Há exatos 35 anos, em 23 de junho de 1989, chegava nos cinemas dos Estados Unidos o clássico Batman, primeiro grande filme live-action do Homem-Morcego da DC. O longa foi dirigido por Tim Burton e lançado pela Warner Bros em um grande frenesi, já que até aquele momento, a figura mais popular do Batman era a série de TV dos anos 1960 estrelada por Adam West – onde o herói era mais uma figura cômica.

Graças ao filme de Burton, que trouxe Michael Keaton como o soturno Bruce Wayne, a visão do Cavaleiro das Trevas foi restaurada a seu status natural: um herói sombrio e gótico, que enfrenta sua figura mais antagônica na forma do colorido e excêntrico Coringa, vivido com muita energia por Jack Nicholson, na que pode ser considerada a performance mais popular e icônica de sua vasta carreira.

No que diz respeito a adaptações tradicionais de quadrinhos, o Batman de Burton é uma obra que toma suas liberdades criativas e parece bem mais interessada em seu universo. O Coringa de Nicholson facilmente rouba a cena do Batman de Keaton, que ainda assim é capaz de exprimir carisma e energia; muito mais do que o pouco inspirado interesse amoroso na forma da jornalista Vicky Vale, vivida por Kim Basinger.

Batman e a iconografia

O grande trunfo de Batman, e que permanece praticamente imbatível até os dias de hoje, é a construção visual e sonora. A começar pelo inspirado design de produção, que garantiu uma vitória no Oscar, e que aposta em influências do Expressionismo Alemão para criar uma Gotham City saída diretamente dos quadrinhos: gótica, assustadora e altamente imersiva.

De forma similar, o tema musical de Danny Elfman, que toma conta dos momentos heróicos, ainda é a trilha sonora definitiva do Homem-Morcego; que no filme de 1989 ainda contou com um álbum popular produzido por Prince.

Batman foi um verdadeiro fenômeno nas bilheterias mundiais, arrecadando US$411 milhões em 1989. Corrigindo para a inflação de 2024, o número cresce para impressionantes US$1.042 bilhões.

Tamanho sucesso provou a Hollywood que heróis de quadrinhos poderiam ser uma grande fonte de renda e base de história. Ainda que Batman tenha inspirado a adaptação de outros heróis noir (como O Sombra e Dick Tracy) do que necessariamente outros super-heróis – como X-Men e Homem-Aranha fariam anos depois.

Porém, o sucesso de Batman garantiu sua própria franquia, completada por Batman: O Retorno (também de Burton) e os impopulares Batman Eternamente e Batman & Robin, ambos dirigidos por Joel Schumacher.

Seria só com o elogiado reboot de Christopher Nolan em Batman Begins que o herói enfim recuperaria seus tempos de glória, perfeitamente instalados pelo filme de Tim Burton, que permanece uma obra nostálgica e plasticamente perfeita.

Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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