Era o Monstro? | O Final de The Cloverfield Paradox explicado (SPOILERS)
SPOILERS!
Todos nós fomos pegos de surpresa ontem à noite, quando a Netflix soltou o primeiro trailer de The Cloverfield Paradox e anunciou que o filme da Bad Robot estaria disponível para exibição no mesmo dia. Ligando-se de alguma forma com Cloverfield: Monstro e Rua Cloverfield 10, a antecipação para a ficção científica produzida por J.J. Abrams logo explodiu, afinal esta é uma franquia que chama a atenção por sua originalidade e um raro fator surpresa.
Infelizmente, o filme falha em atingir todas as expectativas, e deixa um nó ainda maior em relação à cronologia da franquia - que vai ganhar um novo capítulo ainda este ano, ambientado na Segunda Guerra Mundial.
O Paradoxo
Vamos estabelecer algumas coisas:
No começo do filme, um escritor alerta para que a equipe de cientistas na Estação Cloverfield não conduza o experimento com o acelerador de partículas, visto que isso renderia no que ele chama de Paradoxo Cloverfield, onde o processo mexeria com a membrana do espaço-tempo e criaria realidades alternativas populadas com monstros, criaturas e até demônios. Ele até enfatiza monstros marinhos, e isso é importante.
A equipe realiza da mesma forma, através do dispositivo Shepard, e logo se encontra em uma realidade diferente. A Terra está passando por novas guerras, uma tripulante da mesma estação aparece ali repentinamente e uma série de outros incidentes bizarros começa a acontecer.
O mais crucial dele está na Terra, na primeira realidade: uma explosão assusta os habitantes, e força que a população se esconda em abrigos antibombas. Através de fragmentos de diálogos, aprendemos que são "coisas" lá fora, e a tomada final do filme, em que Ava cai de volta na Terra em sua realidade, revela o monstro gigantesco do primeiro filme.
Realidades Paralelas, Tempos diferentes
O primeiro Cloverfield é ambientado em 2008. Tem tecnologia, celulares e câmeras de 2008. "Beautiful Girl" toca em uma festa de apartamento, então não tem como negar isso. Tanto Cloverfield Paradox quanto Rua Cloverfield 10 são ambientados nos anos 2010, com smartphones e outras evidências que comprovam que os eventos do primeiro filme não tiveram ramificações aqui; Manhattan foi destruída com uma bomba nuclear, e havia ainda uma mensagem oculta nos créditos finais clamando que a criatura estava viva. Além disso, é muito importante lembrar que a criatura do primeiro filme é marinha, o que casa com a fala do escritor em Paradox, além de o ataque à Nova York acontecer após uma misteriosa explosão, da mesma forma como acontece no novo filme. Isso nos mostra que o ataque à NY foi provocado pelo acidente com o acelerador de partículas, que fez o monstro surgir ali. Mas como?
Então, quando vemos o mesmo monstro do primeiro filme no final de Paradox, NÃO estamos naquela noite em Nova York de 2008, quando Rob, Hud e seus amigos corriam para sobreviver. Estamos em algum ponto dos anos 2010, e talvez até seja a mesma realidade onde Michelle e Howard habitam em Rua Cloverfield 10; onde uma invasão alienígena acaba acontecendo. Vemos apenas uma criatura e uma nave espacial, mas ambas são diferentes do design do monstro. Porém, nada impede que ambos ocupem a mesma "classe" de combatentes, ou que o acidente com as partículas tenha dado origem a diferentes tipos de criaturas. Foi dito em 2008 que a criatura do primeiro Cloverfield era um mero "bebê", o que explica porque o monstro no final deste filme seja tão enorme.
Existe também a possibilidade de que o acidente com a Shepard tenha afetado múltiplas camadas de um multiverso. Provocou uma explosão na realidade A, representada por Cloverfield: Monstro, afetou os eventos da realidade B, onde temos a Rua Cloverfield 10, e assim por diante. Dessa forma, nenhum filme dessa franquia está diretamente relacionado, habitando diferentes realidades de um mesmo todo - vemos marcas conhecidas de ambos os filmes, como o posto Kelvin e a bebida Slusho. E se o quarto filme é ambientado na Segunda Guerra Mundial, envolvendo nazistas trabalhando com forças sobrenaturais, é mais um indício de que o evento com Shepard de fato afetou múltiplas realidades paralelas em tempos diferentes.
É isso. Antes descrita como uma antologia - o que de certa forma, ainda é - a franquia Cloverfield agora se revela um grande universo com diferentes realidades e linhas temporais, cada uma sendo afetada pelo acelerador de partículas e agora tendo seus próprios monstros e eventos sobrenaturais para lidar. A questão que fica é: ainda vai ter graça ver cada novo filme, agora que já sabemos a solução do mistério?
