logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Graças a Deus - Confrontando o Passado

Gabriel Danius Gabriel Danius
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•8 de julho de 2019•7 Minutes

O cinema do cineasta francês François Ozon vai muito além das questões cotidianas de seus personagens. Suas histórias, geralmente, exploram o aspecto psicológico com situações que fogem do lugar comum do presenciado em algumas produções do gênero em Hollywood. O diretor gosta de trabalhar as mais diversas relações em seus longas, como em O Amor em 5 Tempos (2004) em que um casal é apresentado do divórcio até o dia que se conheceram e se apaixonaram, e também em O Amante Duplo (2017) em que há uma imersão na mente humana, mas com o foco no relacionamento do casal principal. Em Graças a Deus François Ozon continua trabalhando a trama a partir do ponto de vista das relações humanas, mas neste caso não amorosas.

Graças a Deus é inspirado em uma história real, em que um grupo de rapazes que foram abusados sexualmente por um padre ligado a diocese de Lyon, quando ainda eram crianças, buscam justiça investigando e conversando com várias outras vítimas. Fato resultou na prisão do cardeal francês Philippe Barbarin, assim como mostrado no filme e fez com que se tornasse um escândalo para a igreja Católica. A ideia do diretor francês é a de levar para a tela com o máximo de clareza o drama particular desses agora homens adultos e mostrar o sofrimento que tiveram quando criança.

Para isso o diretor escolhe contar a narrativa sob o ponto de vista de três protagonistas distintos, mas com o mesmo propósito em mente: o de buscar justiça contra os constantes atos de pedofilia praticados pelo padre da diocese no passado. A escolha dos personagens é feita de forma pontual, ao apresentar a vida de um homem (Alexandre) casado e que não consegue esquecer o que aconteceu com ele quando jovem, outro rapaz (François) que tenta esquecer o ocorrido vivendo apenas o presente, e outro (Emmanuel) com problemas de epilepsia possivelmente acarretados pelos sucessivos atos do padre.

A produção ia bem até metade do segundo ato, depois de um tempo acaba por se tornar cansativo e o filme fica chato, pois a dinâmica inicial, com o início das investigações feitas por Alexandre fazia o longa fluir bem, a trama era bem desenvolvida e não havia muita enrolação em contar os acontecimentos. A partir do momento que entram os dois novos protagonistas, François e Emmanuel, passa a ficar extremamente maçante, em alguns momentos a ponto de ser difícil de acompanhar seus traumas e suas histórias de vida.

A ideia é boa, de apresentar pelo olhar dos três protagonistas seus dramas e traumas mais íntimos. O diretor consegue botar para pensar o telespectador a respeito do terror que aquelas crianças vivenciaram. Alguns cortes rápidos na edição ajudariam a dar maior agilidade para uma história que já sofre pela falta de ação por si só. As cenas em que os personagens conversam entre si são frias e sem emoção. Ajudaria se Ozon parasse de dar voltas no roteiro e chegasse ao resultado final mais rapidamente. O que não era nada enrolativo de início se torna extremamente árduo de acompanhar após um tempo.

Não é um tema dos mais fáceis de se levar para a telona, mas Graças a Deus cumpre seu objetivo de chegar à discussão principal sobre os questionamentos da fé e religião, colocando seus personagens, por em muitos momentos, discutir essa relação da perda da fé após os atos cometidos. É uma discussão pertinente, pois a partir do momento em que as então crianças foram abusadas em um local em que deveria ser de amor e paz, é que vem o golpe de Ozon em tentar dar um tom de denúncia para os fatos abordados.

O tom usado para contar a trama é de uma frieza e de uma falta de emoção que faz sentido para o que é relatado, tratar a história de uma maneira mais suave não é a ideia de François Ozon. A emoção fica em segundo plano, mas até a metade do segundo ato, com a chegada de François e Emmanuel os sentimentos passam a ser mais bem discutidos ao entender o problema pelos quais passaram no passado. A linguagem é explícita em alguns momentos, não poupam de mencionar como eram feitos os atos sexuais pelo padre. Neste quesito lembra bastante o filme chileno O Clube (Pablo Larraín) em que um dos personagens fala abertamente e sem pudor algum como eram feitos os abusos sexuais pelos padres.

Graças a Deus não é dos melhores filmes de François Ozon, mas há uma beleza no jeito que o diretor prende a atenção do público, utilizando os traumas dos protagonistas para contar a história, mesmo que em alguns momentos se perca a atenção é por causa do jeito que o longa foi feito, e não por causa de sua trama, que segue o caminho árduo de apresentar a cada passo as angústias de cada um dos personagens. Ozon é um dos grandes nomes, atualmente, do cinema francês e novamente conta uma história pesada e sem alívios, mas que aqui serve mais como denúncia que propriamente como apenas uma reprodução dos fatos como aconteceram.

Graças a Deus (Grâce à Dieu, França – 2019)

Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon
Elenco: Melvil Poupaud, Denis Ménochet, Swann Arlaud, Éric Caravaca
Gênero: Drama
Duração: 147 min

Mostrar menosContinuar lendo

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
ListasGames
GTA 6 adiado para Maio de 2026: 5 Fatos oficiais sobre o jogo mais aguardado da história

GTA 6 adiado para Maio de 2026: 5 Fatos oficiais sobre o jogo mais aguardado da história


by Patrícia Tiveron

Esportes
Mirassol fere São Paulo com goleada e gol-relâmpago

Mirassol fere São Paulo com goleada e gol-relâmpago


by Patrícia Tiveron

Games
'Pokémon Legends: Z-A' confirma que Pokémon fazem cocô; veja a polêmica

Requisito ‘absurdo’ para o Shiny Charm em ‘Pokémon Legends: Z-A’ divide a comunidade

Requisito para o Shiny Charm em Pokémon Legends: Z-A exige 1000 vitórias e…


by Matheus Fragata

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}