Simulação assustadoramente realista feita com Veo 3 do Google ultrapassa 14 milhões de views e faz internautas questionarem os limites da realidade digital

Nos últimos dias, um vídeo de apenas oito segundos tomou conta das redes sociais, confundindo até os usuários mais atentos. À primeira vista, parece apenas mais um clipe viral de “entrevista de rua”, em que um jovem segura um microfone e conversa com duas mulheres animadas — algo já comum no TikTok ou YouTube. Mas o que chocou a internet não foi a conversa esquisita, e sim o fato de que nada daquilo é real.

O vídeo foi totalmente gerado por inteligência artificial, usando o novo modelo de criação de vídeos do Google, o Veo 3. A tecnologia permite simular desde movimentos labiais sincronizados com fala, sons ambientes e expressões faciais realistas até a física do mundo real. Em outras palavras, parece uma cena real gravada com pessoas reais — mas é tudo simulado.

“Estamos ferrados com esse tópico!”

A conversa no vídeo — aparentemente aleatória e carregada de gírias — remete ao famoso momento da “Hawk Tuah Girl”, outro viral que nasceu da espontaneidade nas ruas. Porém, neste novo caso, o que intriga é que as falas foram escritas e encenadas digitalmente, criando um “momento autêntico” que nunca aconteceu.

Uma das mulheres solta frases desconexas como: “Vocês têm que dar crédito a eles, isso é loucura, acabou! Estamos ferrados com esse tópico!” — exatamente o tipo de nonsense que se espera num clipe real. E talvez por isso tanta gente caiu no conto.

Viralização e confusão digital

Desde que foi postado, o clipe já passou dos 14,4 milhões de visualizações no X (antigo Twitter), com milhares de comentários divididos entre admiração e alerta. Alguns chamaram o vídeo de “feitiçaria digital”, outros de “prova de que vivemos numa simulação”. O consenso? A tecnologia está assustadoramente convincente.

Um usuário comentou: “É tão realista que só percebi que era IA quando vi o vídeo pela terceira vez.” Outro foi mais direto: “Acabou para a humanidade.”

Por outro lado, alguns internautas garantem que conseguiram perceber a artificialidade: “Os rostos ainda são um pouco finos demais. E as pessoas do fundo desaparecem do nada.” Mas até os céticos reconhecem: o real e o falso estão mais próximos do que nunca.

O impacto do Veo 3 e a nova era dos vídeos

Anunciado em 20 de maio, o Veo 3 é um salto gigantesco nas capacidades da IA de vídeo. Segundo Eli Collins, vice-presidente de produtos do Google DeepMind, o modelo representa um novo patamar ao unir texto, imagem e lógica física para gerar cenas verossímeis.

A ferramenta permite adicionar vozes, efeitos sonoros e ambientação completa, dando liberdade para que qualquer pessoa com acesso ao sistema crie um vídeo que parece capturado do mundo real. Isso, naturalmente, levanta preocupações éticas e sociais: o que acontecerá quando for impossível distinguir um vídeo real de um falso?

Rumo ao fim da realidade confiável?

O caso do “vídeo de rua fake” reacende um alerta que já paira sobre o avanço da IA: a desinformação e o colapso da confiança no que vemos online. Em um mundo onde vídeos gerados por IA parecem tão reais quanto os captados com câmeras, quem decidirá o que é verdade?

Como resumiu um dos usuários no X: “Em breve, ninguém mais saberá o que é real ou falso.” E esse futuro, ao que tudo indica, já chegou.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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