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Lucas Nascimento

Crítica | Carrie, A Estranha (2013)

É sempre bom repetir aqui algo que comento com frequência: remakes podem ser bons, é meramente uma questão de readaptar com inteligência a mesma história. Já é a terceira vez que o romance de Stephen King ganha uma versão em carne e osso (além do clássico de Brian De Palma em 1976, há uma minissérie da MGM com Angela Battis, de 2002), e Kimberly Peirce realmente prometia agradar com sua Carrie, A Estranha. Mas não. Infelizmente a produção acaba prejudicada por escolhas infelizes de casting e adaptação.

A trama repete praticamente toda a estrutura já estabelecida nas adaptações anteriores, com Roberto Aguirre-Sacasa (roteirista de séries como Amor Imenso e Glee) e Lawrence D. Cohen (responsável pelo roteiro do filme de De Palma) apresentando-nos à jovem e insegura Carrie White (Chloë Grace Moretz), cujo bullying e intimidação por parte de suas colegas de escola se intensifica quando essa experiencia sua primeira menstruação. Atormentada também por sua mãe, uma religiosa assustadoramente fundamentalista vivida por Julianne Moore, Carrie acaba por descobrir poderes telecinéticos.

O desfecho da história todo mundo conhece, basta olhar para qualquer um dos cartazes de qualquer adaptação de Carrie. É apenas uma questão de chegar lá de forma eficiente e garantir um desenvolvimento a suas personagens principais – o que é essencial para o funcionamento de qualquer narrativa, mas a de Carrie White, principalmente. O roteiro até acerta ao trazer elementos do século XXI para o desenrolar dos eventos, como registrar (e depois viralizar) um dos atos de humilhação da protagonista registrados com um celular ou ao mostrar Carrie acessando a internet para se deparar com videos a respeito da natureza de suas habilidades sobrenaturais. E só, de restante o texto não acrescenta nada e ainda suaviza diversos elementos da história (nada de nudez no vestiário ou professoras estapeando alunas rebeldes) – com exceção da violência, que aqui ganha retoques em CGI que de tão absurdos, soam artificiais. E que coisa medonha (no mal sentido) ver a protagonista usando sua telecinesia para flutuar ou causar uma cratera com uma pisadela no melhor estilo Incrível Hulk…

A diretora Kimberly Peirce (de Stoploss – A Lei da Guerra e o elogiado Meninos não Choram) até oferece boas imagens, movimentos de câmera interessantes e rimas visuais admiráveis; vide o plano em que Carrie observa suas mãos ensanguentadas após sua menstruação e que se repete quando esta encontra-se coberta de sangue no icônico massacre no baile de formatura. Mas até as construções visuais mais elaboradas são arruinadas por sua protagonista problemática: a talentosa e bonita Chloë Grace Moretz, que surge aqui completamente fora do “padrão Carrie”. Não que isso fosse um problema grave (afinal, Daniel Craig de James Bond não tinha nada, e o resultado todo mundo sabe), mas Moretz se entrega ao caricato e a vergonhosas expressões orgásticas durante o uso de seus poderes – sem falar que o sadismo/prazer que a jovem demonstra ao assassinar jovens inocentes é algo que destrói completamente a essência da personagem, tornando difícil que uma conexão seja criada com o público. Aliado a isso está o fato de que nós mal conhecemos Carrie, já que boa parte dos 90 minutos são mais dedicados à seus poderes do que seu “eu”.

Felizmente, Julianne Moore surge inspirada como Margaret White, a verdadeira responsável por rotular a trama como um terror. Com uma caracterização de visual e figurino acertadíssima – créditos ao diretor de fotografia Steve Yedlin por sempre evidenciar de forma assombrosa as sardas da personagem – me atrevo a dizer que Moore tenha alcançado a performance definitiva da mãe de Carrie, que já fora interpretada brilhantemente por Piper Laurie e com eficiência por Patricia Clarkson.

Me segurei ao máximo para evitar comparações com o filme de De Palma, mas será inevitável agora. Sentíamos pena da Carrie White vivida pela incrível Sissy Spacek, mas com esse novo Carrie, A Estranha eu tenho pena é dos envolvidos.

Carrie, A Estranha (Carrie, EUA - 2013)

Direção: Kimberly Pierce
Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa e Lawrence D. Cohen, baseado na obra de Stephen King
Elenco: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Ansel Elgort, Portia Doubleday, Gabriella Wilde, Judy Greer, Alex Russell
Gênero: Suspense
Duração: 100 min


by Lucas Nascimento

Crítica | Em Transe

Sou fascinado pela complexidade da mente humana e as incríveis funções do cérebro. Também nunca recusei um bom filme de heist (assalto). Então, após o diretor Christopher Nolan juntar os dois temas com maestria em A Origem, fiquei empolgado com a imersão de Danny Boyle em Em Transe, longa que compartilha de uma premissa similar mas que falha por ultrapassar a linha entre o “absurdamente bom” e o “absurdamente… absurdo”.

