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Lucas Nascimento

Crítica | Busca Implacável 3

“Nem sei quantas vezes já disse que sinto muito”, desabafa o herói Bryan Mills (Liam Neeson) para sua filha Kim (Maggie Grace), antes de partir para mais uma cruzada desenfreada contra bandidões gringos genéricos. Confesso que ri, já que a frase inadvertidamente satiriza o descontrole que o apenas eficiente Busca Implacável gerou, expandindo loucamente seu conceito simplista.

A trama começa quando o agente Bryan Mills é incriminado e acusado de assassinar sua ex-esposa, Lenore (Famke Janssen). O marido desta, Stuart St. John (Dougray Scott) então coloca o policial Franck Dotzler (Forest Whitaker) para caçar o acusado. Enquanto isso, Mills corre contra o tempo para descobrir quem é o responsável pela armação.

Imagino que a ideia para o roteiro de Busca Implacável 3 tenha sido enquanto Luc Besson e Robert Mark Kamen tomavam umas durante uma exibição de O Fugitivo na televisão, já que a premissa deste filme é descaradamente idêntica à daquele protagonizado por Harrison Ford. A diferença é que pouco faz sentido aqui, desde as reviravoltas absurdas até a gritante obviedade quanto à identidade do antagonista (olha, dá pra sacar em 10 minutos de filme sem dificuldade alguma), que revela a intenção dos realizadores em criar uma plot que envolva toda a família – se no primeiro Mills era um vingador solitário, aqui é um programa dominical para Mills e seus amigos.

Pior: se a trama é indiferente, e uma mera desculpa para que possamos  ver Liam Neeson quebrando tudo e protagonizando cenas de ação, que estas sequências sejam, no mínimo, estimulantes. Olivier Megaton (responsável também pelo fraco segundo filme) revela-se um mestre na arte de cenas de ação incompreensível, adotando uma câmera incessante e retardada (alguém consegue decupar a perseguição de carro na rodovia e me explicar passo a passo o que diabos acontece ali?), enquanto os montadores Audrey Simonaud e Nicolas Trembasiewicz merecem um prêmio por serem incapazes de manter um plano com mais de 10 segundos, exagerando nos cortes rápidos, mesmo que seja uma simples conversa entre dois personagens imóveis.

Mas ainda entretém ver a intensidade de Liam Neeson durante a correria e a pancadaria. Tudo bem que soa cômico e bem menos impactante ver um herói de ação gritando “você matou minha ex-esposa!”, mas o ator consegue render bons momentos com Maggie Grace, onde Mills libera seu lado mais suave. Diverte também ver como a franquia percebeu a capacidade de brincar com elementos “iconizados” no primeiro filme, como quando Mills ameaça: “Quando você sair, eu vou te encontrar… E nós sabemos o que eu vou fazer” ou a ironia de trazê-lo terminando uma ligação de telefone com “Boa sorte”, tal como o sequestrador no filme de 2008.

Busca Implacável 3 fracassa como espetáculo de ação e também na tentativa de elaborar uma trama mais esperta do que poderia ser, salvando-se apenas a presença de Liam Neeson e um ou dois bons momentos. Já é hora de aposentar Bryan Mills.


by Lucas Nascimento

Crítica | A Culpa é das Estrelas

Ao escrever sobre a comédia 50% em 2012, me surpreendi pela capacidade deste em oferecer uma abordagem original e bem-humorada para um tema tão delicado: o câncer. Foi inevitável para mim traçar o paralelo entre o filme dirigido por Jonathan Levine e A Culpa é das Estrelas, adaptação cinematográfica do best seller milionário de John Green, que também aposta em uma visão alternativa para a doença terminal mais letal do planeta; mas se rende ao óbvio show de lágrimas exageradas.

A trama é adaptada por Scott Neustadter e Michael H. Weber (responsáveis pelos ótimos (500) Dias com Ela e The Spectacular Now), e se concentra na jovem Hazel Grace (Shailene Woodley), diagnosticada aos 13 anos com um tumor letal em seu pulmão. Em uma das reuniões de um grupo de apoio a doenças terminais, Hazel conhece o galanteador Augustus Waters (Ansel Egort), jovem que teve uma de suas pernas amputadas para vencer o câncer, e logo inicia um arriscado romance com este.

“Gus, eu sou uma granada”, alerta Hazel Grace em determinado momento da história. É um lembrete de que, em meio às fofuras açucaradas experienciadas pelos protagonistas durante boa parte da trama, existe um perigo real em A Culpa é das Estrelas. É certamente o aspecto mais chamativo da história (tanto aqui quanto no livro de Green, que li e gostei), traduzido com habilidade pelo roteiro acertado de Neustadter e Weber: os fãs não têm o que reclamar, todos os eventos centrais são transpostos fielmente, linhas de diálogos foram praticamente duplicadas e o espírito/humor de seus personagens está no lugar.

