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Crítica | Meu Amigo, O Dragão

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•27 de setembro de 2016•10 Minutes

Para suprir uma demanda avassaladora, a Disney tem estruturado minuciosamente seu novo formato de studio system para os anos 2010 – ao adquirir os direitos Marvel e Star Wars, é possível afirmar que a empresa do Mickey está de bom a melhor. Nesse ano, a Disney lançou filmes de relevância crítica e de público em quase todos os meses até agora: Procurando Dory, Guerra Civil, Zootopia, Horas Decisivas, O Bom Dinossauro, Mogli, BGA e também com os vindouros Rogue One e Doutor Estranho.

É um festival de longas que não acaba mais. Entretanto, tamanha quantidade massiva de produção sempre traz um porém: novas histórias – onde encontrá-las? Onde vivem? Com o remake de Meu Amigo, O Dragão a resposta ficou clara: dessa vez, a Disney teve de arranhar o fundo do baú.

Pegando apenas a amizade de Pete e seu dragão, Elliot, como força motriz, o estúdio encomendou um filme que – ainda bem – tem pouco a ver com o original, aberração de 1977 cheio de cantorias chatas, péssimas atuações e história raquítica. Aqui, acompanhamos Pete ainda muito pequeno, por volta de seus 4 anos, viajando com seus pais para as montanhas. No meio do caminho, um terrível acidente acontece no qual somente ele sobrevive.

Desesperado, corre para a floresta e seus perigos, mas acaba salvo pela misteriosa criatura com asas, pelos esverdeados e cara de cachorro: um dragão. Fazendo amizade com o monstro, Pete vive nas florestas tranquilamente por anos até ser confrontado por outros seres humanos. Nesse enorme choque de realidade, Pete terá de aprender a conviver de novo em sociedade enquanto tenta proteger, escondendo, seu amigo, o dragão.

Com o estúdio dando um projeto que não reúne muitas expectativas e, portanto, pressão financeira mais branda, David Lowery consegue emplacar toda a atmosfera indie – cenário de onde surgiu, em seu blockbuster milionário. Escrevendo e dirigindo, a forte inspiração no mito da Caverna de Platão reverbera inteiramente na obra – até mesmo pegando situações muito semelhantes de Quarto de Jack, filme de proposta mais sombria, mas muito similar a deste daqui.

Colocando o garoto em choque com a realidade e tentando se adaptar aos modos de vida reapresentados pelo casal protagonista e sua filha, Lowery consegue jogar bem com os elementos propostos. A interação mais crível e menos melodramática piegas é a de Pete com a pequena Natalie, interpretada por Oona Laurence, cheia de olhares curiosos e de fascínio pelo menino selvagem que é “adotado” por sua família: um madeireiro e uma guarda florestal – Bryce Dallas Howard estampando sua personagem cheia de afeto açucarado.

Lowery, porém, passa a levar o ritmo de seu longa em passos mais apressados, após o Pete voltar a se integrar na sociedade e redescobrir o amor paternal de Grace e Jack – apesar da interação com o casal ser bem básica e sem graça. O brilho fica por conta das graças de Pete com Elliot, o dragão, que apresentam os únicos momentos genuínos onde o longa parece se lembrar de seu público-alvo, o infantil.

Em questão de pouquíssimo tempo, a Disney surpreendeu com a pegada similar dos projetos de Bom Gigante Amigo e Meu Amigo, o Dragão. Assim como o longa de Spielberg, esse aqui também é uma obra deslocada que não consegue conversar muito bem com sua audiência por conta de não saber definir o assunto que quer abordar com mais afinco: a amizade do garoto com o dragão, a reinserção do menino à sociedade ou a construção de seu núcleo familiar. Mirando em três elementos mais densos que exigem desenvolvimento, Lowery se contenta apenas em arranhar diversos tópicos e contar uma história agradável. Seu filme também tem outra deficiência ao sacarmos que Lowery não é nenhum Steven Spielberg.