A trama gira em torno de um roubo a uma casa de leilões londrina. O bando liderado por Franck (Vincent Cassel) consegue com êxito roubar uma preciosa pintura, mas encontra um desafio ainda maior quando Simon (James McAvoy), o leiloeiro responsável pelo trabalho interno, recebe uma pancada na cabeça e esquece o paradeiro do quadro. Certo de que o sujeito não faz jogo duplo, Franck contrata a terapeuta Elizabeth (Rosario Dawson) para submeter Simon a sessões de hipnose, visando ajudá-lo a se lembrar de tudo.

É uma premissa sedutora para qualquer cineasta. Dono de um estilo autoral invejável, Danny Boyle fornece ao longa um visual arrebatador, dando ao diretor de fotografia Anthony Dod Mantle a possibilidade de “brincar” e experimentar diversas paletas de cores e iluminações distintas – dentre as quais destaca-se a contra-luz, utilizada com frequência. Boyle também é criativo ao oferecer diversos enquadramentos que capturam a estranheza de situações e ambientes, seja pela posição da câmera (que constantemente opta pelo “ângulo holandês, inclinado) ou pelas diferentes lentes escolhidas, alcançando um resultado onírico que se assemelha muito com seu trabalho em Trainspotting.

Mas se Em Transe é visualmente estimulante, também revela-se uma narrativa desequilibrada e cheia de furos. O roteiro de Joe Ahearne e John Hodge (que já havia sido adaptado em 2001 para a televisão) é hábil em fornecer enigmas e questionamentos para o espectador – especialmente por iniciar o longa na “metade” da história – e preencher seus personagens com atitudes capciosas.  No entanto, é decepcionante ao buscar explicações absurdas para os mistérios do longa, principalmente pelo implausível arco da Elizabeth de Rosario Dawson (que exibe corajosamente seu corpo em momentos-chave) e das demais reviravoltas que não fazem sentido dentro da trama. É difícil falar sobre suas falhas sem entregar spoilers, mas basta dizer que o longa se perde na tentativa de gerar ambiguidade.

Com uma trilha sonora agitadíssima assinada por Rick Smith, Em Transe é cativante em sua premissa e trabalho visual, mas são elementos desperdiçados por uma narrativa bagunçada e desestruturada. É daqueles filmes pra se ver com muita atenção, pois dessa forma será possível enxergar todos os furos de seu roteiro.


by Lucas Nascimento

Crítica | Terapia de Risco

Steven Soderbergh é um artista multifacetado. Não assisti a todos os seus filmes, mas uma rápida olhada em sua página do IMDB comprova sua admirável versatilidade em gêneros (golpistas, traficantes, agentes secretas e até o Che Guevara já foram capturados por suas lentes) e funções cinematográficas, atuando – além da direção – nos departamentos de fotografia e montagem. Tido como sua última produção para o cinema, Terapia de Risco reúne com eficiência diversos de seus traços autorais, mas falha ao oferecer uma bizarra combinação temática.

Roteirizada por Scott Z. Burns (que assinou o ótimo Contágio, também de Soderbergh), a trama tem início quando Emily (Rooney Mara, a nova garota do dragão tatuado) recebe seu marido (Channing Tatum) recém-libertado da prisão. Sofrendo com uma repentina depressão após sua chegada, a jovem é aconselhada pelo dr. Jonathan Burns (Jude Law) a experimentar um novo tipo de medicamento a fim de reverter sua situação – que é exacerbada com frequentes tentativas de suicídio. Daí vêm os “side effects” do título original, mas há muito mais do que parece.

Da mesma forma como abrangeu com maestria os estágios e desdobramentos de uma epidemia global em Contágio, o roteiro de Burns é hábil ao nos situar no mundo da psicofarmacologia. O texto é repleto de termos médicos, rápidas “curiosidades” sobre a área e ainda oferece uma curta (e eficaz) reflexão a respeito do papel midiático na venda de remédios (“Deveria funcionar, as pessoas sempre estão felizes nos anúncios”, constata uma das personagens ao se deparar com a falta de resultados de seu tratamento) e suas diversas consequências aos pacientes e médicos. Características que Soderbergh retrata brilhantemente através de planos criativos, lentes de desfoque e uma fotografia predominantemente fria e obscura; alternando também a intensidade de seus movimentos de câmera, que são mais “câmera-na-mão” quando a trama alcança territórios inesperados.

E é nesse ponto que encontramos os problemas de Terapia de Risco. Após uma surpreendente reviravolta (que não irei revelar a fim de preservar as surpresas), o longa começa a evoluir para algo completamente diferente e, quando equiparado com a progressão do primeiro ato, incompatível. Mesmo que as escandalosas descobertas feitas pelo personagem de Jude Law sejam intrigantes, quem se beneficia dessa brusca mudança de ritmo imposta pela narrativa é Rooney Mara. Frágil como uma boneca de vidro em suas primeiras cenas, a atriz evidencia novamente seu imenso talento ao apresentar um caráter inesperado a sua Emily; mesmo que traga uma estranhíssima relação com a terapeuta vivida por Catherine Zeta-Jones.

Como a carreira de seu diretor, Terapia de Risco é um longa repleto de fases e surpresas. Mesmo que as várias camadas de sua trama percam-se na implausibilidade, é uma conclusão (será?) eficaz para uma carreira tão variada.