Crítica | Rua Cloverfield 10 - Uma antologia se concretiza
Há dois meses, algo que é praticamente impossível em tempos de vigilância constante em novas produções cinematográficas e rotineiros vazamentos de roteiro, scoopers e outros casos de “jornalismo investigativo do entretenimento”. Durante as primeiras sessões de 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi (primeiro grande lançamento da Paramount no ano), o público se surpreendeu ao encontrar o primeiro trailer teaser de Rua Cloverfield 10, cujo título imediatamente nos remetia ao filme de 2008 que também nasceu de uma jogada de marketing repentina e imediata. O que era ainda mais incrível? O filme sairia em apenas dois meses.
É incrível pensar que o público ainda pode ser pego de surpresa. Foram 8 anos desde rumores e especulações sobre uma possível continuação de Cloverfield (tendo até rumores de que Super 8 seria a esperada sequência), apenas para que a Bad Robot de J.J. Abrams a jogue em nossos colos com apenas dois meses de separação de sua estreia. Mas é importantíssimo atestar aqui que Rua Cloverfield 10 não é uma continuação direta do filme found footage. O próprio Abrams veio a público chamar o filme de “um primo distante” ou “parente de sangue” com o original de 2008, e que a ideia seria iniciar uma série de antologia com episódios que habitem esse universo.
Com isso, este filme começa com Michelle (Mary Elizabeth Winstead), uma estudante de moda que sofre um acidente de carro em uma estrada rural. Ela acorda acorrentada em um abrigo subterrâneo, onde o misterioso Howard (John Goodman) alega ter salvado sua vida após o acidente, além de clamar que o ar foi tomado por uma substância tóxica após um ataque devastador. Além deste, temos Emmet (John Gallagher Jr), outro habitante do local que também acredita na informação de ambiente inóspito. Mas, claro, o roteiro assinado pela dupla Josh Campbell e Matthew Stuecken e revisado por Damien Chazelle brinca com a dúvida.
Seria Howard um psicopata? Ou temos mesmo um mundo tóxico acima da terra? E o que diabos isso tem a ver com um monstro gigante arrebentando Nova York? Para o bem do entretenimento do espectador, é necessário que se entregue a este filme como algo independente. Um thriller de confinamento com ecos de O Quarto de Jack e até alguns ótimos momentos da série Lost, e que é capaz de se sustentar sozinho como uma história isolada. O estreante Dan Trachtenberg se sai muito bem em sua direção contida, mas eficiente, sendo bem sucedido em criar uma dúbia atmosfera de suspense e pavor.
Trachtenberg oferece muito espaço para dirigir seus atores, rendendo cenas antológicas que são fortalecidas pela montagem de Stefan Grube e a arrepiante trilha sonora de Bear McCreary, como uma específica cena de jantar e um jogo de palavras que acaba tomando um rumo perturbador. E o que dizer do plano plongeé que traz um parafuso caindo? Um dos momentos que certamente fará o espectador berrar por dentro dado o contexto da cena em particular.
E, claro, o trio do elenco é excepcional. A começar por John Goodman, espetacular na pele do ambíguo Howard; mesmo que sua aparência e intenções sejam acolhedoras, Goodman trabalha muito bem o aparente lado sombrio do personagem, como ao ditar ordens de forma pacífica e indireta (“Você vai amar aprender a cozinhar”, por exemplo) e os repentinos surtos de raiva. É sem dúvida uma das melhores performances de sua carreira, e fico triste que o longa tenha sido lançado em uma data que impossibilita a presença de Goodman em premiações.
Já Mary Elizabeth Winstead se beneficia de ter o melhor arco da produção, tendo em Michelle uma mulher que costuma fugir diante de situações problemáticas, mas que acaba em uma metamorfose interessante enquanto vive no bunker de Howard. Dada a natureza do gênero e o clima geral de confinamento do longa, é impossível não compará-la com a Tenente Ripley de Sigourney Weaver em Alien, O Oitavo Passageiro, na básica transição de mocinha em perigo para heroína destemida; sem perder a sensualidade, vale apontar.
Mas vamos falar sobre o tal Cloverfield, e prometo não revelar spoilers. Não temos referências diretas a acontecimentos do original, e a presença de iPhones e outros objetos de cena nos evidencia uma trama que não se desenrola em uma espaço de tempo próximo do primeiro filme. O texto de Campbell, Stuecken e Chazelle, porém, é esperto ao jogar referências dúbias ao longo da narrativa, trabalhando bem o foreshadowing de certas ações que serão vitais no terceiro ato.
E como prometi não entregar nenhuma reviravolta, basta dizer que a conclusão do longa dividirá o público. Pessoalmente gostei pela surpresa e por tudo o que representa para esta nova (?) franquia, algo digno dos melhores episódios de Além da Imaginação e um desfecho altamente simbólico para o arco de Michelle. Funciona em alguns níveis, mas realmente é algo que pegará todos os espectadores de surpresa.
No fim, Rua Cloverfield, 10 flerta com um tipo diferente de franquia. De fato não é uma continuação direta, nem um prequel ou coisa do gênero, mas sim uma história isolada intensa e eletrizante que pode habitar um mesmo universo cinematográfico. E isso é algo muito mais empolgante do que os MCUs da vida.
Rua Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane, EUA – 2016)
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken, Damien Chazelle
Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr.