Todas as metáforas funcionam muitíssimo bem (como o cigarro de Gus e o livro fictício lido por Hazel), sendo um bônus contar com a talentosa Shailene Woodley para dar vida a uma personagem feminina forte e determinada e também com Ansel Egort, que se mostra mais do que um mero rosto bonitinho ao fazer de seu Augustus um jovem otimista e divertido. Vale mencionar também a presença de Willem DaFoe, que consegue fazer do autor fictício Peter Van Houten uma figura complexa e multifacetada, agradando pela surpresa de sua revelação (e a designer de produção Molly Hughes é inteligente ao deixar inúmeras cartas de fãs espalhadas pelo chão da casa do autor).

É ao diretor novato Josh Boone (cujo único projeto anterior fora Ligados pelo Amor) que devo apontar os dedos. Mesmo com bom material em mãos, Boone mostra-se determinado a arrancar lágrimas do público das formas mais brutais possíveis: da mesma forma como um jump scaresurge como recurso barato no terror, o uso de trilha sonora forçada (no caso, mais canções teen com gemidos angelicais) e a palhaçada que Boone e seu diretor de fotografia pouco imaginativo fazem com os desfoques das lentes nas cenas mais pesadas (o tempo todo!) são alguns fatores que transformam A Culpa é das Estrelas em uma obra mais melodramática do que o necessário – falta um pouco de sutileza, menos exagero. E entendo que a direção do filme vise se concentrar no elenco (o que justifica a razão de aspecto de 1:85:1, sem as “barrinhas” na tela), mas é visualmente tão pobre que soa mais como uma transcrição do livro do que como cinema em si – ainda que aqui e ali Boone consiga agradar com planos bonitos, como aquele em que sua câmera revela a perna amputada de Augustus em meio às de Hazel.

No fim, A Culpa é das Estrelas agrada por seu senso de humor inteligente e o elenco, mas peca quando seu diretor opta por transformar a experiência em uma orquestra sinfônica de lágrimas e fungadas de nariz, um caminho óbvio e que deixa a desejar diante de seu lado mais humorístico. Bom, mas poderia ser muito mais.

A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars – EUA, 2014)
Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber (baseado no livro de John Green)
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Sam Trammell, Willem Dafoe, Lotte Verbeek, Ana Dela Cruz, David Whalen, Milica Govich.
Duração: 125 min.


by Lucas Nascimento

Crítica | Caminhos da Floresta - Brincadeira metalinguística e musical

Eu já estou farto de filmes da Disney com visuais bonitinhos e florestas excêntricas, ainda mais se for um musical. E também do Johnny Depp fazendo algum papel maluco, então podem entender o quão temeroso eu estava com este Caminhos da Floresta, musical de Rob Marshall que compila todos este fatores. O mais impressionante é que eu não detestei, muito pelo contrário.

A trama é adaptada de uma peça de James Lapine (que também assina o roteiro), centrando-se num padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt), que são alertados por uma bruxa (Meryl Streep) de uma maldição que os impede de ter filhos. A fim de quebrar o feitiço, o casal é incubido de coletar quatro itens na floresta, colocando-os nos caminhos de Cinderela (Anna Kendrick), Chapeuzinho Vermelho (Lila Crawford), Rapunzel (Mackenzie Mauzie) e João e seu pé-de-feijão (Daniel Huttlestone).

É o fairy tale extravaganza. Caminhos da Floresta me traz uma boa lembrança de Shrek, pela forma com que mistura as diferentes histórias de contos de fadas aqui, e funciona principalmente pela criação do Padeiro e sua Esposa. Vividos pelo ótimo James Corden e a sempre impecável Emily Blunt, o casal é o melhor elemento da produção, sendo capaz de comover e prender o espectador durante toda a projeção – e o fato de o herói do filme ter uns quilinhos a mais, enquanto o príncipe encantado de Chris Pine surge acabado, com barba por fazer e adúltero (“Fui criado para ser encantador, não sincero”, confessa) já nos alerta que o filme irá quebrar algumas convenções, e satirizar os clichês do gênero (como as constantes fugas de Cinderela do baile, devidamente ironizadas pelo narrador). Até a Bruxa da sensacional Meryl Streep tem seus motivos bem explicados.

Visualmente, é um espetáculo. O design de produção de Dennis Gassner é eficaz ao criar um aspecto teatral a diversos cantos da vasta floresta do título, enquanto a veterana Colleen Atwood acerta novamente na elaboração de vestidos, uniformes e quaisquer outras vestimentas que a produção exija (o Lobo de Johnny Depp é um tanto ridículo, mas agrada por manter suas raízes teatrais) Já Rob Marshall se sai bem na direção, movendo  sua câmera com fluidez durante os ótimos números musicais do longa, e impressionando com devaneios visuais como aquele que mostra Chapeuzinho caindo na barriga do Lobo ou quando o tempo congela durante uma revelação de Cinderela.