Não compartilhando apenas a atmosfera de O Bom Gigante Amigo, Lowery também comete os mesmos erros. Aliás, falhas que diversos filmes baseados em amizades extraordinárias cometem: a presença da figura antagonista desnecessária. Para inserir mais espetáculo visual e não deixar o personagem do dragão esquecido em meio as correrias de Pete, os roteiristas colocam o irmão de Jack, outro madeireiro, e mais alguns comparsas a fim de caçar e capturar o dragão para ganhar algum dinheiro exibindo o bicho. Nesse núcleo, também há uma mensagem contra o desflorestamento.

Novamente, esse núcleo rasteiro para inserir algumas piadas e ação moribunda a um filme mais denso só serviu para retirar tempo de tela que seria melhor utilizado para desenvolver Pete, que assim como Mogli, é bola de pinball que quica em todas bordas da história sem conseguir imprimir quaisquer grandes momentos – parte da culpa vem da atuação fraca de Oakes Fegley.

a direção, Lowery realiza um trabalho equivalente à sua escrita – sem ofender, mas também não surpreende. Como disse, o clima indie é presente no visual da obra conferido por uma paleta de cores frias e dessaturadas que pouco a pouco retomam a cor. O diretor também usa elementos interessantes como o livro que serve de foreshadowing, além de definir os laços profundos de afeto de Pete com Elliot.

O dragão, maravilhosamente construído por computação gráfica que não poupo nos detalhes e na física resultante das ações do bicho, tem suas características e poderes melhores utilizados. Por exemplo, durante a caçada de Gavin, Elliot usa sua invisibilidade o que rende um bom momento de jogo de pontos de vista entre o caçado e caçador, além da inversão de papéis ao longo da sequência.

Mesmo sem ousar, é impossível não afirmar que Lowery tem plena competência sobre a encenação, a câmera e de seus enquadramentos ricos, repleto de decupagem diversificada que explora as sutilezas de cada cenário ou locação. Às vezes, se vale de enquadramentos poderosos inferindo toda a ameaça que a sociedade representa para o dragão solitário – as aéreas que capturam o verde exuberante da floresta em contraste com o marrom pálido da terra desmatada.

Na câmera, o diretor utiliza as abordagens comuns ao seu habitat artístico: muita mobilidade e pouca estabilidade de eixo, além do uso de curta profundidade de campo. Com esses elementos muito simples da cinegrafia, ele consegue deixar o filme com o retrato indie tão desejado. Como não poderia faltar, temos diversas sequências preenchidas por música country “moderna”. Infelizmente, o excesso desse recurso acaba conferindo ares de videoclipe para algumas cenas como a qual Pete foge durante sua primeira visita à cidade.

Aponto que, estranhamente, senti uma profunda melancolia na projeção do longa. Não posso afirmar se isso acometerá outros, mas a atmosfera que Lowery cria aqui é um tanto depressiva. Até mesmo o clímax tenta superar um pouco essa fadiga que persiste, mas, mesmo sendo uma boa sequência, é difícil se livrar de toda a sonolência que pairou nos outros minutos de projeção.

Meu Amigo, o Dragão é um sim um bom filme, mas que dificilmente – pelo menos aqui no Brasil, terá impacto na audiência desejada. De ritmo inconstante, espetáculo com raros momentos de poesia e história que busca atingir diversos temas complexos, apenas consegue encher os olhos com sua exuberante beleza visual e render alguma diversão. Como os estúdios têm demonstrado interesse em história de amizades com criaturas extraordinárias, seria bom estudar um pouco as obras do Studio Ghibli como Ponyo e Meu Amigo Totoro. Se não quiserem observar o que os cineastas japoneses têm a ensinar, basta revisitar 1999 com o fantástico O Gigante de Ferro ou até mesmo E.T.: O Extra-Terrestre em 1982. Filmes de temas similares, mas muito mais felizes em suas realizações.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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