Obs: “Terapia de Risco”, sério?


by Lucas Nascimento

Crítica | Indomável Sonhadora

No Brasil, muitas áreas de risco sofrem com a incidência das chuvas, que cobrem seus territórios com água e acabam por destruir centenas de lares e vidas humanas nesse processo. Sensação de crítica no festival de Sundance, Indomável Sonhadora me fez lembrar muito das imagens que dominam nossos televisores quase que em verão atrás do outro, e carrega consigo uma bela mensagem sobre preservação ambiental – e o papel que até o menor dos elementos desempenha neste.

Adaptada da peça Juicy and Delicious de Lucy Alibar, a trama gira em torno da garotinha Hushpuppy (Quvenzhané Wallis), habitante de uma região pobre conhecida como “a Banheira” (apelidada assim por sofrer constantemente com as tempestades de chuva, que acabam por transformar suas casas em embarcações flutuantes). Em meio a desastres naturais e o avanço de uma doença grave de seu pai (Dwight Henry), ela busca entender seu significado no mundo.

Filme de estreia do diretor Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora causou fervor em diversos festivais de cinema pelo mundo e ainda garantiu seu lugar nas principais categorias do Oscar deste ano (incluindo melhor filme, diretor e roteiro adaptado). E ainda que não considere uma obra digna de tanto prestígio (devido a alguns problemas que o longa apresente em sua peculiar execução), respeito a direção segura de Zeitilin e a forma com que este retrata a precariedade do cenário principal.

Isso porque o diretor – que surge sempre adotando uma câmera incessante e rodeada de tomadas “essencialmente indies” – não é sensacionalista como o telejornalista do noticiário das seis. Mesmo que seja de partir o coração observar um pai e sua filha navegando em uma jangada improvisada com peças de carro e eletrodomésticos, Zeitlin não conduz a cena a fim de encontrar a melancolia (não há uma música pesada e dramática em tais momentos, por exemplo) e consegue tirar situações mais interessantes graças ao roteiro que co-assina com Lucy Alibar. E os protagonistas, para nosso deleite, se beneficiam destas.

Acompanhar a complexa relação de Hushpuppy com seu pai Wink é o ponto alto do filme. Não só porque tanto Wallis (que tinha 8 anos durante as filmagens, vejam só) quanto Henry são intérpretes excepcionais, mas também pela admiração que a figura paterna gera ao se esforçar para garantir a sua filha bons momentos. Mesmo diante dos cenários mais extremos, Wink tenta tirar uma lição para ensinar a Hushpuppy de forma que não a degrade (a menção a ela como “man” é eficiente nesse quesito) e lutar contra a doença que lhe ameaça tirar a vida.

Com diversas passagens protagonizadas por criaturas pré-históricas que marcam presença simbólica (creio eu), Indomável Sonhadora explora de forma criativa e apropriada a relação de “causa e efeito” dentro de um ecossistema, enfatizando como cada pequeno elemento pode gerar consequências devastadoras, e também como as relações familiares podem ser comparadas com tal. É o grande indie da temporada de prêmios.


by Lucas Nascimento

Crítica | O Grande Gatsby (2013)

Considerado por muitos um dos “grande romances americanos”, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald é uma obra requintada que se desenrola com uma sutileza ímpar. Baz Luhrmann, diretor desta glamourosa nova versão, jamais foi conhecido por sua sutileza (afinal, estamos falando do responsável por Romeu + Julieta e Austrália). Pode se dizer que o australiano é uma das pessoas menos indicadas para comandar a história, mas seu estilo grandiloquente – ainda que seja prejudicial em certos momentos – encontra espaço aqui.

A trama é ambientada na Nova York dos anos 2o (período popularmente conhecido como “Era do Jazz”, ou “Geração Perdida” para os menos saudosistas), centrando-se no aspirante a escritor Nick Carraway (Tobey Maguire). Enquanto recupera-se em um sanatório, Carraway compartilha por escrito suas experiências em meio a alta classe social e o mistério em torno do milionário Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), sujeito que esconde uma indestrutível paixão pela casada Daisy Buchanan (Carey Mulligan).

Década de 20 e, ainda assim, temos Jay-Z e Beyoncé na trilha sonora. Muitos críticos estrangeiros apontaram o dedo para a abordagem pop de Luhrmann à história, mas ao meu ver ela pontua com eficiência o clima de exaltação e festa da época – basta lembrar do Gatsby de 1974, com Robert Redford, que era silencioso demais para simbolizar algo como a Era do Jazz. É certo que a obra de Fitzgerald não é tão “aberta” quanto a direção de Luhrmann, que mais de uma vez pára para explicar detalhes que funcionavam por si só de forma sutil (três vezes, e por três personagens diferentes, é explicado o motivo pelas festas grandiosas do protagonista) e momentos mais agitados – ainda que um certo atropelamento seja tão memorável justamente por sua execução escandalosa e a escolha musical.