E a história, aliada a todos os fatores plásticos, funciona perfeitamente. Até o terceiro ato. Infelizmente, o roteiro de Lapine se vê na necessidade de esticar sua trama além do necessário, adicionando elementos que nem de longe são tão interessantes quanto a expedição do Padeiro e sua Esposa. Tudo bem que seria um final bobo e genérico se o roteiro não caminhasse para uma direção mais perigosa (e a cena final, com linda rima com a primeira, é de fato muito eficaz), mas simplesmente não funcionou para mim.

Como alguém que não suporta musicais ou contos de fadas bonitinhos,Caminhos da Floresta representa uma grata surpresa, graças a seu roteiro esperto, elenco excepcional e uma produção belíssima. Tem seus problemas, mas não deixa de ser uma experiência eficiente.

Caminhos da Floresta (Into the Woods, EUA - 2014)

Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine, baseado em seu musical
Elenco: Meryl Streep, Emily Blunt, James Corden, Johnny Depp, Chris Pine, Anna Kendrick, Lila Crawford, Daniel Huttlestone
Gênero: Aventura, Musical
Duração: 125 min

https://www.youtube.com/watch?v=3pRaqZ2hoNk


by Lucas Nascimento

Crítica | 300: A Ascensão do Império - Irrelevante e atrasado demais

Foi só quando os primeiros trailers e imagens de 300: A Ascensão do Império começaram a sair que realmente acreditei que este filme estava realmente sendo feito. Com um intervalo de 8 anos desde o lançamento do eletrizante filme de Zack Snyder, a Warner aposta em uma continuação/prelúdio desnecessário que não faz justiça ao original.

A trama do novo filme é curiosa. Começa antes dos eventos do primeiro filme, revelando como o conflito entre gregos e persas se intensificou com a chegada de Xerxes (Rodrigo Santoro, tão relevante aqui quanto no original), e se desenrola simultaneamente à batalha de Termópilas comandada pelo espartano Leônidas, agora colocando em foco as batalhas navais lideradas pelo ateniense Temístocles (Sullivan Stapleton) contra a implacável general persa Artemísia (Eva Green).

É incrível que, com um desenrolar temporal bem maior e mais complexo do que o primeiro, A Ascensão do Império soe tão vazio e que seus 102 minutos de projeção não cheguem a lugar algum. O risível roteiro de Zack Snyder e Kurt Johnstad, mais uma vez baseado na (inédita) graphic novel de Frank Miller, aposta em diversos flashbacks sobre a origem de personagens (algo que surge simplesmente para preencher espaço) ou ações que acabaram de acontecer (vide o regresso), e falha até mesmo em oferecer uma conclusão decente para a trama simplória – teimando em encerrar a projeção com um óbvio cliffhanger, ao contrário do primeiro filme. E sem comentários para as subtramas ridículas que tentam oferecer densidade a alguns personagens secundários: historinha de pai e filho na guerra, de novo?

Aliás, o filme de Noam Murro (quem?) só fica pior quando nos lembramos do de Snyder. Falta a esta continuação um protagonista carismático como o Leônidas de Gerard Butler, que aqui é substituído pelo razoável Sullivan Stapleton, mas cujos discursos motivacionais e gritos de guerra empalidecem diante das divertidas frases de efeito do brutamontes espartano. E Murro sacrifica qualquer oportunidade de apresentar sua visão artística ao se limitar a (tentar) copiar o estilo de Zack Snyder, demonstrando ainda mais fascínio pelo slow motion exagerado e um irritante uso de sangue digital cuja artificialidade é berrante – sem nos esquecermos da fotografia green screen absurdamente luminosa de Simon Duggan.

O diretor até tenta promover um plano-sequência durante uma cena de batalha, mas surge apenas como mais uma genérica batalha mal orquestrada e que não empolga, decepcionando até mesmo na grande novidade da projeção: as batalhas navais, que são devidamente preparadas com a empolgante trilha sonora de Junkie XL mas não mostram a que vieram quando o confronto enfim acontece.

Se existe um elemento válido em A Ascensão do Império é a Artemísia de Eva Green, que surge como uma vilã forte e ambiciosa. A atriz consegue roubar o filme para si em cada frame que aparece (confesso que me peguei torcendo por ela em determinado momento, meramente por seu carisma) e agrada por sua performance acertadamente exagerada – e sedutora.

No fim, até mesmo os fãs do primeiro 300 precisam reconhecer que 300: A Ascensão do Império não era um filme que precisava ser feito. Tem suas qualidades aqui e ali, mas é um resultado assustadoramente aquém da produção de 2007 . Agora tenho medo de que este filme faça rios de dinheiro e a Warner aprove mais continuações.

