A nota de 32% no Rotten Tomatoes, site agregador de críticas e notas de filmes e séries, já é um indício de que algo não saiu como esperado em Desespero Profundo, produção que mescla os subgêneros de filmes catástrofes com os de tubarões mortais que ameaçam os personagens.
É um filão que vem sendo explorado há anos por Hollywood, o dos tubarões, por isso mesmo, já é um subgênero que se mostra saturado. Mesmo que às vezes algumas obras se sobressaiam, sendo boas ou ruins, como a bizarra franquia Sharknado e o divertido Megatubarão (2018). Enquanto isso, os filmes catastróficos com aviões geralmente se prendem ao drama dos sobreviventes, como foi visto recentemente no ótimo A Sociedade da Neve (2023).
O que é presenciado em Desespero Profundo é uma tentativa de fazer uma produção assustadora com toques dramáticos, mas o tiro acabou saindo pela culatra, com o resultado sendo o oposto esperado. Além de ser excessivamente clichê, falta alma para o seu roteiro, que é completamente sem graça e não tenta em nenhum momento dar o sentimento de que algo diferente seria feito, tornando sua história óbvia e boba.
A trama já começa com aquele momento em que várias pessoas que não se conhecem embarcam em uma viagem de avião, que tinha tudo para ser maravilhosa, mas um desastre aéreo ocorre e a aeronave cai no Oceano Pacífico. Para piorar, há um tubarão que os persegue e os impede de sair do avião.
Sim, isso mesmo! A aeronave, que está na profundidade do Pacífico, é invadida por um tubarão. Isso não faz o menor sentido. Porém, é mais plausível do que o fato de uma bolha de ar ter se formado dentro do avião e, pasmem, com alguns sobreviventes ainda se encontrando vivos no fundo do mar. Um show de bizarrice que o diretor Claudio Fäh não explica em momento algum o porquê dele ter feito tais escolhas.
Tirando essas peculiaridades, que são a parte principal do arco dramático dos personagens, pois precisam sobreviver à pressão do fundo do mar e ao tubarão, o longa tem um ritmo maçante, para não dizer chato mesmo. Nem os ataques ridículos do tubarão conseguem despertar o espectador em caso de pegar no sono.
Diálogos irritantes, personagens forçados e sem química, e atuações desastrosas, todas essas coisas que matam qualquer filme, são encontradas em demasia na produção e só atrapalham ainda mais a dinâmica de uma obra que, por si só, já é confusa e mal desenvolvida.
Fazer um filme de catástrofe com tubarões não é tarefa fácil, especialmente em um cenário audiovisual onde o animal já foi retratado de diversas formas e atacando de modos diferentes. Nem sempre é possível acertar, mas também é possível, com frequência, produzir algo decente, o que Desespero Profundo não conseguiu alcançar.
Desespero Profundo (No Way Up, EUA – 2024)
Direção: Claudio Fäh
Roteiro: Andy Mayson
Elenco: Colm Meaney, Will Attenborough, Jeremias Amoore, Sophie McIntosh, Phyllis Logan, Grace Nettle
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Duração: 92 min