Gênero: Suspense
Duração: 103 min
https://www.youtube.com/watch?v=guGBUaxtwxE
Crítica | A Hora do Pesadelo 6 - O Pesadelo Final: A Morte de Freddy - Uma catástrofe
A situação não ia bem para Freddy Krueger e a New Line. O quinto capítulo da franquia tinha entregado um resultado de bilheteria decepcionante, sem falar na rejeição crítica agressiva – até mesmo para a fanbase do personagem. Com tudo isso em mente, o estúdio chuta o balde e já coloca spoiler no título, com A Hora do Pesadelo 6: O Pesadelo Final – A Morte de Freddy (ou simplesmente, Freddy’s Dead) na promessa de encerrar a franquia para sempre.
Bem, a trama se ambienta dez anos depois do anterior, com Freddy (Robert Englund, onipresente) sendo bem sucedido em assassinar quase todas as crianças de Springwood. Entra em cena a dra. Maggie Burroughs (Lisa Zane), que lidera o novo grupo de sobreviventes e tenta usar um fator pessoal para destruir o assassino de uma vez por todas.
Olha, seguindo a lógica iniciada em O Maior Horror de Freddy, não é muito difícil de se adivinhar qual a conexão entre Maggie e Freddy, mas esse é apenas o menor dos problemas da produção. O roteiro de Michael De Luca (sim, o produtor hot shot da Sony Pictures começou aqui) peca ao oferecer ainda mais justificativas para o passado de Freddy Krueger, agora nos forçando a acompanhar até mesmo a infância do maníaco, apenas para forçar com abusos, injustiças e uma série de tragédias que ajudaram a criar sua persona de psicopata. E pior, a justificativa para os poderes após sua morte é risível. Risível até para parâmetros Grindhouse, quando os vermes voadores (desculpe, os “Dream Demons”) aparecem como um exemplo grotesco de como não se usar stop motion com CGI.
A direção de Rachel Talalay também não é inspiradora. Mesmo que traga algumas boas ideias para a concepção dos sonhos, a execução delas se aproxima mais de um cartoon tosco do que com a marionete gigante em Guerreiros dos Sonhos ou a sequência da barata em O Mestre dos Sonhos, onde havia também uma preocupação em chocar o espectador. Agora, vemos Freddy jogando videogame com uma de suas vítimas, andando de skate e até se materializando em forma de desenho animado. Nada muito memorável, de fato.
A Morte de Freddy é, no mais puro sentido da palavra, tosco. Não traz nenhuma morte elaborada ou memorável (o mínimo, convenhamos) e aposta em ainda mais elementos forçados para a mitologia de seu um dia glorioso personagem. Felizmente, Krueger teria a chance de ter uma despedida mais decente alguns anos depois…
A Hora do Pesadelo 6: O Pesadelo Final – A Morte de Freddy (Freddy’s Dead: The Final Nightmare, 1991 – EUA)
Direção: Rachel Talalay
Roteiro: Michael De Luca
Elenco: Robert Englund, Lisa Zane, Ricky Dean Logan, Lezlie Deane, Yaphet Kotto, Breckin Meyer, Shon Greenblatt
Gênero: Terror
Duração: 89 min
https://www.youtube.com/watch?v=nGQP6PIXzyc
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Crítica | Scott Pilgrim contra o Mundo - Tudo o que um nerd quer
É curioso como uma forma de Arte muitas vezes se combina com outra para uma obra especial. A série de quadrinhos Scott Pilgrim do canadense Bryan Lee O’Malley é um exemplar perfeito desse cenário, sendo uma história em quadrinhos que abraça fortemente os elementos desse estilo de história, ao mesmo tempo em que sua narrativa vai adotando características claramente cinematográficas, outras que encontraríamos em seriados de televisão e, principalmente, a estética do videogame. É uma história riquíssima que ganha um tratamento magistral pelas mãos de Edgar Wright em Scott Pilgrim Contra o Mundo, obra que também merece o título de especial.
A trama comprime todas as seis edições originais em uma única história, nos apresentando a Scott Pilgrim (Michael Cera), um descolado baixista de banda de garagem que ainda não tem certeza do que fazer com a vida. Tudo muda quando ele conhece a garota dos seus sonhos: a misteriosa Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), apaixonando-se instantaneamente. O problema é que Ramona possui sete Ex-Namorados do Mal, e Scott deverá derrotá-los a fim de prosseguir com o namoro.
Pois é, Scott Pilgrim até começa como o uma história normal, mas a chegada dessa improvável “Liga” de antagonistas transforma completamente a narrativa. A partir desse momento, temos o que pode ser considerado o melhor filme de videogames já feito, mesmo que o material base seja uma história em quadrinhos. Scott magicamente adota habilidades, golpes de luta e ganha moedas após derrotar cada inimigo, que vão ficando mais poderosos a cada “fase” atingida. Não é ideal tentar entender o que se passa nesse universo canadense bizarro (tudo pode ser uma metáfora para relacionamentos do ponto de vista do protagonista, quem sabe), mas sim relaxar e aproveitar essa fantasia nerd deliciosa.