300: A Ascensão do Império (300: Rise of the Empire, EUA - 2014)

Direção: Noam Murro
Roteiro: Zack Snyder e Kurt Johnstad, baseado na obra de Frank Miller
Elenco: Sullivan Stapleton, Eva Green, Rodrigo Santoro, Lena Headey, Hans Matheson, Callan Mulvey, David Wenham
Gênero: Ação
Duração: 102 min

https://www.youtube.com/watch?v=hIL3nTSwvXs


by Lucas Nascimento

Crítica | Selma: Uma Luta pela Igualdade - A Tour de force de David Oyelowo

De uns tempos pra cá, o cinema americano tem uma espécie de movimento cada vez mais frequente de cineastas negros que trazem importantes histórias sobre a superação de sua etnia. Lee Daniels teve seu esquecido O Mordomo da Casa Branca em 2012, Steve McQueen foi aclamado por seu ótimo 12 Anos de Escravidão no ano passado, e agora é a vez da cineasta Ava DuVernay colocar seu nome no livro com Selma: Uma Luta por Igualdade.

A trama é centrada na campanha de Martin Luther King Jr. (David Oyelowo) para garantir o direito ao voto para o negro, em meados da década de 60. Mesmo clamando pelo apoio do presidente Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson), King é forçado a agir sorrateiramente, através de uma marcha partindo de Selma, a capital do Alabama, até Montgomery, onde reside o capitólio do estado.

Primeiramente, confesso que estou surpreso por esta ser a primeira vez que vemos alguém mostrar Martin Luther King em um longa-metragem de orçamento grande. Demorou, mas o pastor ativista ganha aqui um retrato digno pelas mãos de DuVernay e Oyelowo, aproveitando também o timing dos acontecimentos polêmicos em Fergunson, que revelam que a luta de King ainda continua. DuVernay, em seu terceiro trabalho como diretora, acerta ao pintar a história de forma elegante e brutal, chocando ao mostrar a repressão violenta da polícia e os ataques racistas que a congregação de King sofria. Tudo bem que a diretora pesa a mão ao exagerar da câmera lenta para exacerbar momentos dramáticos, mas executa com o diretor de fotografia Bradford Young um trabalho impecável de enquadramentos, cores e iluminação.

E, claro, temos o relativamente desconhecido David Oyelowo (você deve tê-lo visto fazendo bicos em Interestelar, Jack Reacher e Lincoln) que entrega uma performance sensacional como Luther King. Evitando tratá-lo como um mito, Oyelowo enche a voz nos emocionantes discursos motivacionais (“Who murdered Jackie Lee Williams?” é algo sobrenatural), mas também explora a insegurança, o medo e até a infidelidade de King, traçando uma figura humana e vulnerável, fortalecida pelo poder de seus seguidores. Aliás, uma cena reveladora é aquela em que King, logo após entregar um discurso evocativo e poderoso é mostrado deitado em um sofá tentando pensar em como tornar realidade suas promessas feitas em tal momento, num exemplo de montagem inteligente e sutil de Spencer Averick.

Agora, é uma pena que quase ninguém consiga manter o ritmo louco de Oyelowo, já que o filme perde ritmo considerável quando seu personagem não está em cena (com exceção do primeiro embate com a polícia, mas por ser uma cena intensa por si só). Tom Wilkinson faz um trabalho competente como Johnson e há boas participações-relâmpago de Cuba Gooding Jr. e Martin Sheen, mas Tim Roth é quem consegue roubar um pouco a cena com seu caricato George Scott, governador do estado do Alabama. Carmen Ejogo também rende alguns bons momentos como Coretta Scott King, a esposa do protagonista.

Selma: Uma Luta por Igualdade é um filme eficiente e que carrega consigo uma mensagem atemporal sobre a luta de direitos raciais, carregado por uma direção acertada e uma performance espetacular de David Oyelowo. Pode não ser poderoso quanto os dizeres de Martin Luther King, mas é um belo atestado a este e seus ideais.

Selma: Uma Luta por Igualdade (Selma, EUA - 2014)

Direção: Ava DuVernay
Roteiro: Paul Webb
Elenco: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Tessa Thompson, Common, Tom Wilkinson, Martin Sheen, Lorraine Toussaint, Cuba Gooding Jr, Oprah Winfrey, Giovanni Ribsi, André Holland, Lakeith Stanfield, Colman Domingo
Gênero: Drama
Duração: 128 min

https://www.youtube.com/watch?v=IMHURptbS9c


by Lucas Nascimento

Crítica | Cinderela (2015) - O melhor remake live action da Disney

Quando tivemos o anúncio de que Kenneth Branagh dirigiria uma versão live action do clássico Cinderela, acredito que não estava sozinho quando deduzi ser uma ideia desnecessária. Não só a animação da Disney se sustenta sozinha até hoje, como também a icônica história já ganhou diversas interpretações e reimaginações ao longo dos anos (sério, confiram o absurdo de adaptações aqui) levando muitos a se perguntarem o que Branagh poderia trazer de novidades. A resposta: nada. Mas justamente por se ater à história em sua pura forma, seu filme funciona maravilhosamente bem.

