Tarifa de impacto: Trump quer 100% sobre filmes produzidos fora dos EUA
Em uma nova medida polêmica, o ex-presidente Donald Trump anunciou que instruiu seu governo a aplicar uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos no exterior que forem lançados nos Estados Unidos. A proposta, divulgada no domingo por meio da rede Truth Social, levanta preocupações sérias entre grandes estúdios, cineastas e executivos da indústria do entretenimento.
Segundo Trump, a medida tem como objetivo conter a fuga de produções para fora do território americano, prática que se intensificou nos últimos anos por conta de incentivos fiscais oferecidos por países como Reino Unido, Austrália, Irlanda e Nova Zelândia. “Hollywood está sendo devastada. Esta é uma ameaça à segurança nacional”, escreveu o ex-presidente, acrescentando que deseja “filmes feitos na América novamente”.
Atores e estúdios sob alerta: o que está em risco?
Caso a tarifa realmente entre em vigor, seu impacto pode ser devastador. Gigantes como Disney, Marvel Studios, Warner Bros. e Lionsgate já realizam grande parte de suas filmagens em territórios estrangeiros, seja por razões econômicas ou logísticas.
Filmes como Missão: Impossível – O Acerto de Contas Final, gravado em diversos locais do mundo, e Avatar: Fogo e Cinzas, filmado na Nova Zelândia, seriam diretamente afetados. Até mesmo produções futuras, como Vingadores: O Juízo Final, Homem-Aranha: Um Novo Dia e Star Wars: Starfighter, estão sendo rodadas no Reino Unido, o que as colocaria na mira da nova tarifa.
Executivos de estúdios já expressam preocupação. “Vancouver acabou”, disse uma fonte anônima à imprensa, referindo-se a um dos maiores polos de filmagem para TV fora dos EUA.
Medida política ou econômica? As motivações por trás da tarifa
Durante entrevista à C-SPAN, Trump culpou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, pela perda de competitividade da indústria cinematográfica americana, além de acusar outros países de “roubarem” os filmes dos Estados Unidos. “Outras nações estão apoiando financeiramente as produções, e isso representa uma ameaça ao nosso país”, afirmou.
A proposta se alinha a um plano maior do ex-presidente, que também cogita impor tarifas mínimas de 10% sobre todos os produtos importados. Essa política provocou oscilações no mercado financeiro, com quedas no S&P 500 e Dow Jones, seguidas de uma recuperação após o anúncio de uma “pausa de 90 dias” nas tarifas, exceto contra a China.
Futuro incerto: reação do setor e questões sem resposta
A Motion Picture Association ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova diretriz proposta por Trump. Também não está claro se haverá um período de carência para filmes já produzidos ou se a tarifa será aplicada retroativamente. As incertezas jurídicas e comerciais aumentam a apreensão dentro da indústria.
Além do cinema de grande orçamento, filmes independentes e produções de vídeo sob demanda, muitas vezes gravadas em países como Romênia e Bulgária por seus baixos custos operacionais, também podem sofrer consequências graves.
Enquanto Hollywood digere o anúncio, a proposta reacende o debate sobre protecionismo cultural, política industrial e o papel dos EUA em um mercado globalizado de entretenimento. Se implementada, a tarifa pode não apenas mudar a forma como os filmes são feitos, mas também onde e para quem eles serão feitos.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
Contato: matheus@nosbastidores.com.br