Nas mãos de Wright, o filme tem um ritmo inreditável. A riqueza visual de cada plano impressiona pelos detalhes, a fidelidade ao desenho de O’Malley e os elementos de quadrinhos, cinema e videogame que vão abruptamente surgindo; onomatopéias em movimento, nomes na tela, a subida inesperada do tema da Universal e uma impagável homenagem ao formato de sitcom de Seinfeld são apenas algumas das referências que encontramos pelo caminho, todas bem organizadas em um dos mais eletrizantes e pulsantes trabalhos de montagem do século XXI. O fato de Jonathan Amos e Paul Machliss não terem sido indicados ao Oscar por seu trabalho, que acelera a narrativa, troca personagens de local e oferece um dinamismo sem precedentes com o uso de tela dividida, é assustador - mas é um alento ver que finalmente tiveram seu talento reconhecido por Em Ritmo de Fuga, indicado na categoria do Oscar deste ano.
Todo esse caldeirão pop garante ao filme um visual impressionante, com a fotografia de Bill Pope enchendo a tela de diversas variações de cor, temperatura e saturação, que alternam-se de acordo com a fase na qual o protagonista encontra-se. As cenas de ação também são excelentes, com Scott tornando-se um lutador nato magicamente, vide a ótima batalha contra o primeiro Ex-Namorado que traz uma coreografia rápida e agressiva ou a luta em plano sequência contra Lucas Lee (Chris Evans, canastra na medida certa) e sua equipe de dublês. E não poderia deixar de mencionar a luta de Scott e Ramona contra Roxy, que envolve uma complexa movimentação em dupla dos dois, além de a sequência ser favorecida por uma trilha marcante de Nigel Godrich.
E, claro, temos o humor. Responsável pela brilhante trilogia do Cornetto (Todo Mundo quase Morto, Chumbo Grosso e Heróis de Ressaca), o timing cômico da direção de Wright é perfeito, e o texto que co-assina com Michael Bacall é hilariante e capaz de nos pegar de surpresa com ataques de cartunesco – o que dizer da súbita fuga de Scott por uma janela? As piadas muitas vezes funcionam graças ao nonsense e a naturalidade com que seus personagens parecem reagir a ele. O Wallace vivido por Kieran Culkin é simplesmente perfeito, roubando todas as cenas em que aparece e a postura convencida com que Jason Schwartzman e Brandon Routh encarnam seus respectivos antagonistas fanfarrões também provoca bons risos; especialmente pela incapacidade do segundo em não perceber que não é tão inteligente quanto julga ser.
E por baixo de toda essa nerdice contagiante, temos uma eficiente história de amadurecimento, tanto na vida amorosa quanto pessoal. Scott tem uma grande jornada bem simbolizada através dessas batalhas, culminando no ótimo momento no qual o personagem adquire pontos e XP por frases de sabedoria proferidas. É a catarse bem feita, executada com diversão.
Scott Pilgrim Contra o Mundo é uma das melhores adaptações de quadrinhos de todos os tempos, e possivelmente o filme que melhor traduziu para o cinema a estética e narrativa de um videogame, sendo um caldeirão pop engraçado, dinâmico e capaz de provocar uma eficiente reflexão. Um filme como poucos.
Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs The World, EUA/Reino Unido/Canadá - 2010)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright e Michael Bacall, baseado na obra de Bryan Lee O'Malley
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Alison Pill, Chris Evans, Brandon Routh, Kieran Culkin, Brie Larson, Jason Schwarzman, Aubrey Plaza, Anna Kendrick, Mark Webber, Ellen Wong, Johnny Simmons
Gênero: Comédia, Ação
Duração: 112 min
https://www.youtube.com/watch?v=7wd5KEaOtm4
Crítica | Chumbo Grosso - O filme policial mais hilário já feito
Com o sucesso arrasador de Todo Mundo Quase Morto no Reino Unido e por algumas fanbases nos EUA, a carreira de Edgar Wright preparava-se para decolar. Seu próximo projeto retomaria a parceria com Simon Pegg e Nick Frost, em mais uma sátira ácida de um gênero popular de Hollywood, preenchendo o segundo capítulo da Trilogia do Cornetto: Chumbo Grosso, provavelmente o mais hilário filme policial já feito.
Novamente roteirizado por Wright e Pegg, a trama nos apresenta a Nicholas Angel (Pegg), o melhor e mais inteligente policial que Londres já viu, cujas habilidades incríveis lhe garantem uma reputação sem precedentes no país. Na verdade, Angel é tão eficiente em seu trabalho que acaba envergonhando o restante do preguiçoso departamento, que acaba se vendo na necessidade de se livrar do sujeito para que suas próprias imagens não fiquem tão degradas. Angel é então transferido para a pacífica vila de Sandford, na cidadezinha do interior de Gloucestershire. De início parece um desperdício da grande habilidade de Angel, já que a cidade tem uma taxa de crime baixíssima, até o momento em que começa a desvendar uma sinistra conspiração que envolve todos os moradores.
