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Crítica | Jogos Mortais 4 - A morte deveria ter parado Jigsaw

Guilherme Coral Guilherme Coral
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•30 de novembro de 2017•9 Minutes

Curioso observar a trajetória da franquia Jogos Mortais observando as fundamentais diferenças entre o primeiro filme e suas sequências. Enquanto que suas sequências esbanjaram da violência explícita e gore, o longa-metragem inaugural da série, sob direção de James Wan, optava por ocultar muito dos elementos mais gráficos, deixando bem claro o que estava acontecendo, mas sem chocar o espectador com desnecessárias cenas demasiadamente expositivas. Bom exemplo disso é a própria resolução final do Dr. Gordon. Dessa forma, o que Wan construiu flertava mais com o terror psicológico, criando angústia pelas situações e não pelas fortes imagens em si.

Darren Lynn Bousman, que assumiu a franquia logo no segundo filme, no entanto, seguiu por outro caminho. Desde sua estreia com Jogos Mortais 2, a violência se tornou muito mais explícita, exigindo de nós estômagos muito mais fortes para aguentar toda a projeção. Os criativos “jogos” criados por Jigsaw, com uma ou duas vítimas, ambas com razões claras para estarem ali (na mente do assassino, claro), são substituídos pelo espetáculo gore, que visa matar o maior número possível de personagens das mais variadas formas. Chegamos, então, ao que, até então, seria o auge da deturpação da visão de James Wan – que mesmo assim não era ausente de certos defeitos – quando, em Jogos Mortais 4, a franquia continua existindo mesmo sem o problemático gênio do crime por trás de toda a história. Mas, se Sexta-Feira 13 sobreviveu sem Jason, então, teoricamente o mesmo valeria para a série em questão, não é mesmo?

Não por acaso, pois, a obra tem início justamente com o corpo de Jigsaw, ou John Kramer (Tobin Bell), em quadro. De imediato somos lembrados dos acontecimentos do longa anterior, enquanto o cadáver passa pela sua necrópsia, em uma sequência que dura e mostra muito mais do que deveria, revelando, desde já, a pretensão de Bousman em criar o desconforto através do gore. O que ninguém esperava (exceto nós, espectadores, claro) é que dentro do estômago de Kramer haveria uma fita cassete, dando início a mais um extenso jogo orquestrado por Jigsaw. Não muito tempo depois, os policiais Mark Hoffman (Costas Mandylor) e Daniel Rigg (Lyriq Bent) são sequestrados, ambos forçados a participarem de uma corrida contra o tempo, enquanto um simplesmente deve esperar que o outro o salve, antes de ser eletrocutado. Em paralelo, os agentes do FBI, Peter Strahm (Scott Patterson) e Jill Tuck (Betsy Russell), tentam descobrir o paradeiro dos dois policiais desaparecidos.

Ao terminar a projeção de Jogos Mortais 4, chega a ser engraçado constatar a irrelevância de toda a subtrama envolvendo os já citados agentes. A presença desse lado thriller policial claramente só está presente para que a obra siga a fórmula estabelecida pelo primeiro filme, oferecendo ainda mais informações sobre o passado de John Kramer e o que o motivara a embarcar nessa sádica jornada. O grande problema desses retcons é que eles enfraquecem nossa percepção da franquia como um todo – soam como detalhes pensados a posteriori, não tendo sido planejados desde o longa inaugural. Tudo isso acaba deixando apenas ridículo o surgimento de, a cada filme, uma nova motivação para o assassino, fazendo tudo soar como uma criança contando uma história na base do “e aí isso aconteceu”.

