A história da mineira Laysa Peixoto, de 22 anos, que viralizou nas redes sociais como uma futura astronauta brasileira, sofreu uma reviravolta drástica. A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) negou oficialmente qualquer vínculo com a jovem, afirmando que ela não faz parte de seus programas de treinamento. A negativa se soma a desmentidos de duas grandes universidades e a informações questionáveis sobre a empresa espacial privada que a levaria ao espaço.

A negativa da Nasa e a foto manipulada

O sonho de Laysa, que se apresentava no Instagram como “astronauta da turma de 2025”, começou a ruir após uma apuração do portal g1. Em nota enviada ao veículo, a Nasa foi categórica. “A página diz que ela é uma astronauta em treinamento, o que podemos afirmar que não é verdade. Há apenas dez candidatos oficiais a astronauta atualmente, e ela não é uma deles”, declarou a agência.

A investigação também apontou uma inconsistência grave. Em 2022, Laysa compartilhou fotos de um suposto “treinamento oficial de astronauta”, onde aparecia usando um capacete com a logomarca da Nasa. No entanto, a mesma imagem em seu perfil do Instagram não possui o logo, o que, segundo a apuração, indica uma possível manipulação digital para adicionar o emblema da agência e dar credibilidade à sua história.

Os critérios para se tornar um astronauta da Nasa são extremamente rigorosos, exigindo mestrado em áreas de ciência ou engenharia, além de vasta experiência profissional ou horas de voo, e aprovação em rigorosos exames físicos. Laysa não se enquadra em nenhum dos pré-requisitos.

Universidades também desmentem a jovem

A checagem se estendeu à vida acadêmica de Laysa. Ela afirmava em seu perfil e em entrevistas que cursava um mestrado em Aplicação de Computação e Física Quântica na prestigiada Universidade Columbia, em Nova York. Contudo, em nota, a instituição norte-americana informou que “não encontrou qualquer registro” com o nome da brasileira em seus programas.

No Brasil, Laysa declarou ser estudante de física na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A universidade, por sua vez, confirmou que ela ingressou no curso, mas foi oficialmente “desligada” após não realizar a matrícula para o segundo semestre letivo de 2023.

O voo espacial incerto com a Titans Space

O ponto central da história de Laysa era sua participação no voo inaugural da Titans Space, uma empresa privada que oferece viagens espaciais. Em seu site e redes sociais, ela afirmava que faria parte de uma missão em 2029.

A Titans Space confirmou ao g1 que a jovem foi, de fato, selecionada para uma “viagem futura”, mas não esclareceu se sua função seria de astronauta (com atribuições técnicas) ou de turista espacial. O nome de Laysa não consta na lista de membros técnicos no site da companhia.

O golpe final na narrativa veio da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA). O órgão regulador afirmou que a Titans Space não possui a licença necessária para operar voos espaciais tripulados, o que, no momento, inviabiliza completamente a realização da missão descrita por Laysa.

Procurada para comentar as inconsistências, a jovem informou na última sexta-feira (6) que quaisquer esclarecimentos seriam prestados por sua assessoria, mas não houve um novo pronunciamento até o momento. 

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