Walter Delgatti Neto, o hacker que ficou nacionalmente conhecido por seu papel central na “Vaza Jato”, agora tem uma nova e infame rotina. Condenado por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ele está cumprindo sua pena na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo, conhecida por abrigar alguns dos presos mais famosos do Brasil. No pátio da unidade, Delgatti agora divide o espaço e até partidas de futebol com o ex-jogador Robinho.
A condenação e a nova vida em Tremembé
Preso desde agosto de 2023, Delgatti começou a cumprir sua pena definitiva de 8 anos e 3 meses de reclusão no início de junho, após o esgotamento dos recursos no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi condenado por invadir o sistema do CNJ e inserir documentos falsos, incluindo uma ordem de prisão forjada contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o crime teria sido encomendado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que também foi condenada a 10 anos de prisão e à perda do mandato. Atualmente, a parlamentar é considerada foragida pela justiça brasileira, com seu nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. Ela estaria na Itália, e o governo brasileiro já solicitou sua extradição.
Colegas de prisão notórios
Na P2 de Tremembé, Delgatti encontrou uma rotina que inclui interações com outros presos de casos de grande repercussão nacional. Segundo seu advogado, o hacker costuma jogar futebol com o ex-atacante da seleção brasileira e do Real Madrid, Robinho, que cumpre no Brasil a pena de nove anos por um estupro coletivo cometido na Itália. Os dois já teriam conversado sobre política e até trocado refeições.
Delgatti também relatou que está aprendendo a jogar xadrez com um ex-prefeito e que divide sua cela com um homem acusado de feminicídio. Sua convivência na penitenciária inclui outros nomes conhecidos do noticiário criminal, como o ex-médico especialista em reprodução humana Roger Abdelmassih, condenado por múltiplos estupros de pacientes; o empresário Thiago Brennand, acusado de agredir mulheres; e Fernando Sastre Filho, empresário do ramo imobiliário que responde pela morte de um motorista de aplicativo em um acidente com seu Porsche em São Paulo.
O legado da “Vaza Jato” e outros processos
Antes deste caso, Walter Delgatti já havia sido condenado em primeira instância a 20 anos de prisão na Operação Spoofing, a investigação sobre a invasão de celulares de autoridades da Operação Lava Jato, cujas conversas vazadas ficaram conhecidas como “Vaza Jato”. Neste processo, ele ainda aguarda o julgamento de recursos em segunda instância e, por isso, não cumpria pena por este crime específico.