Ao menos, nesses extensos e frequentes flashbacks, Tobin Bell aparece na sua melhor forma, dando luz a um criminoso multifacetado, quase nos fazendo esquecer de todos os problemas levantados anteriormente. De marido preocupado ele se transforma em um verdadeiro monstro, frio e calculista, o que apenas comprova que sua (parcial) ausência na série será sentida. Mesmo com esse ponto positivo, porém, não temos como ignorar a nítida fragmentação narrativa criada por esses constantes vai-e-vem , impedindo que tanto a subtrama policial, quanto a luta pela sobrevivência dos policiais sejam desenvolvidas no ritmo adequado, de maneira fluida.

Não ajuda, também, o fato da criativa, porém exagerada, montagem de Kevin Greutert e Brett Sullivan demonstrar mais preocupação em chamar a atenção para si, do que para, efetivamente, esconder essas transições de foco narrativo. Mais de uma vez, ao longo da projeção, contemplamos cenas em locais distintos e até mesmo em tempos diferentes se misturando com outras, em ação contínua, recurso que funcionaria perfeitamente em um videoclipe, mas que, aqui, tira nossa atenção da trama, quebrando nossa imersão consideravelmente. A linguagem mais clássica cairia bem nesse filme, principalmente por esse lidar com tantos personagens em distantes ambientes uns dos outros.

Grande mistério tal escolha por parte da montagem, se considerarmos as visíveis diferenças de cor entre cada arco. No foco nos agentes do FBI predominam as tonalidades mais frias, azuladas, refletindo o caráter da investigação e todo o distanciamento emocional imprescindível para tal. Já nas sequências envolvendo Daniel Rigg, um dos policiais que faz parte do “jogo”, as cores assumem tons quentes, os quais dialogam com o objetivo de Jigsaw em incitar a raiva no policial em relação aos criminosos que encontra ao longo do filme – de um lado, portanto, temos o que a lei deve ser e do outro a falha e humana representação dessa em nossa sociedade. Naturalmente que os tons avermelhados remetem, também, à forte violência gráfica presente no filme Por fim, o verde, em pontuais momentos, assume o palco central, de forma ainda mais óbvia, refletindo a vilania, a deturpação da mente do assassino principal.

Pensando nisso, chega a ser curioso como aquele que deveria demonstrar mais emoção, Rigg, é o que menos o faz, fruto da nada expressiva atuação de Lyriq Bent. Similarmente, temos o trabalho de Costas Mandylor, como Hoffman, que torna o ponto de virada final extremamente previsível, tendo sido já praticamente anunciado nos minutos iniciais do filme. São fatores como esse que nos impedem de nos aproximar ou nos importar com qualquer personagem do longa, sentimento esse que parece ser compartilhado pelos próprios personagens, que, diante de algumas mortes, não revelam uma pitada de preocupação. Possivelmente essa ausência de expressão por parte dos atores é o que tenha motivado o diretor a empregar, extensivamente, seus planos curtos entrecortados, que misturam a realidade com imaginação dos indivíduos em tela, revelando mais de suas mentes que o roteiro ou atuações. O problema desse recurso é o exagero na quantidade de vezes que é utilizado, chegando ao ponto de criar incômodos visuais, quando não risadas por parte do espectador.

Podemos extrair, portanto, uma palavra que melhor define Jogos Mortais 4 e, por conseguinte, tudo o que a franquia se tornou após seu primeiro filme: exagero. Da direção à montagem, praticamente todos os elementos do longa-metragem esbanjam de recursos narrativos falhos, escondendo quase que por completo os poucos acertos da obra. Jigsaw se foi e, aparentemente, a alma dessa série de filmes foi junto, nos distanciando fundamentalmente de seu filme inaugural, que ainda tentava esconder o gore, sendo pautado na simplicidade e não no violento espetáculo.

Jogos Mortais 4 (Saw IV, EUA/ Canadá – 2007)

Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Patrick Melton, Marcus Dunstan
Elenco: Tobin Bell, Costas Mandylor, Scott Patterson, Betsy Russell, Lyriq Bent, Athena Karkanis, Louis Ferreira, Simon Reynolds, Donnie Wahlberg
Gênero: Terror, suspense
Duração: 93 min

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Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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