O que separa os filmes da trilogia do Cornetto de outras paródias do gênero é o fato de Wright tratar seu filme como um do gênero específico: Todo Mundo Quase Morto era um filme de zumbi, e que hora e outra era até mesmo capaz de provocar tensão e pavor, da mesma forma com que Chumbo Grosso funciona muito bem como um filme de ação. A chave para o sucesso cômico está em encontrar os absurdos das diversas situações e a autorreferência, como o fato de o empolgado parceiro de Angel, Danny Butterman (Nick Frost), ser um aficionado pelo gênero e constantemente referenciar filmes como Caçadores de Emoção e Bad Boys 2, chegando ao ponto de simular cenas específicas de um destes durante um tiroteio.
A conspiração que envolve os moradores de Sandford é outro quesito genial, já que vira de ponta cabeça toda a minuciosa e detalhada investigação de Angel, que tece uma rede de acontecimentos muito lógica para explicar os acontecimentos e a onda de assassinatos que assola a vila… Até termos a revelação de que tudo aconteceu por outro motivo, muito idiota e hilário. Aliás, a presença de Timothy Dalton como um dos antagonistas aqui é divertidíssima.
De cara, já é impressionante observar a diferença brusca entre os personagens que Pegg interpreta. O banana desleixado Shaun dá espaço ao mega organizado e até robótico Nicholas Angel, com quem o ator fornece uma seriedade e disposição física notáveis, principalmente durante as cenas de ação, onde Wright revela-se um conhecedor nato. Das perseguições a pé até corridas de carro pelo campo, Wright é dono de uma câmera agitada e uma montagem frenética que é habil em unir dois planos e passar a impressão de continuidade ininterrupta (algo que ele faz muito bem no humor também, como a chegada de Angel que é demarcada por jump cuts inteligentes), ao mesmo tempo em que é capaz de impressionar com a eficiência, quase um Bourne mais humorado.
Chumbo Grosso talvez seja o melhor exemplar da trilogia, oferecendo um longa que funcione de forma eficiente como um filme policial e que atinge picos de brilhantismo no quesito paródia.
Chumbo Grosso (Hot Fuzz, Reino Unido - 2007)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright e Simon Pegg
Elenco: Simon Pegg, Nick Frost, Timothy Dalton, Jim Broadbent, Rafe Spall, Paddy Considine, Olivia Colman
Gênero: Comédia
Duração: 121 min
https://www.youtube.com/watch?v=ayTnvVpj9t4
Crítica | Todo Mundo Quase Morto - A paródia perfeita
No início dos anos 2000, o nome de Edgar Wright já era conhecido entre os admiradores da televisão britânica. Em especial, as séries de comédia Asylum e Spaced, onde Wright testou seu estilo e firmou uma duradoura parceria com os atores Simon Pegg e Nick Frost, que viriam a se tornar os protagonistas da chamada Trilogia do Cornetto; uma das mais cultuadas obras de humor dos últimos anos. O primeiro capítulo começa com Todo Mundo Quase Morto, uma brilhante sátira ao gênero de zumbis.
A trama nos apresenta a um dia fatídico na vida do pacato Shaun (Pegg), um residente de Londres preso no tédio do cotidiano. Tudo muda quando sua namorada Liz (Kate Ashfield) lhe dá um pé na bunda justamente por essa falta de comprometimento, o que joga em Shaun em uma mini crise existencial que ainda envolve seu emprego infeliz e o fato de sua mãe ter um namorado que o despreza. Com apenas o amigo Ed (Frost) como principal companheiro, tudo isso ganha um novo contexto quando um apocalipse zumbi repentinamente se alastra pelo mundo.
Tomei muito cuidado para não cair no clichê “e tudo mundo quando…”, pois realmente não é o caso do filme. Uma das grandes sacadas do roteiro de Wright e Pegg é explorar, nos primeiros momentos do apocalipse, a total ignorância de Shaun e de outros personagens ao fato de que zumbis carnívoros estão à solta na cidade. O plano sequência em que Shaun vai ao mercado e não percebe os vestígios de uma carnificina sangrenta pelo ambiente é um primor, que também revela o incrível talento de Wright para a comédia visual (esse plano sequência se desenrola duas vezes, sendo a primeira delas em uma situação pré-zumbis), popularizando seu agora icônico uso de cortes rápidos para acelerar uma situação. E sem comentários para a impagável cena do quintal envolvendo discos de vinyl.
Não só isso, todos os problemas da vida de Shaun continuam a ser sua principal preocupação, independente do fato de mortos vivos famintos dominarem a cidade. Simon Pegg ilustra com perfeição o oportunismo de Shaun em usar do cataclisma a fim de criar uma imagem positiva e heróica diante de sua ex-namorada, os amigos e até seu padrasto. O próprio plano de Shaun e Ed de se refugiar – dentre todos os locais da cidade – em um pub pelo mero fato de este conter bebidas e uma espingarda que supostamente funciona já é de um humor irreverente divertidíssimo; rendendo uma inesperada sequência musical com “Dont Stop Me Snow” do Queen no eletrizante clímax.