Também elogio Luhrmann por compreender a importância da luz verde na trama, transformando-a em um poderoso elemento visual e eficiente instrumento narrativo. O cais de Gatsby surge como abertura e encerramento do longa, como se o espectador realmente tivesse entrado e saído daquele universo. É interessante observar que, mesmo tendo sua amada Daisy em seus braços, o personagem continua a contemplar a luz esverdeada irradiando do outro lado da costa. Uma observação sutil que revela uma camada ainda mais complexa de Gatsby, que Leonardo DiCaprio consegue incorporar bem em uma performance multifacetada: seu Gatsby é ambicioso, mas vulnerável; otimista, mas impaciente.

Impossível não falar sobre o impecável trabalho da figurinista e designer de produção Catherine Martin (que além de tudo isso, ainda é produtora e esposa do diretor). Vencedora de 2 Oscars por suas colaborações com Luhrmann, deve retornar à premiação por recriar fielmente locações e vestimentas da época e ainda oferecer-lhes um toque moderno: o vermelho burlesco predomina na caracterização da Myrtle Wilson de Isla Fisher, o que a torna uma figura assustadoramente contrastante com o cinza escuro e sujo de seu marido e a região onde habitam. A fotografia de Simon Duggan também se adequa com obediência às demandas narrativas, além da facilitar o elegante 3D do filme – que, curiosamente, fica mais profundo graças à artificialidade do greenscreen.

Mas se a artificialidade é um acerto nesse sentido, é o que o filme traz de pior quando analisamos seu roteiro e execução. Em diversos momentos, o filme assume uma postura maniqueísta diante de alguns personagens (o mecânico vivido por Jason Clarke ganha aqui um tratamento de monstro, e o ator nada pode fazer para torná-lo tridimensional) e faz uso. Apostando em velocidade, os montadores insistem em picotar até os mais simples diálogos com uma série de cortes que dificulta a fluência da cena e o desenvolvimento das ações; vide a conversa entre Nick e Gatsby no Rolls Royce amarelo, que surge como uma “metralhadora” de informações e ainda tornam evidentes algumas falhas na mixagem sonora daquele momento – e o que dizer da cena que tenta equilibrar uma conversa silenciosa com uma festa gigantesca?

Filme que certamente merece maior reconhecimento do que a de 1974,O Grande Gatsby impressiona pela produção e os experimentos visuais de Baz Luhrmann (com exceção dos embaraçosos textos sobre a tela). Mesmo que essa exuberância seja também um de seus deméritos, é uma adaptação que ao menos se arrisca a ser algo mais do que o básico. Afinal, de que adianta ser convencional em sua sexta adaptação para o cinema?

Obs: Mesmo que não tragam nada de significante, os créditos finais merecem ser vistos graças ao uso da canção “Together”, do The XX, que oferece um impacto maior após a conclusão do filme. Acredite, vale a pena.


by Lucas Nascimento

Crítica | Além da Escuridão: Star Trek - A força de um antagonista

Eu só me interessei por Jornada nas Estrelas após o reboot de J.J. Abrams. Com surpreendente inovação (e, de acordo com os fãs da criação de Gene Roddenberry, homenagem), Star Trek foi uma das mais genuínas aventuras que tive o prazer de assistir desde o final de Star Wars, uma experiência divertida e que funcionava brilhantemente como recomeço ou continuação. Seguindo essa bela proposta, Além da Escuridão: Star Trek eleva a escala e os desafios, mas preserva as características responsáveis pelo sucesso do anterior.

Novamente roteirizada por Roberto Orci e Alex Kurtzman (e adicionando o homem dos mistérios Damon Lindelof à equação), a trama acompanha a tripulação da Enterprise trabalhando a todo vapor na exploração/observação de mundos alienígenas. Ao mesmo tempo em que o capitão Kirk (Chris Pine) é repreendido por sua tendência autodestrutiva, o misterioso John Harrison (Benedict Cumberbatch) surge ameaçando a Frota Estelar. Após vidas serem perdidas, a Enterprise recebe a missão de neutralizar o criminoso e descobrir suas reais intenções.

Como é de costume em franquias blockbuster, as continuações tendem a elevar a escala da produção. De fato, as cenas de ação são mais grandiosas do que a do longa de 2009 e visualmente inventivas (vide o efeito provocado pela floresta avermelhada na sequência de abertura ou o senso de monstruosidade ao observarmos o confronto com a USS Vengeance, que reduz a Enterprise a uma miniatura), ainda que o diretor J.J. Abrams insista em poluir a tela com as irritantes luzes em flare, recurso que não acrescenta nada além de um traço estilístico fraudulento – que ainda prejudica o bom trabalho de conversão em 3D da fita. Ainda em quesitos visuais, o design de produção e os efeitos visuais se completam a fim de criar mundos alienígenas e futuristas – que traz até uma “sala de guerra” moderna para a Frota Estelar – com admirável imaginação, assim como o eficaz trabalho de maquiagem ao trazer de volta velhos conhecidos da franquia…

Mas o que realmente agrada nesse novo filme é a relação e os conflitos entre os personagens, que aqui ganham mais maturidade. De um lado temos Kirk sofrendo inesperadas consequências sobre seu comportamento que, mesmo sucedendo na salvação de toda uma civilização, é considerado perigoso por arriscar a segurança da tripulação e a secretividade da corporação. Do outro, o Spock de Zachary Quinto tem novas facetas reveladas quando o roteiro explora com delicadeza seu bloqueio emocional, e como este influencia aqueles a seu redor; dando a oportunidade de Quinto protagonizar momentos dramáticos. Com tantas subtramas emocionais, é de se espantar que o longa se saia tão bem ao equilibrá-las com divertidas doses de humor (um dos principais prós do antecessor), especialmente pelo Scotty do ótimo Simon Pegg.

