O filme Duna, de 1984, é geralmente considerado um dos maiores desastres da história do cinema de ficção científica. Lançado após o aclamado O Homem Elefante, o diretor David Lynch recebeu as rédeas de um grande projeto de Hollywood: a primeira adaptação para os cinemas do inovador romance de ficção científica de Frank Herbert.
Infelizmente, o filme se provou um desastre tanto financeiramente quanto para a crítica. Ele não lançou uma franquia semelhante a Star Wars como se esperava, e o universo de Duna ficou em segundo plano por três décadas. No entanto, com a chegada da versão de Denis Villeneuve, o filme de 1984 ganhou um novo fôlego. Por isso, é o momento perfeito para celebrar o que a obra original fez melhor.
1. O elenco de Duna de 1984 é melhor
Apesar de os novos filmes de Duna terem um elenco repleto de estrelas, a versão de 1984 captura melhor a essência dos personagens do livro. O coração da franquia é, afinal, Paul Atreides. Por isso, Kyle MacLachlan foi a escolha perfeita para interpretar o jovem ingênuo que amadurece e se torna o conquistador do universo. Por outro lado, Timothée Chalamet não tem essa inocência inicial, já que ele se apresenta como uma figura soturna e subversiva desde o primeiro momento.
Além disso, enquanto muitos dos papéis coadjuvantes nos novos filmes parecem ter sido escalados por necessidade, a versão de 1984 colocou os atores certos nos papéis certos para adicionar mais intriga. Jason Momoa, por exemplo, não consegue se desvincular de sua imagem de estrela de ação para interpretar Duncan Idaho de forma convincente. A versão de 1984, portanto, entrega um elenco que de fato se aprofunda nos papéis, e por isso consegue desaparecer dentro dos personagens.
2. A direção de arte de Duna de 1984 é mais memorável
O livro Duna, de Frank Herbert, é um dos mais imaginativos de todos os tempos, mas é surpreendentemente leve em detalhes descritivos. Isso deu aos designers de produção o desafio de dar vida ao mundo de Duna de uma forma visualmente atraente e, ao mesmo tempo, fiel ao material original. Nesse quesito, o Duna de Lynch supera os filmes modernos. Como o filme original não tinha tantas vantagens técnicas, os criadores trouxeram grande parte do mundo de Duna para a realidade. Isso, por conseguinte, deu à obra uma sensação mais autêntica, com os cenários, figurinos e adereços sendo mais memoráveis.
O CGI, por outro lado, pode parecer vazio e irreal. Elementos cruciais de figurino, como os stillsuits, por exemplo, têm mais interesse visual no filme original. Da mesma forma, outras escolhas foram feitas para refletir o tom da história. Já a versão de Villeneuve se perde em uma interpretação tão literal que, às vezes, esquece de usar o design para aprofundar os temas.
3. Lynch expande as ideias para além do material original
Uma adaptação de Duna é, acima de tudo, uma interpretação. Para o bem ou para o mal, o cineasta precisa colocar seus próprios toques no livro. Isso é especialmente verdadeiro para Duna. A prosa filosófica de Herbert é ótima para leitura, mas precisa de uma tradução para a tela grande. O Duna de Lynch não teve medo de ir além das páginas, enquanto a versão de Villeneuve se dedicou a uma adaptação estrita.
Embora cada um tenha feito as mudanças necessárias, apenas o primeiro se mostrou disposto a adicionar detalhes que não estavam nos livros. Isso, por sua vez, resultou em uma experiência de visualização mais envolvente. Pequenos detalhes, como os pugs da família Atreides, podem parecer bobos, mas representam uma visão que tentou algo novo. O filme original, portanto, se sente como uma interpretação, enquanto os filmes modernos não têm as marcas registradas do cineasta.
4. O filme de 1984 não fugiu da bizarrice
Apesar de ser um dos livros de ficção científica mais celebrados, não se pode negar que o Duna de Frank Herbert é bizarro. Combinando o metafísico e o filosófico com uma história de fantasia, Herbert não se prendeu às regras dos gêneros. O resultado disso foram alguns detalhes estranhos que são quase inseparáveis das adaptações.
David Lynch era, por si só, um contador de histórias estranhas, então seu filme abraçou muitos dos detalhes bizarros, em vez de fugir deles. Por outro lado, os filmes modernos de Duna minimizam intencionalmente esses mesmos elementos. O exemplo mais óbvio é a irmã mais nova de Paul, Alia, que é uma criança com a mente de um adulto. O Duna de Lynch a abraça como no livro, enquanto Villeneuve evita a personagem, mostrando apenas visões dela mais velha. Ao evitar as ideias mais estranhas, a nova adaptação mostra que, de certa forma, não compreendeu o material.
Apesar de suas falhas, o Duna de David Lynch ainda tem uma visão autêntica. E, embora os filmes de Denis Villeneuve sejam, em geral, melhores, a versão de Lynch acerta quando a analisamos em detalhes menores. E você, qual dos filmes você prefere?

Apaixonada por explorar os universos do cinema, jogos e séries. Mergulho nas histórias que nos fazem rir, chorar e sonhar, e escrevo sobre o que encontro.