As últimas décadas nos presentearam com algumas das melhores séries de fantasia que já vimos. De sagas épicas de espada e feitiçaria a reinvenções de contos de fadas, o público teve, de fato, muitas opções. Mas, à medida que os anos passam, até as séries mais amadas revelam que o tempo não foi tão gentil. O que antes parecia impecável, hoje, mostra algumas rachaduras.

Isso não significa que essas séries sejam ruins. Pelo contrário, muitas delas ainda têm um lugar importante na história da TV. No entanto, é difícil ignorar como o tempo remodelou seus legados. Em alguns casos, as falhas vão além de roteiros confusos e levantam questões sobre o que é ou não aceitável mostrar na tela.

1. Charmed

Charmed foi uma série de fantasia marcante no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Ela acompanhava as irmãs Halliwell lutando contra demônios enquanto lidavam com a vida pessoal. Os primeiros anos equilibravam perfeitamente humor, drama e magia. Infelizmente, a longa duração do seriado acabou pesando. Com o passar do tempo, as personagens acabaram se tornando clichês e a história focou demais em triângulos amorosos, deixando o crescimento delas de lado. O que, à época, parecia empoderador, hoje soa superficial.

2. Fate: A Saga Winx

Como uma adaptação do amado desenho animado Winx Club, Fate: A Saga Winx chegou à Netflix com expectativas altíssimas. Contudo, a série logo tropeçou por causa de seu elenco. As personagens Musa e Flora, que no desenho eram asiática e latina, respectivamente, foram escaladas com atrizes brancas, o que gerou acusações de whitewashing. O seriado, portanto, ficou mais conhecido pela polêmica do que pela sua história mágica. A pressa para ser cancelada não ajudou, aliás, deixando um legado mais associado a oportunidades perdidas do que a uma boa narrativa.

3. Once Upon a Time

Quando Once Upon a Time estreou, prometeu uma reinvenção de contos de fadas. O seriado, de fato, entregou algumas histórias inventivas que prenderam a atenção do público. Mas, com o passar das temporadas, a série se perdeu em uma mitologia complexa demais. O desenvolvimento dos personagens, como o de Emma Swan e Regina Mills, muitas vezes parecia forçado para atender a arcos de roteiro irregulares. As vilãs, em especial, sofreram com retratos problemáticos, sendo punidas por tentarem ser independentes. O que começou como algo revolucionário acabou, por fim, deixando a audiência questionando se a série realmente modernizou os contos de fadas.

4. Supernatural

Com 15 temporadas, Supernatural é, sem dúvida, uma das séries de fantasia mais longas da TV. Por anos, a mistura de terror, humor e irmandade entre Sam e Dean Winchester funcionou perfeitamente. Contudo, a fórmula se tornou repetitiva. O seriado, por exemplo, voltava sempre ao mesmo ciclo: os irmãos mentiam um para o outro, se separavam e, por fim, se reconciliavam. Essa repetição diluiu o impacto de sua relação. Embora ainda seja muito amada, as temporadas finais de Supernatural mostram os limites de estender uma narrativa por tanto tempo.

5. Xena: A Princesa Guerreira

Xena: A Princesa Guerreira se destacou nos anos 90 por ter uma forte protagonista feminina. No entanto, a série também era cheia de representações sexualizadas de mulheres. A objetificação colidia com a imagem empoderada que a série buscava. As interações de Xena com vilões, que no início mostravam sua força, com o tempo, acabaram se tornando apenas uma forma de explorar a personagem. Apesar de sua importância histórica, a objetificação e algumas escolhas de roteiro tornaram a série um artefato fascinante, mas falho, de sua época.

6. Diários de um Vampiro

Diários de um Vampiro ajudou a iniciar o boom de séries sobrenaturais. Contudo, o tratamento dado às mulheres e aos personagens LGBTQIA+ não envelheceu bem. O Damon Salvatore, por exemplo, é violento e manipulador, mas seu abuso era deixado de lado para dar espaço à sua redenção. A representação queer, por sua vez, foi muito fraca. As insinuações de atração entre personagens do mesmo sexo raramente eram concretizadas, o que resultou em acusações de queerbaiting. O pior, aliás, é que muitos dos personagens LGBTQIA+ que, de fato, existiam na série foram mortos.

7. True Blood

True Blood misturava drama com um toque gótico, mas a forma como lidou com consentimento e agressão sexual não envelheceu bem. Na 4ª temporada, por exemplo, Jason Stackhouse é agredido sexualmente, mas o show trata o incidente como uma reviravolta na trama e não como um trauma. Além disso, a série banalizou a ideia do “glamour” – o controle mental de vampiros – sem examinar as implicações morais por trás disso.

8. Game of Thrones

Game of Thrones foi um titã do gênero. Contudo, a dependência do seriado em violência sexual para chocar a audiência não envelheceu bem. Mulheres eram frequentemente agredidas de forma brutal, e a violência era usada para causar impacto, e não para desenvolver os personagens. O uso de “sexposição” — a prática de apresentar informações importantes sobre o mundo enquanto os personagens estão em cenas de sexo — também manchou o legado da série. Apesar do seu valor de produção, Game of Thrones é, hoje, definido por esses elementos problemáticos que revelam como partes desta série icônica envelheceram mal.

Qual dessas séries te decepcionou mais ao ser revista hoje?

Mostrar menosContinuar lendo

Patrícia Tiveron

Apaixonada por explorar os universos do cinema, jogos e séries. Mergulho nas histórias que nos fazem rir, chorar e sonhar, e escrevo sobre o que encontro.

Mais posts deste autor