O ponto alto, no entanto, é a performance de Benedict Cumberbatch. Dono de uma voz grave que inutiliza qualquer modificador digital de pós-produção, o ator britânico (da excelente minissérie Sherlock) se beneficia do mistério e ambiguidade de seu John Harrison para criar um antagonista complexo, mas que traz uma causa surpreendentemente viável; ainda que esta não justifique a crueldade de suas ações terroristas. É certo que Harrison é visto como um vilão desde o início, o que torna completamente descartável o fato de este ser tratado como aliado e só torna previsível sua inevitável traição – e também o uso de um elemento que será vital para o destino de um dos personagens.

Além da Escuridão: Star Trek é uma continuação digna do filme de 2009, ainda que fique aquém deste. Traz uma trama mais sombria e um trabalho competente no desenvolvimento de seus personagens, mas quem rouba a cena é mesmo o vilão de Benedict Cumberbatch. Ainda há fôlego para esta competente franquia, e surpresas de sobra para agradar aos trekkers.

Obs: Depois de Loki em Os Vingadores e Silva em Skyfall, John Harrison populariza o uso de prisões translúcidas.

Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness, EUA - 2013)

Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci e Damon Lindelof, baseado na obra de Gene Roddenberry
Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Karl Urban, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Benedict Cumberbatch, Alice Eve, Peter Weller, Bruce Springswood
Gênero: Aventura, Ficção Científica
Duração: 132 min

https://www.youtube.com/watch?v=nAx5i0W-Ar8

Leia mais sobre Star Trek


by Lucas Nascimento

Crítica | A Hora Mais Escura

Quando Osama Bin Laden foi declarado morto pelo governo dos EUA em 1 de Maio de 2011, eu estava na escola. Envolto em programas de informática e embebido pelo sono provocado pela aula das 7, foi um dos poucos momentos em minha vida que senti estar presenciando a História sendo feita – para bem, ou para mal. E mesmo condenando diversas práticas adotadas em parte dos EUA nessa questão, o ataque da Al-Qaeda em 11 de Setembro é um dos mais abomináveis e cruéis dos últimos tempos.

Mas deixando de lado minha visão política, A Hora Mais Escura faz um ótimo trabalho ao abordar esse tema tão controverso de forma corajosa e que não surja como uma propaganda pró EUA. Isso porque a diretora Kathryn Bigelow não é Michael Bay. A única mulher oscarizada no cargo (vitória adquirida com Guerra ao Terror, em 2010) oferece um tratamento quase documental, certamente fruto da experiência do roteirista Mark Boal como jornalista, e traz uma narrativa repleta de eventos e nomes; tendo início em 2003 e culminando na operação de 2011. E Bigelow felizmente não cai na alternativa de glorificar os soldados americanos e colocá-los caminhando em câmera lenta ao som de uma melodia patriota.

A primeira metade do filme é centrada na tortura. Práticas hediondas que a diretora retrata na mera função de comprovar sua existência na busca pelo terrorista – ao contrário das críticas que o filme sofreu, que o acusaram de glamourizá-la inapropriadamente – a diretora claramente as taxa como um “mal necessário” (ainda mais se levarmos em conta os minutos iniciais que trazem gravações do 11 de Setembro, em uma forma de aplicar o pensamento de que “os fins justificam os meios”) e de forma alguma as julga como positivas. Sua câmera é sempre inquieta e constante, causando um senso de tensão ao longo da projeção – mesmo que tenha escritórios da CIA e salas de reuniões como ambientes principais. E ainda que a montagem de William Goldenberg e Dylan Tichenor seja eficiente ao organizar todas as informações que levarão ao terrorista, é Jessica Chastain que carrega nas costas esse bloco inicial.

Interpretando a versão fictícia de uma agente real (mas cuja identidade é mantida em sigilo, já que esta ainda encontra-se em atividade), Chastain impressiona e provoca grande admiração por sua indestrutível persistência. Durona e não deixando sua beleza ficar à frente de sua integridade (“Eu sou a ‘motherfucker’ que achou a casa”, diz ela a seus superiores), a atriz demonstra bem o cansaço através dos olhos pesados e os cabelos bagunçados de Maya; mas que também jamais perde seu foco em completar sua tarefa (e sua insistência ao marcar um certo número de dias diariamente na janela de seu chefe é uma bela evidência de sua insatisfação).

