Filme live-action da Disney é sucesso de bilheteria, mas decisões criativas sobre vilões, personagens e o desfecho familiar estão dividindo opiniões
O remake live-action de Lilo & Stitch estreou com força total nos cinemas, arrecadando impressionantes US$ 341 milhões mundialmente. No entanto, mesmo com uma recepção crítica moderadamente positiva — 7,1 no IMDb e 68% no Rotten Tomatoes — o filme tem enfrentado forte reação negativa de fãs nostálgicos, especialmente devido às mudanças drásticas em relação ao clássico animado de 2002.
Alterações no enredo provocam polêmica
Diferente de outros remakes da Disney, que costumam se manter fiéis ao material original, Lilo & Stitch opta por recontar a história com diversas alterações significativas, que para muitos fãs distorcem a mensagem central da animação: a importância incondicional da família.
1. Capitão Gantu foi apagado
O icônico vilão da animação, Capitão Gantu, foi completamente removido da nova versão. Em seu lugar, o cientista Jumba assume o papel de principal antagonista, embora ele tenha sido mais cômico e ambíguo no original.
2. Pleakley não se disfarça mais
O personagem Pleakley, que frequentemente se disfarçava de mulher no filme original, também foi alterado. Segundo o diretor, a equipe “tentou”, mas optou por seguir outro caminho, eliminando um dos elementos mais memoráveis e únicos do personagem.
O novo final que revoltou os fãs
A mudança mais criticada foi, sem dúvida, o final. Na animação original, Lilo e Nani permanecem juntas com Stitch, reforçando o mantra do filme:
“Ohana significa família. Família significa que ninguém fica para trás ou é esquecido.”
No remake, entretanto, Nani parte para estudar biologia marinha na universidade, deixando Lilo sob os cuidados de David e sua avó. Embora Stitch permaneça com eles, a separação foi interpretada por muitos como uma ruptura direta com a essência emocional do original.
Críticas sociais e culturais abafadas
Fãs também apontam que o remake diminui ou elimina críticas sociais importantes que estavam presentes na versão original. A animação de 2002 trazia à tona a atuação de órgãos de proteção à criança (como a CPS nos EUA) e discutia, de forma sensível, a vulnerabilidade de famílias nativas e imigrantes diante do sistema estatal.
Agora, com a separação de Nani e Lilo sendo apresentada como positiva e respaldada pelo sistema, muitos enxergam uma higienização narrativa que suaviza críticas ao colonialismo e à burocracia institucional.
“O estado tirando crianças nativas de suas famílias e as colocando em outro lugar é um problema real que este filme tenta retratar como um final feliz,” comentou um usuário no Reddit.
Divisão entre nostalgia e crítica
Apesar do sucesso financeiro e avaliações positivas no geral, Lilo & Stitch (2024) divide o público entre novos espectadores e fãs antigos, que sentem que a identidade cultural e emocional da obra foi diluída.
Para quem cresceu com a animação, o live-action pode soar como um espetáculo visual que perdeu o coração de sua narrativa original.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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