A trama… Precisa mesmo? Explicar essa história? OK, não custa nada. Chris Weitz assina o roteiro, que nos apresenta à jovem Ella (Lily James) a partir do momento em que sua mãe (Hayley Atwell) falece subitamente, deixando-a sozinha com seu pai (Ben Chaplin). Posteriormente, ele se casa com uma viúva (Cate Blanchett) que se torna a madrasta de Ella, levando também suas duas filhas para a casa da moça. Vivendo como uma criada doméstica após a morte do pai, Ella acaba conhecendo um Príncipe (Richard Madden) na floresta, e o resto é história.

Fada Madrinha! Carruagem de abóbora! Baile! Sapatinho de cristal! Tudo e mais um pouco estão aí, sem exceção. Weitz respeita cada virada da história, acrescentando algumas boas subtramas (como a relação entre a Madrasta e o Grão Duque vivido por Stellan Skarsgard) e uma constante martelada na lição de moral que prega “coragem e gentileza”, que – mesmo repetindo-se com assustadora frequência – ajuda a envolver todas as pontas da história, já que diferentes personagens passam a adotar tal filosofia.

Branagh não se arrisca com pretensões estilísticas (como seu uso descontrolado do ângulo holandês em Thor), mas é capaz de conduzir com firmeza ótimas sequências, como todo o núcleo da transformação mágica de Ella até a espetacular cena do baile, beneficiada também pelo vibrante design de produção do veterano Dante Ferretti e os figurinos coloridos de Sandy Powell – a maneira como o vestido azul parece “engolir” o Príncipe durante a valsa rende um lindo visual.

Branagh também acerta na direção de seu ótimo elenco, trazendo um pouco de sua fase shakesperiana (todos com devidos sotaques britânicos) mas também um toque cartunesco, aplicando-se às irmãs vividas por Sophie McShera e Holliday Grainger. Cate Blanchett como a Madrasta é um destaque à parte, permitindo que a excelente atriz divirta-se numa performance assumidamente maléfica, mas que não se leva pelo maniqueísmo: a Madrasta é má, mas um breve monólogo explica seus motivos nada absurdos.

Mas é realmente Lily James quem rouba o show. Além de estonteante e uma maravilha de se olhar, é uma explosão de carisma e presença em tela. A bondade e igenuidade da personagem são absorvidos completamente pela atriz, sempre sorridente e leviana. Não importando o quão brega possam parecer algumas situações (algumas das transformações de animais em humanos, por exemplo), ver a expressão de surpresa e felicidade no rosto de Allen é inebriante. Além disso, tem uma química real e forte com o príncipe de Richard Madden (e ver justamente esse ator de Game of Thrones tão perto da coroa é, no mínimo, irônico), que mostra-se também muito versátil; especialmente em uma cena específica com seu pai, vivido por Derek Jacobi.

Cinderela é uma adaptação que funciona justamente por sua narrativa sincera e bem contada, não precisando de alterações ou inovações gritantes para funcionar. Um elenco acertado, produção caprichada e genuíno sentimento são mais do que suficientes.

Obs: Disney, obrigado por não converter esse aqui para 3D. Mesmo. Que a bolada de dinheiro arrecadado com este aqui sirva de lição para a desnecessidade do recurso danoso.

Cinderela (EUA, 2015)

Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Chris Weitz, baseado na obra de Charles Perrault
Elenco: Lily James, Richard Madden, Cate Blanchett, Helena Bonham Carter, Sophie McShera, Holliday Grainger, Stellan Skarsgard, Hayley Atwell, Derek Jacobi
Gênero: Romance
Duração: 105 min

https://www.youtube.com/watch?v=U7P4HutYb_M


by Lucas Nascimento

Crítica | Spring Breakers: Garotas Perigosas - As pretensões do arthouse

Rápido: qual é a primeira coisa que lhes vêm à mente ao pensar nas palavras Spring Break? Se mulheres semi nuas pulando e rebolando, esguichos de bebidas alcoólicas (é, vamos a dignidade por enquanto) e praticamente toda forma de esbórnia foram elementos trazidos por suas sinapses, ótimo. É bem por aí mesmo. Dirigido por Harmony Korine, é curioso que Spring Breakers: Garotas Perigosas prefira se concentrar em uma experiência sensorial e introspectiva, num cenário completamente caótico e selvagem.

A trama é bem simples: um grupo de quatro amigas (Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson e Rachel Korine) resolve viajar para Flórida durante suas férias de Primavera. Em meio às festas, passeios e bebedeiras do spring break, as jovens são presas quando a polícia as descobre usando drogas em uma das escapadas. A fiança é paga pelo excêntrico traficante Alien (James Franco), que agora exige que o grupo lhe retorne o favor através de atividades criminosas.

