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Crítica | Eu, Olga Hepnarová

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•13 de fevereiro de 2017•6 Minutes

Em 1973, aos 22 anos, a tchecoslovaca Olga Hepnarová, dirigindo um caminhão da companhia em que trabalhava, atropelou propositalmente duas dezenas de pedestres em Praga, matando oito. Em 75, antes de completar seus 24 anos, foi enforcada. Depois dessa execução, na República Socialista Tchecoslovaca – hoje, República Tcheca –, nenhuma outra mulher foi condenada à morte. Hoje, o país não aplica mais esse tipo de pena.

O discurso oficial nunca é, ou não deveria ser, pelo menos, suficiente. Não à toa, massacres e atentados do gênero chamaram, e ainda chamam, a atenção de vários artistas. Gus Van Sant evidenciou a permanência da dúvida em Elefante, optando por uma narrativa fragmentária, dilatada por longos travellings, não conclusiva e – seu maior perigo – aberta para acusações de irresponsabilidade. Já Michael Moore, com sua gramática tão americana quanto seu objeto de investigação, produziu Tiros em Columbine: ao mesmo tempo, a antítese e um excelente complemento do longa de Van Sant. Os dois filmes guardam, em suas bases, a tragédia em Columbine como seus gatilhos. Esta sociedade do consumo, ou, como deixa bem claro o documentário de Moore, os Estados Unidos carregam uma bestialidade com raízes não apenas influenciadas por eventos históricos passados. A partir dessa lógica, Eu, Olga Hepnarová mostra-se um filme com uma diferença notável: trata de uma tragédia além do in media res da mídia em uma nação socialista na década de 70.

Michalina Olszanska vive o papel da protagonista e a acompanhamos desde pouco antes de atingir a maioridade, período em que passou em um colégio interno, até a sua execução. Diferentemente do tom confessional que o “Eu” do título poderia indicar, os diretores estreantes, Petr Kazda e Tomás Weinreb, optaram por refletir esse sujeito como centro de suas cenas a partir de uma visão plenamente observativa, quase documental, de maneira que não ficamos sabendo o que se passa pela cabeça da personagem. Fazer esse exercício reconstituinte seria perigoso e incerto. A fotografia em preto e branco e os planos estáticos remetem imediatamente ao polonês Ida. Porém, enquanto o vencedor do Oscar mostrava a desestabilização pelo deslocamento das personagens no quadro, Eu, Olga mantém um foco alinhado em sua protagonista. Para compensar o baixo contraste da fotografia – a monotonia e o estado de espírito daquela sociedade como um todo –, o olhar e a fúria da atriz principal rouba a atenção em cada uma das composições. Soma-se uma montagem cronológica, mas de rápida sucessão, provocando um movimento frequente contração e dilatação do tempo. Durante os primeiros vinte minutos, somos introduzidos à Olga, sua relação com a família e com a escola. São cenas curtas, passam rápido e, com isso, impactam ao aplicar um compasso memorial. Seria melhor que essa certeza estética fosse compartilhada pelas outras camadas do filme.

A frieza da família, a violência que sofreu na escola, sua homossexualidade e masculinização são os pilares da mensagem do filme. O problema é que, quando isso é desenvolvido como debate, fica a impressão de um julgamento depreciativo, valendo-se de uma conclusividade que associa seu passado e preferências rebeldes com uma doença. A primeira cena de masturbação entrega esse apetite fisiológico: a porta em frente à câmera, enquadra o corpo da garota, focando em seu torso, na virilha, em parte da perna, cortando sua cabeça e pés. Eu, Olga, de tão frio e distanciado da sua protagonista, faz da tela de projeção um vidro de zoológico. A protagonista, franzina e rebelde, vai se despe de pouco em pouco e só não mostra arrependimento. Começa com a puerilidade de um seio descoberto numa festa e parte para um sexo lésbico agressivo, incômodo. Ciente disso, uma ou outra cena parece tentar atenuar esse possível moralismo, como uma em que a garota fala diretamente para a câmera; um breve instante em que a cena fica mais brilhosa durante um cena de sexo, como um momento de graça; os departamentos da vida socialista;  o clímax silencioso, bem à acta non verba das declarações de Olga Hepnarová.

Ao procurar perspectivar seu personagem central, os diretores de Eu, Olga Hepnarová tentam reciclar ideias no conto de um caso cativante. Pena que o ponto de fuga é mal definido. Vale, no final das contas, por não ser banal, acompanhando um ser que saiu da “sala de jantar” e parou de se preocupar só em nascer e morrer.

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