A crítica social que marca os melhores filmes de zumbis (em particular, os de George A. Romero) está bem sutilmente nesse exemplo descrito acima, com a incapacidade da população em diferenciar a monotonia e a chatice da vida cotidiana com um apocalipse zumbi. Na visão de Wright, as pessoas já são zumbis muito antes de se serem infectadas. É um comentário que funciona justamente pela sutileza e pela forma com que Wright usa as imagens, e a repetição de sequências (o já mencionado trajeto até o mercadinho) e falas recorrentes que ganham novo contexto ao longo da trama. Há até mesmo uma virada de tom assustadoramente eficiente no terceiro ato, que é mais eficiente e impactante do que o dramalhão vistos na insuportável série The Walking Dead.
Ah, e da onde vem esse nome Trilogia do Cornetto? É um easter egg divertido que não tem a menor importância temática em cada um dos filmes, sendo uma referência aos tempos de adolescência de Wright, que afirma que sorvetes Cornetto eram a única cura de suas ressacas… Aqui, há uma piadinha com Ed e Shaun tomando o tal sorvete enquanto o apocalipse vai tomando proporções midiáticas mais drásticas.
Todo Mundo Quase Morto é uma engraçadíssima sátira do gênero de zumbis e um veículo impecável para que Edgar Wright explorasse seu talento invejável, que só se confirmaria mais e mais a cada novo filme.
Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, Inglaterra – 2004)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright e Simon Pegg
Elenco: Simon Pegg, Nick Frost, Kate Ashfield, Lucy Davis, Dylan Moran, Bill Nighy, Nicola Cunnigham
Gênero: Comédia
Duração: 99 min
https://www.youtube.com/watch?v=LIfcaZ4pC-4
Crítica | A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy - Prepare o estômago
Nem mesmo Wes Craven poderia impedir o alastramento de Freddy Krueger. Sua criação suprema havia tido o maior sucesso de sua carreira com A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos, e a New Line obviamente já acelerava a produção do quinto capítulo. Craven pode ter saído antes que o assassino dos sonhos tivesse tornado-se um ícone do Cinema, mas não consigo imaginar sua reação ao assistir este que curiosamente traz um título auto-explicativo: O Maior Horror de Freddy.
A trama… Bem, preciso realmente inventar uma nova definição para “Freddy mata geral”? Ok, adianto-me. O roteiro de Leslie Bonhem realmente se esforça para criar uma história mais complexa, desta vez com Freddy Krueger (Robert Englund) tentando voltar através dos sonhos do feto de Alice (Lisa Wilcox), a sobrevivente do filme anterior.
É isso aí, Freddy vai ser papai. De certa forma. É uma ideia ousada, sem dúvidas, mas apenas serve para ilustrar como a franquia enfrentava um terrível bloqueio criativo em seus rumos narrativos. Temos ainda mais detalhes sobre a origem de Krueger, revelando que – vejam bem – foi filho de um estupro coletivo em uma freira por centenas de criminosos insanos. Olha… Eu entendo que Freddy era um sujeito muito malvado, mas tinha mesmo que apelar para o cúmulo do cúmulo? Centenas de… Bem, parei.
E mesmo que seja uma decisão completamente apelativa, o roteiro aposta pesado no grotesco. Confesso que o diretor Stephen Hopkins (que viria a dirigir Predador 2 – A Caçada Continua) é hábil ao criar imagens incômodas e visualmente criativas. A primeira cena, que traz a protagonista sendo presa em um box de chuveiro é inventiva, assim como a sequência em que se segue para revelar os insanos “pais” de Krueger, fazendo excelente uso da lente grande angular para perturbar o espectador e, sim, causar certo temor. As referências ainda trazem o obrigatório carrinho de bebê que remete diretamente a O Bebê de Rosemary e até um acertado trabalho de enquadramento durante a sensacional perseguição nas escadas de penrose a infame sequência do jantar, com planos milimetricamente simétricos que lembram a estética do surrealismo, ajudando a tornar esta uma das mais grotescas mortes da franquia.
Falando nelas, O Maior Horror de Freddy não decepciona nesse quesito. Além da já mencionada cena do jantar, onde uma jovem é literalmente forçada a comer até morrer (isso o David Fincher não mostra em Se7en – Os Sete Crimes Capitais), temos a famosa sequência em que Freddy e Mark (Joe Seely) travam um duelo dentro de uma história em quadrinhos. A sequência lembra bastante o que viria a ser feito com a adaptação de Sin City, com a vítima colorida e o restante – cenário e Freddy – em preto-e-branco, e o fato deste perder a cor durante sua eventual morte é um detalhe agradável. Só poderíamos viver sem o “Super-Freddy”, que é simplesmente ridículo. E se este é um feito mais creditado a efeitos visuais, o departamento de maquiagem merece aplausos pela inacreditável sequência em que um dos personagens é brutalmente fundido a uma moto em movimento, certamente fazendo David Cronenberg se contorcer de inveja.