Tendo seu nome tanto na cadeira de diretor como na de roteirista (isso se roteiristas tiverem cadeiras, enfim), Harmony Korine infelizmente optou por uma abordagem inadequada aqui. Movido por diversas digressões temporais (pequenos flashbacks e flashfowards que parecem surgir aleatoriamente), o filme surge carregado também por uma narração reflexiva e cuja repetição simplesmente martela o óbvio: “Esse lugar é o paraíso, não quero ir embora nunca” ou “Não era pra ser assim, não era pra ser assim”, repete diversas vezes a Faith de Selena Gomez. A admito que tal estilo seja favorecido pela montagem esperta de Douglas Crise e pela espetacular fotografia de Benoît Debie; esta sendo capaz de capturar a beleza da cidade, assim como se divertir para brincar com cores fortes, luzes fosforescências e efeitos lúdicos – mas toda a plasticidade não compensa pela experiência vazia e que se distancia de seus personagens, e do espectador.

Aqui e ali Korine aposta em sequências mais concretas e focadas em diálogo, especialmente com a entrada de James Franco na projeção. De cabelo trançado, dentes de prata e infinitos “y’all” (cujo excesso já surge como forma de o personagem tentar “compensar” sua etnia) na ponta da língua, o Alien de Franco é desde já uma das figuras mais memoráveis de sua promissora carreira; sendo capaz de aliar perfeitamente sua persona cômica com uma tênue linha dramática. O quarteto principal se sai competentemente bem, mas é inegável que sejam seus corpos expostos (e não a força de suas performances não muito bem definidas) o fator central. Spring Breakers até tenta usar suas jovens figuras para promover algum comentário social (não é toa que Faith, fé, é a primeira a demonstrar arrependimentos), mas nada forte o bastante pra justificar sua inclusão.

Favorecido por uma acertada trilha sonora incidental (especialmente com o uso de “Scary Monsters and Nice Sprites” de Skrillex), Spring Breakers: Garotas Perigosas é uma experiência peculiar, e falha. Talvez se Korine apostasse na velha fórmula de “coisas boas dão errado”, o resultado seria mais satisfatório. Em tempos de originalidade cada vez mais rara no cinema, parece até contraditório falar que um filme se sairia melhor se optasse pelo convencional, mas… é o que acontece aqui.

Ou quem sabe uma comédia de humor negro pesado?

Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers, EUA - 2013)

Direção: Harmony Korine
Roteiro: Harmony Korine
Elenco: Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson, Rachel Korine, James Franco
Gênero: Comédia
Duração: 94 min

https://www.youtube.com/watch?v=imDML4om8z8


by Lucas Nascimento

Crítica | O Destino de Júpiter - Tragédia grega de Space Opera

Não deve ser fácil ser Lana e Lilly Wachowski. As duas acertaram em cheio com Matrix em 1999 e receberam uma carta branca para se fazer praticamente tudo o que quiserem, desde adaptar o desenho Speed Racer até o ambicioso A Viagem, narrativa de 6 épocas distintas que dirigiram com Tom Tykwer. Agora, as Wachowski trazem sua primeira ideia original desde o encerramento da trilogia Matrix, abraçando em O Destino de Júpiter um pesado space opera que infelizmente não atende às expectativas.

A trama nos apresenta a Júpiter Jones (Mila Kunis), uma jovem que trabalha limpando banheiros para sua família na Terra. Quando o caçador Caine Wise (Channing Tatum) a encontra, ela descobre ser a reencarnação da rainha de uma dinastia alienígena de mil anos atrás, colocando-a na mira do invejoso Balem Abrasax (Eddie Redmayne), que planeja destruí-la para conquistar seu planeta.

Olha, um produtor precisa ter muita confiança para financiar algo como O Destino de Júpiter, pelo simples de motivo de ser um produto original, não adaptado de nenhum material publicado, e por certamente ter custado uma grana alta para os cofres da Warner. E outra, é ridículo demais. Além de a trama se arrastar ao ficar discutindo questões territoriais embaseadas em uma filosofia barata (o roteiro ataca o consumismo, o capitalismo e o sistema, mas nunca se aprofunda nisso) – meio como A Ameaça Fantasma fez no passado – o design das criaturas é risível e estranho, apresentando-nos a híbridos de humanos e animais, que certamente despertarão o riso em algum momento (o que dizer daquele homem-elefante?). Nem as cenas de ação (área que as Wachwoski dominaram como ninguém em Matrix) empolgam, soando genéricas e dosadas demais em efeitos visuais pesados.

