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Crítica | Era O Hotel Cambridge

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•16 de março de 2017•8 Minutes

Recentemente, estreou nos cinemas Eu, Daniel Blake, do cineasta britânico Ken Loach. O longa, que narrava o embate de um homem contra o sistema, era, claramente, um filme de protesto. Estruturado como um conto ficcional simples e humano, mas com os pés profundamente fincados na realidade, o plano final do filme não deixava dúvidas acerca do seu caráter combativo. Sendo assim, pode-se facilmente dizer que as ambições e os objetivos do cineasta ao fazer esse filme eram cristalinos. O resultado bem sucedido disso tudo pôde ser conferido pelo público nas telas do cinema. Infelizmente, é justamente esse tipo de clareza na proposta e, por conseguinte, no resultado obtido, o que mais falta em Era O Hotel Cambridge, da cineasta brasileira Eliane Caffé.

O filme, uma mistura estranha de documentário e ficção, gira em torno de algumas pessoas que, por serem moradoras de rua ou refugiados, fizeram de um prédio abandonado – o antigo Hotel Cambridge, no centro da cidade de São Paulo – a sua moradia. Acompanhando alguns dos inúmeros dramas existentes naquele ambiente, o filme foca nos dias que antecipam a reintegração de posse do local. Enquanto continuam a viver suas vidas, eles também planejam fazer de tudo para não ser despejados, mesmo que o significado disso sejam manifestações intensas e embates violentos com a Polícia Militar.

Claramente, uma das maiorias curiosidades em relação ao longa é o fato de que ele foi filmado de uma maneira com que a realidade se misturasse com a ficção. Ao mesmo tempo que a aparência documental – câmera seguindo os personagens, muita iluminação natural – e a presença de outras pessoas representando a situação real e concreta de suas próprias vidas são preponderantes, rostos famosos como os de Suely Franco e José Dumont denunciam que boa parte dos acontecimentos narrados estão recebendo uma dose considerável de ficção – mesmo que os personagens encarnados pelos dois atores sejam baseados em pessoa reais, ainda assim, como não poderia deixar de ser, dada a própria natureza da arte da atuação, há um forte elemento de ficção na construção de suas performances.

Trabalhada ao longo de todo o filme, essa estrutura deliberadamente oscilante entre o real e o ficcional funciona na maior parte do tempo. Mesmo que, às vezes, exista uma confusão de perspectivas no trabalho de câmera (estamos vendo a subjetiva de um personagem ou é o olhar da diretora?), as boas atuações da dupla de atores principais e a surpreendente capacidade expressiva do elenco amador, juntamente com a força dos relatos e dramas dos personagens, são suficientes para a criação de uma narrativa poderosa que mantém o espectador atento. Dessa maneira, tem-se a impressão de que o objetivo principal dos seus realizadores é simplesmente o de fazer um relato comovente sobre a dura realidade daqueles que vivem sem moradia.

Até os instantes finais, é essa impressão a que mais perdura. No entanto, os últimos segundos do filme chegam e o público finalmente percebe que a intenção dos realizadores era a de fazer uma obra de protesto. E há algum problema nisso? A resposta é não, desde que os responsáveis pelo filme sejam claros em relação às suas intenções e seus objetivos principais desde o início. Caso contrário, o resultado pode ser considerado desonesto. Afinal de contas, se é apenas um relato que está sendo mostrado, tendemos a acreditar nele. Mas, se o que estamos vendo é um longa de protesto – defendendo um lado, portanto -, nos perguntamos o quão real é tudo aquilo que está sendo narrado.

Isso, em si, não é algo condenável. O grande problema é que, ao saber no final de Era O Hotel Cambridge qual é a sua verdadeira natureza, o público pode achar que a estrutura que oscila entre o real e o ficcional foi construída com o claro propósito de manipular a realidade de acordo com a posição política e ideológica dos realizadores. Se assim o foi, o longa é desonesto. Se não teve esse propósito, errou sobremaneira ao adotar essa estrutura narrativa. Seja qual for, nos dois casos o final faz com que tudo que havia sido construído caia por terra completamente. Como julgar os aspectos técnicos e narrativos de um filme que tem a sua honestidade colocada seriamente em xeque?

Já em relação ao conteúdo do filme, não havia uma maneira de a diretora escapar de uma postura propagandística. Aliás, pode-se até dizer que esse engano pelo qual o público passa ao longo da projeção – o de achar que é um relato documental quando, na verdade, é uma obra de protesto – foi uma forma que os realizadores encontraram de fugir do caráter panfletário tão característico dos filmes combativos, salvando, assim, a natureza cinematográfica do projeto. No entanto, o tiro acaba saindo pela culatra, uma vez que se mostram covardes em assumirem, desde os minutos iniciais, os verdadeiros objetivos da obra. Falando, por sua vez, do discurso defendido pelo filme, faz sentido que seja imparcial, mas um pouco mais de contextualização e capacidade de enxergar a complexidade de determinadas situação fariam as discussões levantadas pela narrativa subirem de nível intelectualmente.

Extremamente problemático, Era O Hotel Cambridge é um filme que sofre em demasia por não ter enxergado na sua estrutura  – que considera ser o seu grande trunfo – um problema sério de ética. Essa, na verdade, é a melhor das hipóteses. Agora, se os realizadores perceberam o problema e, ainda assim, o usaram para manipular os dados da realidade a seu bel prazer, temos uma situação gritante de desonestidade intelectual. Porém, o estrago já foi feito. De um lado, o erro, e, de outro, a possível desonestidade. Assim, independentemente de qual tenha sido o caso, o filme, apesar de continuar tendo a força dos seus relatos, cinematograficamente falando, vai direto para a lata de lixo da História.

Era O Hotel Cambridge (idem, Brasil – 2016)
Direção: Eliane Caffé
Roteiro: Eliana Caffé, Luis Alberto de Abreu, Inês Figueiró
Elenco: José Dumont, Suely Franco, Paulo Américo, Juliane Arguello, Mariana Raposo, Gabriel Tonin
Gênero: Documentário/Drama
Duração: 99 minutos

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Redação Bastidores

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