Muitos elogios e uma nota baixa? É, O Maior Horror de Freddy é eficaz em sua pirotecnia e a construção visual de sua narrativa, mas é no geral um filme com história e personagens ruins, especialmente em suas ideias bizarras sobre oferecer um bebê à Freddy Krueger. E as coisas não iriam melhorar no próximo capítulo…
A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy (A Nightmare on Elm Street 5: The Dream Child – 1989, EUA)
Direção: Stephen Hopkins
Roteiro: Leslie Bohem
Elenco: Robert Englund, Lisa Wilcox, Kelly Jo Minter, Danny Hassel, Joe Seely, Erika Anderson, Beatrice Boepple
Gênero: Terror
Duração: 89 min.
https://www.youtube.com/watch?v=LFm_jiI8RiA
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Crítica | A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos - Ideias Estranhas
Seguindo o sucesso de público e crítica de A Hora do Pesadelo: Os Guerreiros dos Sonhos, a New Line já apressou a produção para o quarto capítulo de A Hora do Pesadelo. O anterior já havia estabelecido elementos que agora virariam regra na franquia: mortes elaboradas mega elaboradas, Freddy com senso de humor e mais detalhes sobre sua origem. Com isso, O Mestre dos Sonhos alavanca os ingredientes, ainda que não chegue no mesmo nível de seu anterior.
A trama continua diretamente os eventos do antecessor, nos reunindo com os Guerreiros dos Sonhos, agora de volta ao colégio. Kristen (sai Patricia Arquette, entra Tuesday Knight) começa a pressentir o retorno de Freddy Krueger (Robert Englund) e logo vai atrás do velho grupo, ao mesmo tempo em que uma nova geração de adolescentes começa a sofrer com os pesadelos mortais.
É uma sinopse vaga, sim. Mas a questão é que a partir deste filme, A Hora do Pesadelo passa a ficar mais interessado na forma como mata seus personagens do que com a história em si. Tudo bem, o roteiro de Brian Helgeland, Jim Wheat e Ken Wheat (os dois últimos sob o pseudônimo de Scott Pierce) até tenta explorar um pouco mais do passado de Krueger e a figura misteriosa da Freira Nan, mas também nos faz engolir ideias como o fato de um cachorro urinar um jato de fogo e ressuscitar Krueger. Não deixa de funcionar como diversão trash despretensiosa, mas é uma nítida queda do nível alcançado pelo terceiro filme, que trazia uma trama forte e que compreendia a linha tênue entre exagero e camp.
Mas se há um elemento que realmente não decepciona é o trabalho do departamento de maquiagem e efeitos especiais. Dessa vemos, temos pérolas como um “planeta” todo formado por um gigantesco ferro velho, um colchão de água que acaba se transformando no pior sonho molhado da história e, minha preferida, a fascinante sequência em que Freddy transforma uma jovem em uma barata, algo que certamente deixaria Kafka muito orgulhoso. A direção de Renny Harlin também é inventiva, desde a delicadeza dos créditos iniciais até a cena em que a protagonista é sugada para dentro de uma tela de cinema, encontrando ali uma envolvente cidade fantasma.
Bem, O Mestre dos Sonhos certamente honra o trabalho fantástico de maquiagem do anterior ao elaborar mortes criativas, mas não chega aos pés em termos de história e personagens. A partir de agora, Freddy Krueger estaria condenado ao pior pesadelo dos fãs: repetição e ideias ruins.
A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos (A Nightmare on Elm Street 4: The Dream Master, 1988 – EUA)
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Brian Helgeland, Jim Wheat e Ken Wheat
Elenco: Robert Englund, Lisa Wilcox, Tuesday Knight, Ken Sagoes, Brooke Theiss, Andras Jones, Rodney Eastman
Gênero: Terror
Duração: 93 min
https://www.youtube.com/watch?v=jc-9vF9F_eg
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Crítica | A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos - Um verdadeiro sonho molhado
Mesmo com a recepção medíocre de A Vingança de Freddy, sua arrecadação maciça imediatamente garantiu a produção de um novo capítulo de A Hora do Pesadelo. Porém, dessa vez, os produtores da New Line esperaram mais tempo para começar o projeto e conseguiram de volta o apoio de Wes Craven, que retornou para ajudar no roteiro daquele que viria a ser o melhor filme da série depois do original: Os Guerreiros dos Sonhos.
Mudando totalmente a ambientação dos primeiros filmes, o roteiro assinado por Wes Craven, Bruce Wagner, Frank Darabont (é) e o diretor Chuck Russell situa toda a trama em um hospital psiquiátrico. A jovem Kristen Parker (papel de estreia de Patricia Arquette) é enviada para a instituição após ser atacada em um sonho pelo maníaco Freddy Krueger (Robert Englund), que a atacou de forma que simule uma tentativa de suicídio. Lá, ela conhece a agora Dra. Nancy Thompson (Heather Langenkamp),que ajudará ela e um grupo de pacientes a encontrar uma forma de repelir Krueger.