O casal de protagonistas também é do mais preguiçoso. Desde as performances automáticas de Kunis e Tatum (a atriz grita mais do que a mocinha de Indiana Jones e o Templo da Perdição, imaginem), o romance dos dois é artificial e repleto de frases intimistas que parecem ter saído de um romance sci-fi de Stephenie Meyer (“Você quer me morder?” é apenas um exemplo), sem falar que Caine salva a protagonista exatamente da mesma forma uma dúzia de vezes – mas tudo bem, porque ele tem um par de patins gravitacionais, o que é bem foda. Quem parece se divertir a beça ali é Eddie Redmayne, que está exagerado e afetadíssimo como o vilão Balem, rendendo bons momentos. Pena que o filme o desperdiça ao apostar em inúmeras subtramas e personagens desinteressantes, especialmente o patético núcleo familiar de Jones.

Mas é uma pena ver o navio afundando de forma tão desastrosa. Eu respeito as Wachowski por corajosamente apostar em uma ideia original e com uma mitologia vasta, algo que está cada vez mais esquecido em tempos de remakes, reboots, adaptações de livros em duas partes e inúmeras continuações de mitos do passado. É triste ver que o resultado aqui é um fracasso.

O Destino de Júpiter poderia ter sido o início de algo novo em Hollywood, mas cai na mesmice ao depender de um roteiro preguiçoso, personagens sem graça e uma abordagem um tanto ridícula para temas de ficção científica. Uma pena, mesmo.

Obs: Com todo o festival de excentricidade, não é nenhuma surpresa que Terry Gilliam magicamente aparece numa participação especial.

O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, EUA - 2015)

Direção: Lana Wachowski, Lilly Wachowski
Roteiro: Lana Wachowski, Lilly Wachowski
Elenco: Mila Kunis, Channing Tatum, Eddie Redmayne, Sean Bean, Douglas Booth, Doona Bae, Tuppence Middleton, Gugu Mbatha-Raw
Gênero: Ficção Científica
Duração: 127 min

https://www.youtube.com/watch?v=KY96kILEt7s


by Lucas Nascimento

Crítica | Nebraska - Uma comédia em tons de cinza

Depois de um desmistificador olhar sobre a sociedade havaiana em Os Descendentes (que lhe rendeu um Oscar como corroteirista), o diretor Alexander Payne retorna com uma saudável mistura entre o humor e o drama com Nebraska, sucesso do Festival de Cannes que traz Payne e um talentoso time de volta à cerimônia da Academia deste ano.

A trama se concentra no idoso Woody Grant (Bruce Dern), que acredita ter ganhado 1 milhão de dólares em um sorteio e acaba por ficar obcecado em reclamar seu prêmio. Certo de que é apenas um golpe publicitário, seu filho David (Will Forte) promete levar o pai até o estado de Nebraska a fim de lhe garantir uma espécie de satisfação.

Em sua estreia como roteirista de cinema, Bob Nelson elabora uma narrativa muito simples e concentrada nas diferentes situações que ocorrem no caminho da jornada para Nebraska. O mais significativo deles, é certamente a visita de Woody, David e Kate (esposa do protagonista, vivida pela excelente June Squibb) à cidade natal do casal, onde acabam por encontrar parentes e colegas dos velhos tempos. Nelson acerta ao proporcionar os diálogos mais desinteressantes da face da Terra (especialmente aqueles entre a pacata família Grant), e Payne o segue com inteligência ao apostar em um ritmo lentíssimo e sem muitos cortes em tais cenas – mesmo que ocasionalmente maçante, é essencial para a criação de humor do filme. O diretor também agrada ao trazer planos divertidíssimos (como aquele em que dois sujeitos mascarados preparam-se para um ataque inesperado) e que funcionam com o timing de seu elenco – mesmo que completamente unidimensionais, é impossível não rir com os irmãos interpretados por Tim Driscoll e Devin Ratray.

Por outro lado, é interessante a decisão de Alexander Payne em rodar o filme em preto-e-branco, já que esta confere melancolia à saga de Woody Grant. Mesmo que pontualmente engraçado, o personagem do ótimo Bruce Dern é uma figura trágica (alcoólatra, solitário e ingênuo demais), e o veterano ator é eficaz ao dominar um andar manco e devagar; assim como expressões confusas e uma falha audição. E o diretor de fotografia Phedon Papamichael captura com seu inteligente jogo de luzes e sombras o tom apropriado para o longa, fazendo desejar que a Academia voltasse a dividir a categoria entre colorida e preto-e-branco, dada a incrível beleza das imagens capturadas. Além disso, a trilha sonora de Mark Orton contribui ao trazer uma curiosa mistura entre noir e country.

Novamente sobre Payne, devo apontar uma cena específica que traz uma mise en scène fabulosa e absolutamente simples, que comprova seu talento absoluto como cineasta de forma sutil. Logo após os dois filhos (Forte e Bob Odenkirk, da série Breaking Bad e a vindoura Better Call Saul) saírem do carro, Woody fica no banco de trás e sua esposa atrás do volante. Ao retornarem, não há outra decisão estética a não ser colocar Forte ao lado de Woody e Odenkirk ao lado da mãe, o que revela muito sobre seus personagens – e a qual dos pais cada um dos irmãos confere mais afeto. Um exemplo que revela um Payne mais contido, mas nem por isso menos eficiente.