E quando chega a “hora mais escura” que todos estavam esperando para ver, o filme se transforma. Tendo o roteiro modificado durante as filmagens (já que a produção começara em um período anterior à morte de Bin Laden), a mudança de ritmo é notável e gera uma melhora significativa ao filme. Mesmo que já saibamos o desfecho, a cena da invasão é de um nível cinematográfico excepcional graças à forte condução de Bigelow (que aposta na ausência de música e em momentos de violência gráfica e duvidosa) e a fotografia de Greig Fraser; cujo uso da escuridão e de visões noturnas chega a causar arrepios.

Não tenho dúvidas de que há muita ficção em A Hora Mais Escura. Mas mesmo que alguns fatos apresentados tragam uma veracidade questionável, funcionam eficientemente bem como peça de entretenimento e não do tipo que vangloria uma nação. Ao invés de comemorar euforicamente a morte de Osama Bin Laden, o filme traz de volta a questão Maquiavélica e ainda deixa no ar uma ainda mais complexa: ” e agora?” A reação ambígua de Maya, que com olhos lacrimejados e a noção de que havia concluído uma tarefa que lhe custara 12 anos de sua vida, é a prova de que o filme vai além de sua proposta.


by Lucas Nascimento

Crítica | Os Miseráveis (2012)

Já disse e não vejo mal em repetir: não gosto de filmes musicais. No entanto, a versão de Tom Hooper para Os Miseráveis traz um elenco muito carismático e 8 indicações para o Oscar deste ano, logo merece ser conferido até mesmo por aqueles que acham repentinos números musicais intrusivos em longa-metragens. Dito isso, o longa impressiona pela escala de sua produção e o talento de seu elenco, que se transforma realmente em um grupo de cantores.

A trama é mais uma adaptação da cultuada obra de Victor Hugo (que já ganhou bem sucedidas versões nos palcos da Broadway), que traz uma série de personagens em meio ao período da Revolução Francesa do século XVIII. No centro deles está Jean Valjean (Hugh Jackman), um condenado que foge de sua condicional e aspira por uma vida melhor, ao mesmo tempo em que é perseguido pelo cruel inspetor Javert (Russell Crowe) e se compromete em cuidar da jovem Cosette (Isabelle Allen, jovem, e Amanda Seyfried, adulta).

O que é realmente interessante sobre o novo filme é sua técnica inovadora. Primeiramente que cerca de 90% dos diálogos do roteiro não são pronunciados, e sim recitados em forma de canções – o que difere dos musicais habituais, onde a narrativa segue de forma padrão e é momentaneamente quebrada para a entrada de um número musical, onde impera determinada canção. Aqui, Hooper insere a cantoria como algo habitual desse “universo”, em uma clara tentativa de torná-las orgânicas, algo que não me recordo de ter visto em produções do tipo. Mesmo que seja uma iniciativa intrigante, o resultado é exaustivo de se acompanhar, já que o espectador é atacado com uma enxurrada de canções, uma atrás da outra. Há até uma cena em que acompanhamos diversas músicas diferentes ao mesmo tempo; o que, ainda que contribua para a preparação de uma batalha, soa como uma cacofonia incomodante.

Mas certamente é de se dar créditos ao novo método de interpretação das canções. Geralmente o elenco se reúne em um estúdio para gravar todo o trabalho vocal separadamente, para depois atuar durante as filmagens tendo essas gravações de áudio como referência. Em Os Miseráveis, o elenco canta ao vivo, sendo no mínimo, ousado. E os resultados são absurdamente perceptíveis em cena, já que as interpretações ganham muito mais intensidade. A começar pelo protagonista Hugh Jackman, que abandona todo o teor cômico/durão de seu Wolverine para encarnar o complexo Valjean, personagem que passa por transformações físicas notáveis e o ator desaparece nelas, fortalecendo assim sua excelente (e esforçada) performance e comprovando sua imensa carga dramática (e também revelando sua habilidade para cenas de canto).

Favorita ao Oscar de Atriz Coadjuvante, Anne Hathaway de fato merece todos os elogios e prêmios que vem recebendo. Mesmo tendo pouco tempo em tela, sua Fantine é a figura mais trágica e marcante da projeção, e a atriz se despe de toda vaidade e ignora todos os clichês que poderiam surgir ao encarnar uma mulher que perde lar, cabelos e dentes e recorre à prostituição para sustentar sua única filha. Suja e com um olhar destruidor, Hathaway protagoniza o melhor momento do longa ao cantar “I Dreamed a Dream” em uma melodia melancólica e frustrada – e o fato de Hooper manter a cena sem cortes e focalizar a câmera em seu rosto, a torna ainda mais poderosa e emocionante.

A grandiosidade dos cenários também é de se admirar, sendo todos eles uma fiel recriação da Paris daquele período. O demérito vai para a junção artificial de ambientes reais e digitais, como a cantoria solo de Russell Crowe sobre um telhado da cidade, cujo uso óbvio de green screen compromete o bom trabalho do ator. Em efeito contrário, é justamente a artificialidade que favorece alguns fatores da fita, em especial as exageradas vestimentas e caricatas maquiagens dos vigaristas vividos por Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (coincidentemente, ambas figuras igualmente cartunescas no ótimo Sweeney Todd de Tim Burton), que contribuem para o desempenho da dupla – que funciona como um divertido alívio cômico.

