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Crítica | Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres - A versão superior

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Catálogo, Cinema, Críticas•9 de julho de 2016•7 Minutes

O diretor David Fincher ganhou prestígio reconhecimento quando embarcou no gênero dos serial killers em 1995, com Se7en – Os Sete Crimes Capitais. Cerca de dez anos depois, a trilogia Millennium – publicada postumamente pelo sueco Stieg Larsson – conquista milhões de leitores pelo mundo. Mesmo já tendo sido adaptada em uma minissérie europeia para a televisão, a união de Fincher com Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres mostra que os dois foram feitos um para o outro, rendendo um dos melhores filmes da carreira do diretor.

A pesada trama comporta em seu núcleo o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) que, após ser processado por difamação e ser afastado de seu cargo na revista “Millennium”, é contratado por um industrialista aposentado (Christopher Plummer) que lhe encarrega de investigar o misterioso desaparecimento de sua sobrinha, Harriet. Isolado em um chalé castigado por um inverno congelante, ele recebe auxílio da hacker Lisbeth Salander (Rooney Mara).

Como fã da obra de Larsson – e também de Fincher – minha expectativa em torno do longa era imensa e, felizmente, o resultado é nada menos do que satisfatório. As quase 500 páginas do primeiro livro da trilogia são comprensadas em um excelente roteiro assinado por Steven Zaillian (que este ano também co-assina O Homem que Mudou o Jogo, com Aaron Sorkin), que equilibra com maestria as duas linhas narrativas (de forma intrincada, acompanhamos a missão de Blomkvist e a vida abusiva de Salander) e apresenta diálogos verdadeiramente memoráveis, tal como aquele em que um dos personagens divaga sobre como conseguiu, com grande facilidade, induzir um outro a sua residência (“O medo de ofender é maior do que o da dor”). Zaillian respeita o livro e, apesar de algumas mudanças em sua conclusão, demonstra fidelidade ao material.

Isso porque, entenda, esse novo Millennium não é um remake do longa de 2009. Fincher e Zaillian entregam a sua versão, a sua própria narrativa, que difere selvagemente do filme de Niels Arden Oplen. Por esse motivo, dispenso comparações com o mediano filme sueco e me concentro apenas no magistral trabalho que Fincher designa. Detalhista como sempre, ele aposta no raciocínio do público e impressiona com sua execução nas cenas de investigação; dispensando diálogos, recorre a pequenas observações em manchetes de jornais e fotos antigas que ganham animações (esta última, sensacional), em um exercício de estilo.

E que estilo. Fincher nunca usou tantos recursos visuais (principalmente a mise en scène) para retratar um acontecimento em cena. Por exemplo, Blomkvist é apresentado em sua primeira cena descendo uma escada, simbolizando de forma sutil sua queda da alta da posição no jornalismo de sua revista; enquanto em um outro momento crucial da trama, observamos Salander e – em uma ação que raramente é usada – a câmera vira de cabeça para baixo, retratando não só a diferente perspectiva do mundo da hacker tatuada, como também uma mudança brusca no rumo na historia; onde ela literalmente vira de ponta-cabeça.

Todavia, mais do que uma direção magistral e minuciosa, o elenco aqui é excelente. Claro que precisamos dar atenção especial à garota com a tatuagem de dragão, interpretada excepcionalmente por Rooney Mara, em uma das performances mais desafiadoras dos ultimos tempos. Magricela, cheia de pierciengs e protagonista de perturbadoras cenas de abuso sexual, a atriz pouco conhecida encarna todas as complexidades de Lisbeth, com intensa concentração e imersão total na personagem. Visualmente hipnotizante (merecem destaque os reponsáveis por seus distintos penteados ao longo da projeção), Mara está perfeita  e rouba cada segundo de cena em que aparece.

Além da protagonista, o sempre ótimo Daniel Craig oferece um Blomkvist expressivo e inteligente, sendo fascinante observar – já que este é mundialmente conhecido como James Bond – seu pânico ao enfrentar situações perigosas, como uma bala perdida em uma floresta ou uma tenebrosa cena de tortura (prestem atenção na escolha musical em tal momento). Christopher Plummer e Robin Wright brilham como, respectivamente, o industrialista Henrik Vanger e a co-editora Erika, enquanto Stellan Skarsgard oferece um retrato assustadoramente genial de Martin Vanger, irmão da jovem desaparecida.

Eficaz nas categorias técnicas, a pasteurizante fotografia de Jeff Cronenweth auxilia na composição de um ambiente sombrio e a engenhosa montagem de Kirk Baxter e Angus Wall fornece velocidade nas cenas mais complexas e à passagem de tempo (vide a ótima transição dada a partir de um cigarro sendo acendido), dando pulso à trama quando necessário. De forma similar, a obscura trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross (vencedores do Oscar por A Rede Social), guarnece acordes arrepiantes e que fogem completamente da música “padrão” dos longas contemporâneos, pontuando friamente a atmosfera, já sombria por natureza, da Suécia de Larsson.

Apresentando também com uma extasiante cena de créditos de abertura (que merecia até uma crítica a parte) Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres oferece tudo que a franquia literária merece, provindo um longa adulto e envolvente, catapultando a talentosa Rooney Mara ao estrelato e oferecendo, em uma rara ocasião, uma franquia blockbuster adulta.

Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo, EUA – 2011)

Direção: David Fincher
Roteiro: Steven Zaillian
Elenco: Rooney Mara, Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Wright, Yorick van Wageningen, Geraldine James, Goran Visnjic, Steven Berkoff, Joely Richardson, Ulf Friberg
Gênero: Suspense, Policial
Duração: 158 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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