Quinze anos se passaram desde que uma única imagem, capturada em uma praça em Assunção, transformou Larissa Riquelme na “Namorada do Mundial” e em um fenômeno global. Hoje, aos 40 anos, a modelo, jornalista e influenciadora paraguaia olha para trás em uma entrevista exclusiva à fonte, refletindo sobre a ascensão meteórica, os arrependimentos, as perdas e, acima de tudo, o orgulho de uma trajetória que se assemelha a um roteiro de novela.
A ligação que mudou tudo: o nascimento da “Namorada do Mundial”
Era a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Enquanto a seleção paraguaia fazia sua melhor campanha na história dos mundiais, chegando às quartas de final, Larissa Riquelme, então com 25 anos, estava na casa da avó quando o telefone começou a tocar incessantemente. Uma foto sua, assistindo a um jogo na Plaza da Democracia com um celular guardado entre os seios, havia rodado o mundo.
“Falavam minha irmã mais velha, a mais nova, eu. Todas eram Larissa Riquelme no meu celular, porque era impossível atender todas as ligações”, relembrou. De um dia para o outro, ela se tornou a “Musa da Copa”, o termo que mais cresceu nas buscas do Google na época, e uma celebridade internacional. A imagem se tornou tão icônica que, desde abril deste ano, está exposta no prestigiado Museo del Barro, em Assunção, como parte da cultura popular paraguaia.
De “Maria do Bairro” à capa da Playboy
A fama contrastava brutalmente com suas origens humildes. Larissa se compara à personagem da novela mexicana “Maria do Bairro”, que conta a história de uma jovem pobre que ascende socialmente. “Acordava às 4h da manhã para vender comida com a irmã e conseguir pagar os estudos. Vendia empanadas, milanesa”, contou.
A foto na Copa foi o catalisador que a transformou na modelo mais bem paga da história do Paraguai e a trouxe para o Brasil, onde estampou a primeira capa 3D da revista Playboy. Ela recorda com emoção a proposta. “Teve muitos zeros. Só dois números e muitos zeros”, disse, sobre o contrato que mudou sua vida financeira.
O preço da fama: arrependimentos, perdas e o luto pela avó
Mas o sucesso veio acompanhado de um lado sombrio. O principal arrependimento de Larissa, ela admite, foi “confiar demais”. “Roubaram dinheiro, me enganaram por dinheiro, mentiram para mim por dinheiro”, desabafou, revelando como muitos se aproveitaram de sua fama repentina.
As críticas e os comentários depreciativos também se tornaram uma constante, algo para o qual ela não estava preparada. “A roupa, o que escolhe fazer, o que decide mostrar, não te define como mulher”, defende-se hoje. O golpe mais duro, no entanto, foi pessoal. Sua avó Guillerma faleceu de câncer enquanto Larissa estava em São Paulo para a divulgação da Playboy. “Creio que foi um dos golpes mais duros que senti emocionalmente, porque não pude me despedir dela”, lamentou.
Aos 40, a reinvenção: jornalismo, rádio e o orgulho que permanece
Hoje, com o conceito de “musa” em desuso, Larissa se reinventou. É influenciadora, tem uma conta de conteúdo adulto no OnlyFans e apresenta o programa de culinária “KaruShow” em uma rádio no Paraguai. Além disso, está cursando o último ano de sua graduação em jornalismo.
Apesar dos percalços, ela sente um imenso orgulho do que a foto de 2010 representa. “Para mim é um orgulho. Talvez muitos vejam diferente, mas para uma pessoa como eu, que começou de baixo, uma fotografia que tenha marcado tanto é muito importante”, defende. “Acho que, além dos peitos e tudo mais, o que importa é a forma como marcou um antes e um depois no futebol e no meu país, algo histórico.”
Nesta terça-feira, ela reencontrará o esporte que mudou sua vida, ao acompanhar o jogo entre Brasil e Paraguai na Neo Química Arena, em São Paulo, fechando um ciclo e criando novas memórias, 15 anos depois.