Com 168 minutos que se movem com notável lentidão, Os Miseráveis apresenta uma ótima história e um elenco espetacular, mas que é ofuscada em meio ao excesso de canções. O novo método escolhido por Tom Hooper favoreceu aos intérpretes, que dão o seu melhor em apresentações intensas, mas rendeu uma experiência difícil de se acompanhar.

Nas palavras do comediante Jerry Seinfeld: “Não gosto desses musicais, não entendo por que cantar, quem canta? Se tem alguma coisa pra dizer, diga!”


by Lucas Nascimento

Crítica | Django Livre - Faroeste black power

Desde que estreou na direção de longa-metragens em 1992 com Cães de Aluguel, Quentin Tarantino foi se mostrando um dos mais talentosos e influentes cineastas de seu tempo. Dono de um estilo único, seu currículo traz histórias de criminosos, noivas que lutam kung-fu e até um espetacular desvirtuamento da Segunda Guerra Mundial; e agora ele embarca no gênero com o qual vinha flertando há anos: o faroeste. E com Django Livre, adiciona mais uma pérola à sua filmografia.

Ambientado no sul dos EUA (por esse motivo, seria um equívoco classificar o longa como western) dois anos antes da Guerra Civil, a trama segue o recém-libertado escravo Django (Jamie Foxx) e o caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz) em uma série de caçadas por procurados pelo país. Posteriormente, a dupla deverá invadir a fazenda do desprezível Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) a fim de resgatar a esposa de Django, Bruhmilde (Kerry Washington).

Em todas as suas obras, Tarantino mostra o quão vasto é seu repertório cultural (fruto de seus anos como balconista de locadora) e estas sempre vêm recheadas de referências, especialmente em sua escolha musical. Logo em seus segundos iniciais (onde vale destacar o uso de um logo antigo da Columbia Pictures) acompanhamos uma marcha de escravos ao som do tema de Django, western spaghetti que serve como uma das muitas inspirações do filme e na metade da projeção, uma “participação amigável” de Franco Nero, astro do mesmo. E a escolha musical no restante da projeção é das mais inspiradas: de Ennio Morricone a Johnny Cash, até o estilo black e hip-hop, a trilha incidental é mais uma pérola do cineasta.

Trazendo também sutis referências temáticas (minha preferida envolve um dos personagens associando involuntariamente o sofrimento com uma música de Beethoven, remetendo ao protagonista de Laranja Mecânica), a trama do longa começa a se desenrolar de forma simples. Não há um elemento estilístico agressivo como o de Pulp Fiction ou reviravoltas históricas como a de Bastardos Inglórios, mas a narrativa segue um rumo divertido e agradável (ainda que instável em alguns momentos, mas chegaremos a isso depois), graças à bem construída relação entre os dois protagonistas e a química de seus intérpretes.

Surgindo novamente impecável – e mostrando que Tarantino talvez seja o único capaz de explorar seu potencial ao máximo – Christoph Waltz faz de King Schultz uma figura memorável e é admirável a postura cortês que lhe é conferida (sua dicção ao proclamar as palavras de um vocabulário acertadíssimo, aliadas a expressões em alemão e francês, é espetacular), mantendo-a até mesmo quando a violência é a única alternativa restante; como fica claro na cena em que executa um sujeito ameaçador de forma controlada e ainda lhe explica o motivo de suas ações.

De forma similar, o Django de Jamie Foxx também surge como uma implacável máquina de matar, mas também é muito interessante observar como o ator constrói suas camadas mais suaves. Vítima da escravidão e obcecado em encontrar sua esposa Broomhilda, percebe-se um silêncio nas atitudes do personagem e ainda assim, uma chama de esperança; reparem em como sua empolgação quase infantil (e também na forma como se senta) quando Schultz se prepara para contar-lhe uma história ou sua felicidade ao descobrir que poderá escolher suas próprias vestimentas. Mas não desconfiem das habilidades de Django como pistoleiro, ou de seu poder de persuasão.

E é graças a essa dupla extremamente carismática que o longo primeiro ato do longa funciona, já que a primeira “missão” dos dois é simples e serve mais como apresentação de ambos, perdendo considerável parte do tempo em algumas sequências desnecessárias. Por exemplo, a cena em que um grupo Ku Klux Klan discute a ineficácia de suas máscaras é uma das mais engraçadas de todo o filme, mas não apresenta uma justificativa para estar aqui, já que tais personagens simplesmente aparecem e desaparecem da história sem propósito algum. Quando Django e Schultz partem para o resgate de Broomhilda (e Tarantino faz belo uso de um letreiro retrô para ilustrar a passagem do tempo, logo seguido de outro que traz a localização da dupla com letras grandes e ameaçadoras, enfatizando o perigo que enfrentarão), a trama encontra seu principal objetivo e encontra um antagonista marcante na forma de Leonardo DiCaprio.

