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Crítica | Cabras da Peste - O potencial da comédia de ação

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•19 de março de 2021•5 Minutes

Não é fácil fazer cinema de gênero no Brasil. É especialmente mais difícil quando este gênero acaba sendo a ação, ou a variante do policial, e quando remetemos a tentativas mais recentes (como O Doutrinador ou Segurança Nacional), geralmente é possível encontrar o mesmo problema: a repetição de clichês e vícios do cinema americano, que soam artificiais e incongruentes com a cultura e também o idioma nacional. Dito isso, é ainda mais difícil imaginar como uma paródia de cinema de gênero – que já é raro no país – poderia suceder, mas o que encontramos na comédia satírica Cabras da Peste, lançada nesta semana na Netflix, é uma bela exceção.

A trama parte de uma das mais típicas convenções de filmes policiais dos EUA, apostando na união de duas personalidades muito distintas entre si. No caso, temos o “policial de escritório” Trindade (Matheus Nachtergaele), que luta contra sua insegurança de se tornar um agente de campo em São Paulo, e o brilhantemente batizado Bruceuilis (Edmilson Filho), um animado policial de uma pequena cidade no Ceará. Quando a cabra Celestina é acidentalmente roubada do Ceará e levada para São Paulo, os estilos de Trindade e Bruceuilis entrarão em conflito para resolver uma bizarra conspiração.

Co-escrito e dirigido por Vitor Brandt (cujo único crédito anterior na direção é a paródia Copa de Elite), Cabras da Peste é bem feliz em sua decisão de abraçar a sátira e o tom cartunesco durante toda a projeção. É justamente a seriedade das produções citadas no início que acabam prejudicando o resultado, e ao optar pela paródia de tais clichês e convenções, Brandt se sai bem melhor – buscando uma veia de humor metalinguístico e autoreferencial que remete a franquia Cine Holliudy (que, veja só, também traz Edmilson Filho em seu núcleo protagonista).

O humor, que varia entre erros e acertos dependendo da subjetividade do espectador, tem seus pontos altos ao brincar com referências dentro do gênero. O próprio nome de um dos protagonistas já demonstra o tipo de filme que temos aqui, e guardo a surpresa para quando Filho revela os outros nomes “inspirados” de sua família. Nesse quesito, a química entre Filho e Nachtergaele é perfeita para garantir a dinâmica do policial “agitado” com o “certinho”, remetendo a clássica dupla de Mel Gibson e Danny Glover na popular franquia Máquina Mortífera, o choque de expectativas de Will Ferrell e Mark Wahlberg em Os Outros Caras e – esta em especial – a de Ryan Gosling e Russell Crowe no recente Dois Caras Legais, obra de Shane Black que seria a que mais se aproxima em tom e estilo de Cabras da Peste.

Todos os aspectos estéticos da produção corroboram para essa atmosfera cartunesca, seja a direção de arte colorida e rústica de Juliana Ribeiro ou a fotografia que salta dos tons quase surreais do Ceará para luzes de neon propositalmente exagerada em bares de São Paulo, capturando o estilo do cinema de ação visto na cinessérie John Wick ou a filmografia de Gareth Evans. Nesse quesito, a coreografia das lutas impressiona pelo equilíbrio do humor (reminiscente até mesmo do estilo de Jackie Chan ou paródias como Kung-Fusão) com combates físicos realistas e muito bem encenados – e abro espaço para destacar o trabalho dos dublês Renan Medeiros, Jéssica Tomachunas e a respectiva equipe, que tem participações como dois capangas bem estilizados.

Movendo-se agilmente por 98 minutos fluidos e bem estruturados, Cabras da Peste é o raro exemplo de uma sátira que entende os movimentos do gênero parodiado e também o grande potencial da comédia de ação. Uma bem-vinda surpresa para 2021, e eu não me importaria de ver mais “causos” da dupla Bruceuillis, Trindade e a carismática cabra Celestina.

Cabras da Peste (2021 – Brasil)

Direção: Vitor Brandt
Roteiro: Vitor Brandt, Denis Nielsen
Elenco: Edmilson Filho, Matheus Nachtergaele, Evelyn Castro, Letícia Lima, Juliano Cazarré, Victor Allen, Renan Medeiros, Jéssica Tamochunas, Eyrio Okura
Gênero: Comédia
Duração: 98 min

Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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