A frágil e poderosa aliança entre o bilionário Elon Musk e o presidente Donald Trump implodiu de forma espetacular nesta quinta-feira, 5 de junho. Em uma publicação que chocou o cenário político e midiático, o proprietário do X, de 53 anos, fez uma acusação direta e gravíssima contra o presidente, sugerindo que o envolvimento de Trump com o falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein é o motivo pelo qual documentos sobre o caso permanecem em sigilo.
A “bomba” de Musk e o silêncio da Casa Branca
Em sua plataforma social, Musk não mediu palavras: “Hora de soltar a bomba: @realDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Esse é o verdadeiro motivo pelo qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT!”, publicou o bilionário, em um ataque direto que representa uma ruptura definitiva com seu antigo aliado.
A alegação sem precedentes alimenta as teorias e a desconfiança que cercam os chamados “arquivos Epstein”. Embora o Departamento de Justiça tenha liberado uma série de documentos em fevereiro do ano passado, a divulgação foi considerada por muitos como parcial, sem uma lista completa de nomes associados ao financista. A “bomba” de Musk, feita sem apresentação de provas, agora coloca pressão máxima sobre a Casa Branca, cujo porta-voz, procurado pelo Page Six, ainda não emitiu comentários.
Um passado nebuloso: a longa e controversa relação entre Trump e Epstein
A conexão entre Trump e Epstein não é nova e remonta aos anos 90 e início dos 2000, quando eram frequentemente fotografados juntos em eventos sociais. Em uma notória entrevista à revista New York em 2002, Trump chegou a dizer que Epstein era um “cara fantástico” que “gosta de mulheres bonitas, e muitas delas são mais jovens”. Nos últimos anos, porém, Trump tem se distanciado publicamente, afirmando que teve um “desentendimento anos atrás” com o financista, que se suicidou na prisão em 2019.
A narrativa do rompimento é reforçada por alegações, como a do livro “The Grifter’s Club”, de que Trump teria banido Epstein de seu resort em Mar-a-Lago por assediar a filha de um dos membros. A complexidade dessa relação foi resumida por Mark Epstein, irmão de Jeffrey, que em 2024 contou ao The Post que seu irmão teria dito antes da eleição de 2016: “Se eu dissesse o que sei sobre os dois candidatos [Trump e Hillary Clinton], eles teriam que cancelar a eleição”.
Crônica de uma ruptura: os sinais da deterioração da aliança Musk-Trump
A hostilidade atual contrasta fortemente com o cenário de poucos meses atrás. Musk e Trump passaram a virada do ano juntos em Mar-a-Lago, e o bilionário exercia uma influência considerável no governo, liderando uma força-tarefa não oficial apelidada de “Doge”, com o objetivo de cortar gastos federais.
No entanto, os sinais de deterioração já eram visíveis. Em março, Trump fez um comentário depreciativo, aparentemente direcionado a Musk, sobre um “amigo muito rico” que usa a “droga da injeção de gordura” e que “não está funcionando”. No mês passado, a aparição de Musk com um olho roxo – que ele atribuiu a uma brincadeira com o filho – também alimentou rumores de um atrito físico entre os dois, embora sem confirmação. O estopim para a briga pública, no entanto, parece ter sido a discordância sobre um projeto de lei governamental, que levou a ameaças de Trump de cortar contratos de empresas de Musk.
De megadoador a inimigo declarado: as implicações da guerra entre os titãs
A declaração de guerra de Musk contra Trump marca o fim de uma das alianças mais pragmáticas e poderosas da política recente. De conselheiro não oficial e um dos maiores doadores de sua campanha, Musk agora se posiciona como um inimigo declarado, usando sua vasta plataforma para lançar a acusação mais danosa possível contra o presidente. A implosão dessa relação entre duas das personalidades mais imprevisíveis e influentes do mundo abre um novo e perigoso capítulo no já conturbado cenário político norte-americano.