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Crítica | Tinha Que Ser Ele?

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Catálogo, Cinema, Críticas•16 de março de 2017•6 Minutes

O gênero cômico, tanto na literatura quanto no audiovisual, passou por seus ápices e declínios. Fosse com as narrativas irreverentes dos contos de fada ou com as histórias de comédia romântica adolescente que se tornaram praticamente atemporais – ou até mesmo com o humor ácido de obras mais introspectivas -, tal estilo tornou-se muito saturado pelos roteiros formulaicos e pelas delineações superficiais de seus personagens, transformando-se na comédia pastelão (a base dos longas criados por Adam Sandler, por exemplo).

Tinha Que Ser Ele? traz uma premissa nada original: a narrativa principal gira em torno de um pai (Bryan Cranston) que viaja para o sul da Califórnia para conhecer o namorado magnata (James Franco) de sua filha mais velha (Zoey Deutch). Não é muito difícil prever o que vai acontecer: os dois protagonistas irão se desentender e desencadear uma série de eventos em cadeira totalmente impossíveis e que, querendo ou não, arrancam uma ou outra risada do público.

O elenco também é formado por faces muito bem-vindas, incluindo a de Megan Mullally (cuja afinidade com a comédia vem de seus tempos de glória em Will & Grace), Keegan Michael-Key (dando vida a um personal stylist e treinador cômico e nem tanto caricaturado como se é de costume) e o novato Griffin Gluck, que emerge como o personagem mais maduro dentro de uma família desequilibrada e desajustada.

O principal problema do longa realmente reside na narrativa. A inverossimilhança, tão evitada em blockbusters norte-americanos ou até mesmos em filmes de menos circuito comercial, corre solta e causa estranhamento por serem foco das viradas principais e das superações de obstáculos. Tinha Que Ser Ele? inicia com uma conversa pelo Skype tão cruamente escatológica que a timidez das risadas talvez venha acompanhada de uma certa vergonha alheia – e as coisas apenas aumentam o nível da falta de bom senso: bordões repetitivos e desnecessários se mesclam com objetos de cena gritantes e pretensiosos, reafirmando de modo redundante a excentricidade de Laird (Franco).

Apesar disso, não posso negar que o filme tenta fugir aos estereótipos de produções similares, mesmo que não o consiga com tanto êxito. É de se esperar que tanto a máscara do pai quanto a máscara do namorado caiam e suas verdadeiras intenções sejam reveladas – porém, a personalidade destoante entre os dois formam uma camada relativamente complexa, provando que as aparências realmente enganam.

A conexão entre Cranston e Franco por vezes varre para debaixo do tapete a falta de relação entre os personagens. Todos ali são construções individuais que não conseguem fornecer em momento algum uma centelha de química. Eles funcionam isoladamente, e cada um possui sua subtrama bem delineada, ainda que o roteiro assinado por John Hamburg (também o diretor) e Ian Helfer recorra a saídas clichês – envolvê-los em arcos de redenção ou de superação que vão de lugar nenhum a nenhum lugar.

Como já dito, o longa tem os seus momentos de descontração. Ainda que muito longas, as sequências dialogais entre os protagonistas, ou até mesmo entre Ned (Cranston) e Stephanie (Deutch), são interessantes e conferem um certo ritmo dinamizado para a história. A falha, mais uma vez, reside em sua pretensão e sua vontade exacerbada se significar algo que não é. Além disso, o exagero próprio do subgênero pastelão aumenta exponencialmente e de modo tão visceral que chega a causar repulsa. Ao final do segundo ato, o grande clímax envolve um alce empalhado conservado na própria urina e uma luta mal coreografada.

Confesso ser decepcionante o fato de Hamburg afastar-se tanto assim de seu estilo neste longa. Ao contrário do que vemos em Eu Te Amo, Cara, uma obra que acredita em seu potencial sem forçá-lo a uma reflexão vazia, Tinha Que Ser Ele? não sabe para que lado apontar, e cria tantas subtramas cansativas e previsíveis que podemos supor com certeza absoluta o final antes do final do primeiro ato.

A grande “mensagem” da narrativa é não julgar o outro pela aparência física, e sim pelo que ele tem a oferecer para sua construção. Entretanto, esse ideal restringe-se a um plano intangível e que não se concretiza dentro da construção fílmica. A compreensão vem através do foreshadowing, um recurso relativamente interessante dentro de obras audiovisuais de comédia, mas que por vezes atinge sua cota de originalidade.

Apesar dos breves momentos humorísticos, Tinha Que Ser Ele? segue o padrão de seus predecessores, não acrescentando em nada para o gênero. A “salvação”, por assim dizer, vem com as performances e o peso atraído pelos nomes do elenco – e nem isso não significa muita coisa.

Tinha Que Ser Ele? (Why Him? – Estados Unidos – 2017)
Direção: John Hamburg

Roteiro: John Hamburg, Ian Helfer
Elenco: Bryan Cranston, James Franco, Megan Mullally, Zoey Deutch, Griffin Gluck, Keegan Michael-Key
Gênero: Comédia
Duração: 111 min.

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Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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