A defesa do humorista e influenciador Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, manifestou-se publicamente nesta terça-feira, 10 de junho, após ele ser condenado a 11 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por estelionato. Em nota, a advogada Camila Kersch rechaçou a decisão, negou a participação do cliente na gestão da loja virtual “Tadizuera”, no centro do caso, e levantou a suspeita de que a prisão dele teve motivação política. A defesa informou que irá recorrer da sentença.

A condenação e a versão da defesa: “Dilson nunca foi sócio”

Nego Di foi condenado no processo que investiga a loja virtual “Tadizuera”, acusada de não entregar produtos vendidos a consumidores. Segundo a nota de sua defesa, a participação do humorista no negócio foi estritamente na divulgação. “É essencial esclarecer que Dilson nunca foi sócio de Anderson Bonetti, tampouco participou da gestão da plataforma. Sua imagem foi utilizada para promover o projeto, confiando nas informações e responsabilidades atribuídas à outra parte envolvida”, afirma o comunicado.

A defesa alega que o próprio corréu, Anderson Boneti, reconheceu em interrogatório judicial que Nego Di também foi uma vítima do contexto, reforçando a tese de que ele não tinha controle sobre a operação comercial. Outro ponto criticado foi a aplicação da mesma pena a ambos os réus, sem uma individualização que considerasse as diferentes condutas, o que, segundo a advogada, desrespeita garantias constitucionais.

O comunicado também destaca que, durante o curso do processo, Nego Di “ressarciu de forma voluntária” todas as 18 vítimas envolvidas na ação julgada na Comarca de Canoas que aceitaram o acordo. A defesa critica a imprensa por noticiar que haveria mais de 300 vítimas, afirmando que o número gerou uma “percepção distorcida” do caso.

O timing da prisão e a acusação de motivação política

O ponto mais explosivo da nota da defesa é a cronologia que antecedeu a prisão preventiva de Nego Di, que levanta a suspeita de perseguição política. A advogada aponta que:

  • Em agosto de 2023, a polícia concluiu o inquérito e pediu a prisão preventiva de Nego Di.
  • Apenas 11 meses depois, em julho de 2024, o Ministério Público se manifestou a favor da prisão, e a justiça decretou a medida no mesmo dia.

A defesa destaca que essa movimentação do processo ocorreu “coincidentemente” após Nego Di ter se posicionado publicamente, entre maio e junho de 2024, com duras críticas à atuação do governo do Rio Grande do Sul durante as enchentes históricas que assolaram o estado. O humorista, que ganhou notoriedade nacional após sua participação no “Big Brother Brasil 21”, foi uma das vozes mais ativas nas redes sociais na fiscalização de doações e na cobrança de ações dos órgãos públicos.

Próximos passos: o recurso e a busca pela reversão da pena

A defesa de Nego Di informou que irá “interpor os recursos cabíveis contra a condenação”. A equipe se diz confiante de que as instâncias superiores da justiça irão reavaliar os fatos, reconhecendo os supostos “vícios processuais, a ausência de dolo e o comportamento colaborativo de Dilson ao longo de todo o processo”. O caso, que já era uma polêmica criminal, agora ganha contornos políticos e promete novos capítulos nos tribunais.

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