logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Sem Amor - A Doença do Ser Humano

Guilherme Coral Guilherme Coral
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•7 de fevereiro de 2018•7 Minutes

Não é muito difícil nos depararmos com filmes sobre crianças desaparecidas/ sequestradas – a temática já rendeu dezenas de obras ao longo dos anos e, apesar dessa quantidade, poucas foram as que demonstraram abordagens diferenciadas, como foi o caso de Os Suspeitos, de Denis Villeneuve, por exemplo. Sem Amor, mais novo longa-metragem do russo Andrey Zvyagintsev, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, no entanto, apenas utiliza essa premissa para trabalhar (e criticar) os relacionamentos modernos e a nossa própria falta de empatia, independente de sua causa.

Enquanto muitos podem enxergar esse filme como uma crítica à Rússia atual, não posso deixar de enxergar nele um reflexo da humanidade nos tempos de hoje, um estudo sobre como temos negligenciado aqueles mais próximos de nós, a favor de ganhos pessoais, seja uma nova paixão, dinheiro, estabilidade, enfim. Temos esquecido o essencial diante de nossos olhos e focado no que é mais atraente e, na maior parte dos casos, dispensável – aqui incluo a constante atratividade da tela do celular, o que não deixa de ser uma grande ironia, se considerarmos que essa crítica pede justamente que o leitor olhe para uma tela e fuja do “mundo real”.

São olhares críticos como esse que se fazem tão necessários nos dias de hoje, nessa sociedade do espetáculo, que tem como auge da importância o próximo filme de herói a ser lançado – e aqui o filme de herói pode ser trocado pelo objeto de seu maior interesse, na maioria das vezes. O roteiro de Oleg Negin e do próprio Zvyagintsev acerta em cheio ao utilizar a figura da criança para criar o impacto de sua mensagem, afinal, que premissa é mais facilmente relacionável do que a de uma criança desaparecida? Como dito antes, porém, esse ponto funciona simplesmente como o veículo da mensagem e não ela em si.

Tal escolha do texto fica bastante clara pela maneira como a narrativa é construída no seu primeiro ato. Conhecemos o casal Zhenya (Maryana Spivak) e Boris (Aleksey Rozin) no meio de sua problemática separação. Ambos já partiram para outras paixões e parecem relegar o filho, Alyosha (Matvey Novikov), a segundo plano, se preocupando mais com seus novos interesses românticos e empregos do que com a criança. A obra gasta um bom tempo de sua duração total para construir esse cenário, mostrando o ex-marido e ex-mulher em seus respectivos ambientes de trabalho e com seus novos companheiros, propositalmente se esquecendo do jovem garoto, que é visto por último indo para a escola, com bastante pressa, diga-se de passagem.

Nesse ponto, no entanto, já foi criada a suspeita de seu desaparecimento – em um trecho de partir o coração, vemos ele descobrindo sobre a separação dos pais, enquanto se esconde atrás da porta. Dessa forma, o texto praticamente obriga o espectador a se perguntar “e a criança?”, enquanto acompanhamos longas sequências exclusivas do pai e da mãe.

Naturalmente que essa escolha do texto, propositalmente burocrático, primeiro mostrando um longo trecho de um personagem, para, em seguida, pular para o outro, é essencial para que seja criada a ilusão de passagem de tempo – de fato, nem um dia se passou, mas, para nós, parece foram semanas desde que os pais estiveram com o filho, evidenciando a negligência para com o garoto, que, especialmente nesse momento, precisava de atenção, justificando, assim, sua fuga e desaparecimento, que, enfim, coloca a narrativa em sua plena velocidade.

A partir daí, o que poderia facilmente continuar como as típicas tentativas dos pais de encontrar a criança, acaba focando ainda mais na relação dos dois, aumentando nosso choque, ao passo que os vemos, aparentemente, continuando a se preocupar com si próprios, ao invés do filho desaparecido. Dessa maneira, gradualmente, Negin e Zvyagintsev criam uma atmosfera não só real, como deprimente, que nos força a pensar sobre nossas próprias ações e aquelas das pessoas à nossa volta. A obra estilhaça por completo a empatia do ser humano e nos retrata como figuras problemáticas, com uma abordagem bastante pessimista, que foge dos costumeiros clichês de filmes sobre casais se separando.

A própria fotografia e as cores mais frias contribuem para esse sentimento, tirando qualquer vislumbre do calor das relações humanas, substituindo pela solidão e o sofrimento. A imagem, como os personagens centrais, parece estar doente, como se estivesse retratando o mais sombrio dos tempos, como se, de fato, não houvesse qualquer esperança – ponto bem salientado pela narrativa, que se torna cada vez mais pesada, enquanto o casal que busca o filho passa a entender plenamente a situação na qual se encontram.

No meio dessa construção, contudo, a obra acaba provocando constantes rupturas no seu ritmo – não se trata da já falada proposital escolha de evidenciar a passagem de tempo e sim uma divisão bastante clara entre os diferentes “estágios” da busca. Tal fator, embora funcione para mostrar o trabalho dessa investigação, acaba quebrando, ocasionalmente, nossa imersão, basicamente pedindo que o espectador se force a continuar atento.

O esforço, porém, não é tão grande assim, visto que toda a atmosfera construída por Andrey Zvyagintsev mais que dá conta desse recado, mantendo uma profunda angústia em nós, enquanto a narrativa assume seu estado mais depressivo. Dessa maneira, Sem Amor mais do que prova que seu título resume a obra perfeitamente, tudo enquanto utiliza a premissa de uma criança desaparecida para evidenciar o quão carente de amor está o nosso mundo. De fato, essa falta de empatia acaba sendo a grande doença do ser humano.

Sem Amor (Nelyubov – Rússia/ França/ Alemanha/ Bélgica, 2017)

Direção: Andrey Zvyagintsev
Roteiro: Oleg Negin, Andrey Zvyagintsev
Elenco: Maryana Spivak, Aleksey Rozin, Matvey Novikov, Marina Vasileva, Andris Keiss, Aleksey Fateev, Sergey Borisov, Natalya Potapova, Anna Gulyarenko
Gênero: Drama
Duração: 127 min.

Mostrar menosContinuar lendo

Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
Listas
5 Séries em destaque para ver na Netflix esta semana

5 Séries em destaque para ver na Netflix esta semana


by Patrícia Tiveron

Listas
As 3 melhores séries do Prime Video para maratonar este fim de semana

As 3 melhores séries do Prime Video para maratonar este fim de semana


by Patrícia Tiveron

Esportes
O leão rugiu no clássico: Vitória vence o Bahia por 2 a 1 e ganha fôlego contra o Z-4

O leão rugiu no clássico: Vitória vence o Bahia por 2 a 1 e ganha fôlego contra o Z-4


by Patrícia Tiveron

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}