Enquanto Superman, de James Gunn, voa alto nas bilheterias dos Estados Unidos, seu desempenho no mercado internacional tem sido mais contido, levantando um debate sobre os desafios de se vender o Homem de Aço para um público global no atual cenário geopolítico. Analistas apontam que a imagem historicamente “pró-americana” do personagem, reforçada por um meme postado pelo presidente Donald Trump no dia da estreia, pode estar dificultando sua aceitação em outros países.
O filme é um sucesso inquestionável na América do Norte, onde já ultrapassou a marca de US$ 250 milhões em menos de duas semanas. Globalmente, já soma mais de US$ 400 milhões. No entanto, a divisão dessa arrecadação chama a atenção: em seu fim de semana de estreia, apenas 42% do faturamento veio de mercados estrangeiros, uma porcentagem baixa para um blockbuster deste porte.
O “jeito americano” e o fator Trump
A Warner Bros., estúdio por trás do filme, há anos tenta minimizar a pátina patriótica do herói. Em 2006, o estúdio abandonou o slogan “o jeito americano” na divulgação de Superman – O Retorno. Em 2013, o filme de Zack Snyder foi intitulado O Homem de Aço, evitando o nome do herói. No novo longa, James Gunn alterou o lema para “verdade, justiça e o jeito humano”.
No entanto, esses esforços foram ofuscados quando, no dia da estreia, o presidente Donald Trump postou em suas redes sociais um meme de si mesmo com o traje do herói, reforçando a associação do personagem com a política americana.
O próprio James Gunn reconheceu o desafio em uma entrevista recente. Sem citar Trump diretamente, ele admitiu: “Temos um certo sentimento antiamericano ao redor do mundo agora. Não está nos ajudando muito.”
A competição feroz e o novo cenário global
Além da questão de imagem, Superman enfrenta outros dois grandes obstáculos no exterior. O primeiro é a competição com Jurassic World Rebirth, que se tornou um fenômeno global e tem dominado mercados-chave. Na China, por exemplo, o filme dos dinossauros já arrecadou US$ 72 milhões, enquanto Superman estreou com modestos US$ 7 milhões.
O segundo obstáculo é a própria China. O país, que antes era um mercado essencial para o sucesso de Hollywood, tem dificultado a entrada de filmes ocidentais para priorizar produções nacionalistas, uma tendência que se agravou em retaliação às políticas de Trump.
Um sucesso doméstico inegável
Apesar das dificuldades no exterior, a DC Studios e a Warner Bros. têm muitos motivos para comemorar. O sucesso de Superman nos EUA, com uma estreia de US$ 122 milhões e uma forte sustentação na segunda semana, é uma vitória inaugural crucial para o novo Universo DC. Fontes do estúdio acreditam que o bom boca a boca ainda pode ajudar o filme a melhorar seus números internacionais nas próximas semanas, mesmo com a chegada do concorrente Quarteto Fantástico: Primeiros Passos.