Afinal, por que assistimos a filmes que nos deixam sem entender nada? Embora a maioria das obras cinematográficas busque clareza, alguns diretores preferem nos desafiar. Ao invés de uma história linear e fácil de seguir, eles nos jogam em um labirinto de mistérios, simbolismos e reviravoltas que só se encaixam se dedicarmos tempo e atenção.
O cinema do século 21 nos deu algumas das obras mais complexas e intrigantes. São filmes que se recusam a dar todas as respostas, nos deixando em um estado de perplexidade que, curiosamente, torna a experiência ainda mais fascinante.
1. A Origem (Inception, 2010)
Dirigido por Christopher Nolan, A Origem é um thriller de ficção científica que explora o conceito de roubar ideias através de um sonho compartilhado. Contudo, a confusão começa quando a equipe precisa se aprofundar em diferentes camadas de sonhos dentro de sonhos, cada um com sua própria física e cronologia. Para o público, acompanhar a realidade se tornando cada vez mais fragmentada é um verdadeiro desafio. A cena final, com o pião girando, deixou a todos com uma dúvida que perdura até hoje: o que era real e o que era sonho?
2. Amnésia (Memento, 2000)
Uma das grandes estreias de Christopher Nolan, Amnésia é um filme que joga com a mente do espectador de uma forma única. A história é contada de trás para frente, com a narrativa em cores retrocedendo no tempo e as cenas em preto e branco avançando. O público vive a experiência do protagonista, Leonard Shelby, um homem que sofre de perda de memória recente e precisa usar anotações e tatuagens para descobrir quem matou sua esposa. A estrutura do filme é a confusão em si, pois precisamos remontar a história de forma não-linear, assim como o protagonista.
3. Donnie Darko (2001)
O que começa como uma história peculiar sobre um adolescente problemático se transforma em uma trama complexa de viagem no tempo e destino. Após quase morrer em um acidente estranho, Donnie é visitado por um coelho gigante e aterrorizante que lhe fala sobre o fim do mundo. O filme, cheio de simbolismos, teorias de universo paralelo e uma estrutura não linear, deixa mais perguntas do que respostas. Décadas após o lançamento, a internet ainda tenta decifrar a lógica por trás do enredo, seus personagens e, em especial, o enigmático final.
4. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004)
Um dos filmes mais aclamados do século 21, essa obra-prima dirigida por Michel Gondry brinca com as memórias de seus protagonistas de uma forma que desafia a compreensão. A trama acompanha Joel, que, após um rompimento, decide apagar as memórias de sua ex-namorada, Clementine. O filme se desenrola dentro da mente de Joel, misturando presente, passado e memórias apagadas em uma sequência de cenas fragmentadas e surreais. A narrativa não linear e os saltos de memória fazem com que a plateia se perca e se reencontre na história, assim como os personagens.
5. Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, 2001)
De todos os filmes nesta lista, Cidade dos Sonhos, de David Lynch, é considerado a obra definitiva quando se fala em cinema confuso. A trama acompanha uma atriz aspirante em Hollywood que encontra uma mulher amnésica em seu apartamento. A história começa de forma relativamente normal, mas rapidamente mergulha em uma sequência de cenas bizarras e desconexas, com reviravoltas surreais. O filme, na verdade, não tem uma única interpretação “correta”. O próprio Lynch disse que a beleza da obra está no mistério e na forma como cada espectador pode criar a sua própria realidade para a história.