e bolos fartos, pratarias lustrosas e porcelana refinada fugindo da concepção derrotista e deprimida de Burton. Essa atenção aos detalhes com o visual e direção de arte é o que realmente elevam o filme. Mesmo que Dryburgh não arrisque criar metáforas visuais que fujam do básico, é louvável a paleta de cores tão diversificada, além da iluminação mais inspirada utilizando de contraluzes demarcadas para criar verdadeiras planos “pintados” na tela – exemplo disso é onde Tempo controla os relógios de “vida” de cada cidadão do mundo mágico.

Bobin também trabalha com mais elegância as questões de ponto de vista quando Alice altera de tamanho na jornada. Aliás, há até mesmo um caríssimo plano-sequência durante o explosivo clímax do filme que consegue ilustrar bem o senso de urgência, aventura e mágica perpetrado no fim da jornada. Já a lendária figurinista hollywoodiana Colleen Atwood marca presença mais uma vez com figurinos e chapéus diversos para incrementar ainda mais a intensa experiência visual que este filme é.

Porém, até mesmo o departamento técnico artístico consegue falhar. Isso se dá por conta do desperdício do bom design dos ajudantes de Tempo. Ao decorrer do filme, eles se aglomeram no intuito de auxiliar seu mestre, porém há certa assombração vinda de outros objetos motorizados que se transformam em robôs golem. É algo que, infelizmente, não foge do mau cliché que parece condenar essa fita.

Massacrado lá fora, a recepção de Alice Através no Espelho foi mal-humorada demais. O filme peca pelo uso de clichês em demasia, na falta de interesse confeccionado para uma história que já fora vista muitas vezes antes considerada, então, manjada por muitos espectadores. É sim um produto reembalado, porém repleto de carisma. A direção de Bobin e a adequação menos excêntrica desse mundo funcionou para mim tornando a experiência de assistir ao filme algo bastante divertido e agradável. Porém, mesmo assim, o roteiro fraco tira o brilhantismo técnico. Para as crianças, não deixa de ser uma ótima pedida, afinal se trata de um entretenimento rápido, fácil e inofensivo. E muito expositivo.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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