Antes de Roberto De Feo ter dirigido Um Clássico Filme de Terror (2021) pela Netflix e assim ter se tornado conhecido por grande parte do público, o cineasta havia trabalhado em seu primeiro filme chamado O Ninho, que se tivesse sido melhor explorado teria sido até mais interessante e com uma história muito mais atraente do que teve.
O terror italiano conta a história do garoto de nome Samuel, um jovem paraplégico que está literalmente preso em sua residência, pois sua mãe Elena, junto com um médico psicopata, trabalham para que o garoto permaneça doente, sem encontrar uma cura para que volte a andar. Há também um certo receio da mãe de Samuel em deixar o garoto descobrir o que há por trás dos muros da casa que fica em um local afastado de tudo. Os conflitos familiares só pioram quando a jovem Denise vai trabalhar no local e traz as maravilhas do mundo externo para o conhecimento de Samuel.
Um dos pontos fracos do frágil roteiro é a sua total falta de noção em saber qual caminho tomar, e isso fica bastante claro a respeito do tema definido do filme. O diretor até pensa em dar vários indícios do que pode ser a trama daquela história, mas engana o público em todas elas. Parece um filme de terror sobre culto satânico, sobre vampiros, sobre uma mãe psicopata com um médico louco, mas não é nada disso, é muito mais doido que isso. Enganar o espectador sobre o que é o filme pode fazer parte do roteiro, mas aqui o caso é que o diretor se atrapalhou mesmo em contar a história.
Portanto, a ideia do roteiro é a de se segurar apenas com o seu final, que é até surpreendente se pensar que faz sentido, mas a trajetória dos personagens e os acontecimentos que os colocaram a chegar até ali, já isso não faz o menor sentido, fora que há muitos furos no roteiro que o diretor não se propõe a responder, apenas está se importando em impressionar o público com os acontecimentos da cena final, e quando isso ocorre mostra um completo desleixo por parte do diretor com o resto da narrativa.
O terror, propriamente dito, é mal trabalhado também. De início, há um suspense que é colocado sob a casa, depois sob a personagem Elena, mas nada mais que isso. O terror não vai para a frente porque o diretor esquece de trazer o elemento externo para dentro da casa, que é o mais importante, pois é justamente o que está fora da casa que importa, e não o que está dentro da casa. Isso para não dizer que os personagens são pessimamente desenvolvidos, não há um aprofundamento dramático que faça o espectador acompanhar com interesse seus dias na residência.
O Ninho é uma narrativa que poderia ser mais atraente do que realmente foi, acaba se atrapalhando em várias referências de filmes de terror que não são bem trabalhadas. Um elogio a ser efeito é na boa fotografia e na atuação da jovem Ginevra Francesconi no papel de Denise, do resto não há muita salvação.
O Ninho (Il nido, Itália – 2019)
Direção: Roberto De Feo
Roteiro: Lucio Besana, Margherita Ferri, Roberto De Feo
Elenco: Francesca Cavallin, Ginevra Francesconi, Justin Korovkin, Maurizio Lombardi
Gênero: Horror, Mistério
Duração: 109 min
Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.