Documentário “Lover of Men” explora a sexualidade de Abraham Lincoln e gera debate
O novo documentário Lover of Men: The Untold History of Abraham Lincoln, dirigido por Shaun Peterson, aborda um tema controverso e raramente explorado na história americana: a sexualidade de Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos. O filme de 102 minutos reúne 20 estudiosos e historiadores de Lincoln, além de fotografias e cartas inéditas, para argumentar que Lincoln manteve relações sexuais com homens, sendo Joshua Speed um de seus parceiros mais próximos, com quem dividiu a cama por quatro anos.
A fluidez sexual no século XIX
Mais do que simplesmente investigar as preferências sexuais de Lincoln, Lover of Men examina a fluidez sexual no século XIX, comparando os costumes da época com os de hoje. O documentário sugere que a sociedade do século XIX aceitava com muito mais naturalidade a fluidez sexual, e que o comportamento sexual de Lincoln — e de outros homens da época — não era tão incomum quanto pode parecer aos olhos modernos.
Peterson, diretor do filme, foi inspirado por um ensaio de Gore Vidal que questionava a sexualidade de Lincoln. Ele passou anos pesquisando o assunto e decidiu transformar suas descobertas em um documentário após enfrentar resistência contínua sobre o tema. “Durante a pandemia, eu estava cansado de ouvir que isso não podia ser verdade, então fiz um documentário”, disse Peterson.
Controvérsia e resistência à ideia de um Lincoln queer
O produtor do filme, Rob Rosenheck, destacou que a resistência à ideia de um Lincoln gay reflete questões mais amplas sobre identidade e aceitação na sociedade americana. Ele argumenta que a imagem tradicional de Lincoln, como um símbolo branco e heteronormativo, é desafiada pela possibilidade de ele ser queer, o que incomoda aqueles que têm medo do “outro”.
Rosenheck também observa que obras sobre Lincoln, como o filme Lincoln de Steven Spielberg ou o documentário Guerra Civil de Ken Burns, nunca abordaram essa parte da história do ex-presidente, apesar de evidências acadêmicas que sugerem essa possibilidade. Ele questiona por que roteiristas como Tony Kushner, que escreveu Lincoln e é conhecido por explorar temas queer em obras como Angels in America, optaram por não incluir essas discussões.
“Tony Kushner escreveu o roteiro de “Lincoln” e escreveu uma das peças mais seminais, “Angels in America”, sobre a experiência queer e a crise da AIDS. Tony Kushner certamente estava ciente de que Lincoln era queer e de todas as evidências que os acadêmicos apresentaram, particularmente de Clarence Tripp. Então, minha pergunta é por que isso não foi explorado no filme “Lincoln”?”
Recepção e impacto do documentário
Embora o documentário ofereça evidências de que Lincoln pode ter tido relações com homens, a reação do público é incerta. Rosenheck acredita que a questão principal não é se Lincoln era queer, mas se a sociedade está disposta a aceitar essa possibilidade. “Nosso filme pode incomodar membros de um público potencial”, admite Rosenheck, mas enfatiza que as evidências apresentadas por estudiosos de universidades prestigiadas são claras.
Lover of Men promete abrir um debate não apenas sobre a sexualidade de uma das figuras mais importantes da história americana, mas também sobre como a sociedade lida com a identidade sexual e a aceitação de comportamentos que, embora comuns no passado, são amplamente discutidos e rotulados no presente. O documentário estreará nos cinemas na sexta-feira, em parceria com a Human Rights Campaign (HRC) e Special Occasion Studios.