O diretor Woody Allen prestou uma homenagem comovente e profundamente pessoal à sua ex-parceira romântica, musa e amiga de toda a vida, a atriz Diane Keaton, que faleceu no último sábado (11), aos 79 anos. Em um ensaio sincero publicado no jornal The Free Press, o cineasta de 89 anos relembrou o início do relacionamento, a importância dela como sua principal crítica e a lealdade inabalável da amiga, concluindo que o mundo agora é um “lugar mais sombrio” sem ela.
A carta é um retrato íntimo de uma das parcerias mais icônicas e complexas da história do cinema, um adeus a uma mulher que ele descreveu como “a mais única”.
‘Poderia eu estar apaixonado tão rapidamente?’
Allen relembrou o momento em que conheceu Keaton, em 1969, quando ela foi escalada para atuar ao seu lado em sua peça Play it Again, Sam. Após uma semana de timidez mútua, eles finalmente almoçaram juntos. “Aquele foi nosso primeiro momento de contato pessoal. O resultado é que ela era tão charmosa, tão bonita, tão mágica, que questionei minha sanidade. Pensei: ‘Poderia eu estar apaixonado tão rapidamente?'”, escreveu o diretor.
A única crítica que importava
Os dois rapidamente se tornaram um casal, e Keaton se tornou a confidente artística de Allen, a primeira pessoa a ver seu trabalho e a única opinião que realmente importava para ele.
“Eu nunca li uma única crítica do meu trabalho e só me importava com o que Keaton tinha a dizer sobre ele”, confessou o cineasta. “Se ela gostasse, eu contava o filme como um sucesso artístico. Se ela estivesse menos do que entusiasmada, eu tentava usar sua crítica para reeditar e chegar a algo com que ela se sentisse melhor.”
A amizade e a lealdade que sobreviveram a tudo
Mesmo após o fim do relacionamento amoroso, a amizade e a parceria profissional continuaram. Keaton estrelou um total de oito filmes de Allen, incluindo sua performance vencedora do Oscar em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), cujo título original, Annie Hall, é uma referência direta a ela.
O diretor também relembrou a lealdade inabalável da amiga. Nos últimos anos, em meio à era #MeToo, quando acusações de abuso contra Allen ressurgiram, Keaton foi uma das poucas figuras de Hollywood a defendê-lo publicamente. “Woody Allen é meu amigo e eu continuo a acreditar nele”, escreveu a atriz na época.
O adeus à ‘mais única’
Allen encerrou seu ensaio com uma reflexão melancólica sobre a perda. “Alguns dias atrás, o mundo era um lugar que incluía Diane Keaton. Agora é um mundo que não inclui. Portanto, é um mundo mais sombrio”, lamentou. “Ainda assim, existem seus filmes. E sua grande risada ainda ecoa na minha cabeça.”
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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