Era disso que os fãs precisavam. Depois da decepcionante fantasia homoerótica em A Vingança de Freddy, Guerreiros dos Sonhos enfim entende o vasto potencial de Freddy Krueger e a maneira certa de explorar suas habilidades. Ao brincar mais com a lucidez do mundo dos sonhos, o filme abraça fortemente a fantasia e substitui os sustos por uma quantidade elegante de gore e efeitos especiais. Claro, uma fantasia, mas uma fantasia altamente sombria. É aqui que Freddy começa a ficar mais imaginativo, rendendo memoráveis sequências como aquela em que se transforma em uma cobra gigante, sua súbita aparição de dentro de um televisor (“Welcome to prime time, bitch!”) e, claro, a mais elaborada cena de morte da franquia – e uma das melhores do cinema, provavelmente – quando o assassino surge como um grande ventríloquo e faz do pobre Phillip (Bradley Gregg) uma marionete humana com suas veias e tripas. O fato de a série nunca ter sido indicada a um Oscar por seus efeitos de maquiagem é realmente assustador.
Guerreiros também se beneficia de um elemento-chave: Nancy compartilha com os pacientes do instituto suas próprias experiências com Krueger e, após anos estudando a psicologia dos sonhos, começa a ensiná-los a lutar de volta. Entra o elemento do sonho lúcido, isto é, quando estamos sonhando e temos noção de que tudo é de fato um sonho; então se isto se passa apenas em minha mente, posso manipular tudo à minha vontade, não? Esta é a lógica do roteiro para que o grupo de jovens desequilibrados combata Krueger, e empolga. Temos um duelo de facas e seringas, saltos mortais na parede e até um garoto transformando-se em um mago, tendo Krueger manipulando seus medos de forma grandiosa; a luva formada por seringas e a mortal cadeira de rodas mecânica são alguns exemplos notáveis.
Aqui, também temos a introdução sobre o passado de Freddy, algo que viria a ser explorado fortemente nos capítulos adiante. É interessante pelo mistério criado em torno da freira vivida por Nan Martin (cuja aparição consegue ser tão sinistra quanto o próprio Krueger), mas resulta em um clímax um tanto… incomum, mesmo se tratando para um filme sobre sonhos. A ideia de o esqueleto de Krueger reaparecer e travar um duelo com policiais é bizarra, mas garante efeitos de stop motion que deixariam Ray Harryhausen muito orgulhoso. E ainda que a sala da caldeira seja o ambiente mais importante da mitologia, já começa a ficar repetitivo o fato de todas as confrontações com o personagem acabarem por lá; mesmo que o diretor de fotografia Roy H. Wagner aposte em uma coloração vermelha mais forte, transformando o lugar em algo ainda mais infernal do que a visão de Craven no original.
A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos é um verdadeiro presente para os fãs de Freddy Krueger, e provavelmente o filme mais importante de toda a franquia. Explora sábia e criativamente o potencial de seu antagonista e define o padrão para as próximas continuações.
A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos (A Nightmare on Elm Street 3: Dream Warriors – 1987, EUA)
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Wes Craven, Bruce Wagner, Frank Darabont e Chuck Russell
Elenco: Robert Englund, Heather Langenkamp, Patricia Arquette, Laurence Fishburne, Priscilla Pointer, Bradley Gregg, Craig Wasson, Rodney Eastman, Jennifer Rubin, Ken Sagoes, Ira Heiden
Gênero: Terror, Aventura
Duração: 96 min
https://www.youtube.com/watch?v=8PlwfVhY_-Q
Leia mais sobre A Hora do Pesadelo
Especial | A Hora do Pesadelo
Responsável por tirar o sono de muitos amantes do cinema de terror, Freddy Krueger é uma das jóias mais brilhantes desse gênero cinematográfico. Ao longo de sua existência, a criação genial de Wes Craven teve uma filmografia com altos e barrancos no cinema, e reunimos neste especial todo o nosso conteúdo do assassino dos sonhos da Rua Elm, protagonista da franquia A Hora do Pesadelo.
Confira:
Crítica | A Hora do Pesadelo (1984)
Publicado originalmente em 28 de outubro de 2017
Crítica | A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy (1985)
Publicado originalmente em 31 de janeiro de 2018
Crítica | A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos (1987)
Publicado originalmente em 1 de fevereiro de 2018
Crítica | A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos (1988)
Publicado originalmente em 2 de fevereiro de 2018
Crítica | A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy (1989)
Publicado originalmente em 3 de fevereiro de 2018
Crítica | A Hora do Pesadelo 6: A Morte de Freddy - O Pesadelo Final (1991)
Publicado originalmente em 4 de fevereiro de 2018
Crítica | O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger (1994)
Publicado originalmente em 5 de fevereiro de 2018
Crítica | Freddy vs Jason (2003)
Publicado originalmente em 27 de outubro de 2017
Crítica | A Hora do Pesadelo (2010)
Publicado originalmente em 7 de fevereiro de 2018
Crítica | Never Sleep Again: The Elm Street Legacy
Publicado originalmente em 25 de maio de 2018