No fim, é interessante observar Nebraska como uma obra sobre a auto-satisfação, mesmo que seja pautada em mentiras. Seja no suposto prêmio do protagonista, que logo desperta interesses alheios, ou em diversos momentos do último ato, o filme de Alexander Payne acerta ao analisar essa temática de forma bem-humorada e até tocante. Mas se a satisfação dos personagens aqui é pautada em elementos fraudulentos, a do espectador diante do filme é verdadeiramente genuína.

Nebraska (EUA, 2013)

Direção: Alexander Payne
Roteiro: Bob Nelson
Elenco: Bruce Dern, Will Forte, June Squibb, Bob Odenkirk, Stacy Keach
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 115 min

https://www.youtube.com/watch?v=ZuIBvmxIN4w


by Lucas Nascimento

Crítica | Whiplash: Em Busca da Perfeição - Suspense regado a jazz

Fico realmente impressionado quando um artista mostra do que é capaz logo em sua primeira grande obra. Orson Welles em Cidadão Kane, Jean-Luc Godard em Acossado, Quentin Tarantino em Cães de Aluguel e até mesmo Dan Gilroy com seu eficiente O Abutre. Cada uma dessas obras tems sua respectiva importância para os períodos em que foram lançados. Damien Chazelle não vai mudar o mundo ou a linguagem cinematográfica com Whiplash: Em Busca da Perfeição, mas cacetada… O sujeito é dos bons.

A trama é inspirada em um curta-metragem do próprio Chazelle, centrando-se no jovem Andrew Nieman (Miles Teller), ambicioso baterista que almeja ser um dos melhores de seu tempo. Solitário, sem amigos e não recebendo o reconhecimento esperado de sua família, Andrew é selecionado para a banda principal de sua escola de música, regida pelo influente Terence Fletcher (J.K. Simmons). Mas à medida em que Fletcher vai se revelando um monstro obsessivo, Andrew começa a questionar seus limites.

Basicamente, Whiplash faz com bateristas de jazz o que Cisne Negro fez com bailarinas. Desde os acessos surtados de obsessão pelo perfeito até os instrumentos ensaguentados, Damien Chazelle mantém uma condução segura e invejável, demonstrando domínio dos mais variados enquadramentos (de quantas formas se é possível filmar uma bateria?), planos, movimentos de câmeras velocidades de quadros por segundo. Ao lado do diretor de fotografia Sharone Meir, Chazelle visualiza uma Nova York sombria e ao mesmo tempo harmoniosa, alcançando uma coloração similar à que David Fincher e Jeff Cronenweth trazem em suas colaborações - o que, particularmente no meu caso, é sempre um ponto positivo.

E dedico aqui um parágrafo inteiro para o sobrenatural trabalho de montagem de Tom Cross. Responsável por organizar e mesclar todo o material capturado por Chazelle, Cross oferece uma montagem frenética e que acerta ao acelerar a passagem de tempo em alguns eventos com cortes rápidos e jump cuts, e também deixar a cena fluir por mais tempo quando necessário (como o primeiro flerte entre Andrew e Nicole, vivida pela carismática Melissa Benoist). Mas é mesmo nos números musicais que Cross se sobressai, onde cada transição acompanha uma nota musical; cada corte segue uma diferente batida das baquetas de Andrew. Trabalho digno de Oscar, nada menos.

Tecnicamente impecável, seu esqueleto básico não deixa a desejar. O roteiro é eficaz ao trazer diversas situações que testam os limites do protagonista, assim como diálogos fervorosos que exploram como sua ambição fica à uma tênue linha da vaidade: a discussão com primos à mesa do jantar e um frio término de namoro são apenas alguns dos exemplos. Mas nada do que Andrew faz é capaz de chegar aos pés do Fletcher de J.K. Simmons, que – em uma performance nada menos que espetacular – entrega um dos antagonistas mais brutais, sádicos e enigmáticos dos últimos tempos. Seu discurso sobre “a morte do jazz” e a aceitação do medíocre é genial, e cada gota de suor que vemos Miles Teller derramar enquanto toca a bateria como um louco é algo assustador de se contemplar, já que a catarse parece nunca chegar.

Whiplash: Em Busca da Perfeição é uma obra que funciona exatamente como uma orquestra sinfônica. Cada departamento exerce sua função magistralmente, tal como instrumentos musicais, cada um a seu ritmo e sob a conduta de um sujeito inteligente para entregar uma experiência inebriante. Ao final, tudo o que posso dizer é “bravo”.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, EUA - 2014)

Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Elenco: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser, Austin Stowell
Gênero: Drama
Duração: 107 min

https://www.youtube.com/watch?v=iTgk3WbTErk


by Lucas Nascimento

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