Vivido pelo ator de forma brilhantemente repulsiva, Calvin Candie é mais uma personagem que surpreende com suas explosões de violência (a cena do martelo, preparem-se para a fúria!), fruto de um aborrecido narcisismo que por sua vez pode ser consequência da bajulação que este teve em toda sua vida (observe como um de seus empregados o parabeniza pelo simples fato de este ter conseguido assinar uma carta sozinho), mas também podendo ser facilmente repreendido por sua irmã, uma das únicas figuras que este claramente respeita. A outra seria Stephen, seu ajudante pessoal, vivido por Samuel L. Jackson de uma forma que nunca o havíamos visto: extremamente caricato, mas muito (muito) engraçado.

E ainda que Django Livre seja um filme muito divertido, ele tem a capacidade de chocar com suas fortes cenas que retratam a opressão a escravos. A cena em que uma personagem é retirada de uma “hot box” é particularmente difícil de se assistir, principalmente por acompanharmos a reação de outros envolvidos na cena e pela direção segura de Tarantino, que retrata o momento sem maneirismos ou efeitos cômicos (algo raro em sua carreira): real e cru. Nesse sentido, é importante ressaltar também o uso excessivo da palavra “nigger” (traduzida pela legenda como “crioulo”) um termo pejorativo, mas cuja presença é necessária para retratar o fluxo do racismo presente na época em questão.

Movendo-se com ritmo irregular até uma conclusão um tanto exagerada, Django Livre é mais um ótimo trabalho de Quentin Tarantino, e ainda que não alcance a perfeição de Bastardos Inglórios ou Pulp Fiction, comprova a facilidade do diretor em navegar com seu estilo através de diferentes gêneros. Vejamos o que ele vai aprontar a seguir.

Django Livre (Django Unchained, EUA - 2012)

Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Walton Goggins, Kerry Washington, Don Johnson, Franco Nero
Gênero: Faroeste
Duração: 165 min

https://www.youtube.com/watch?v=tivv135aGbc


by Lucas Nascimento

Crítica | O Protetor - Diversão à moda antiga

Às vezes, não é preciso muito para se fazer o ocasional filme de ação do sábado à noite. Muita porcaria é capaz de aparecer por aí (porque acredite, ação ruim existe, e é muito comum), mas vira e mexe algo realmente único pode surgir. Não que Antoine Fuqua tenha ido até a Lua com seu novo O Protetor, mas ele certamente produziu entretenimento genuíno.

A trama é adaptada da série de TV homônima de 1985, mas sai Edward Woodward e entra Denzel Washington para assumir o papel de Robert McCall, um agente secreto altamente treinado que tenta levar uma vida normal em sua aposentadoria. Quando uma organização russa de tráfico sexual coloca em risco a vida da jovem Teri (Chloë Grace Moretz), McCall resolve ir atrás dos responsáveis para servir justiça.

Se parar pra pensar, O Protetor é quase como Taxi Driver. Uma versão marrenta, cartunesca-trash e centrada em ação de Taxi Driver, sim, mas compartilha com a obra-prima de Martin Scorsese um incidente incitante de trama similar, voltado para algo aparentemente aleatório. McCall e Teri são amigos ocasionais, que compartilham uma conversinha aqui e ali, nada poderoso o suficiente para que o protagonista encarasse uma cruzada violenta e arriscada como tal. E isso é muito eficiente aqui, remanescência do herói de ação dos anos 80. Digo, McCall vai pro confronto final de ônibus… Esse é o herói do povo.

Washington surge excelente aqui, enfrentando uma série de inimigos que parecem ter sido engavetados de uma nada sutil propaganda pró-EUA da Guerra Fria. Temos lá os capangas grandes, com bigodes exóticos e cabeleiras nada realistas, e o grande vilão de Marton Csokas (pra mim, o Kevin Spacey russo) que já se apresenta como o mal em pessoa quando vemos seu corpo repleto de tatuagens com demônios, cabras e outros indicadores de “parada maligna”. Os encontros entre os polos opostos, seja num diálogo tenso num restaurante ou já na pancadaria, são interessantíssimos. Antoine Fuqua é um grande diretor, cuja câmera se move bem durante a ação, e também é criativo na composição de seus enquadramentos. Temos uma luta na chuva dentro de uma loja de departamentos., quer mais badass que isso?

Se peca em algo, é ao transformar McCall em uma espécie de super-humano obcecado com os movimentos alheios, na cópia mais descarada do Sherlock Holmes “moderno” possível. O longa também se estende ao tentar garantir que todas as pontas soltas da cruzada de McCall ficassem devidamente amarradas, mesmo que isso o leve a uma viagem relâmpago para Moscou.

O Protetor é um filme de ação despretensioso e divertidíssimo, agarrando-se a estereótipos e uma performance habitualmente agradável de Denzel Washington. Às vezes, não é preciso esquentar demais.

O Protetor (The Equalizer, EUA - 2014)

Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Richard Wenk, baseado na série de TV de Michael Sloan e Richard Lindheim
Elenco: Denzel Washington, Chloë Grace Moretz, Marton Csokas, David Harbour, Haley Bennett, Melissa Leo, Bill Pullman
Gênero: Ação
Duração: 132 min

https://www.youtube.com/watch?v=SLhhP7iknf8


by Lucas Nascimento

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