Robin Carolan cria uma trilha sonora desorientadora e impactante para a reimaginação de Eggers

A trilha sonora de “Nosferatu”, filme de Robert Eggers atualmente em exibição nos cinemas, é uma experiência auditiva que mexe profundamente com o público, exatamente como o compositor Robin Carolan esperava alcançar.

Carolan reuniu 60 músicos de cordas para criar um “som de efeito espiral” que é descrito como desorientador e impactante. Eggers reimagina o clássico filme mudo expressionista alemão de F. W. Murnau de 1922, estrelado por Lily-Rose Depp como Ellen, uma jovem perseguida pelo terrível vampiro Conde Orlok, interpretado por Bill Skarsgård. O elenco de apoio inclui nomes de peso como Nicholas Hoult, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin, Ralph Ineson, Simon McBurney e Willem Dafoe.

Para manter a autenticidade da época, Eggers proibiu o uso de eletrônicos ou sintetizadores na trilha sonora. “Não era uma opção”, afirmou Carolan, explicando que Eggers queria precisão em cada detalhe do filme, incluindo a música. A trilha inclui além das cordas, percussão, trompas e instrumentos de sopro para dar maior profundidade e camadas à experiência sonora.

Um dos primeiros temas compostos por Carolan foi o de Ellen, criado inicialmente como uma demo. “Rob queria algo para tocar antes de começarem a filmar,” explicou Carolan. Apesar do caráter experimental da trilha, ela precisava ser exuberante e melódica. “Eu queria me inclinar para a tragédia e a melancolia da história, muito disso vindo do personagem de Ellen.”

O tema de Ellen começa com um som barroco baseado em quinteto, mesclado com cordas contemporâneas, refletindo suas emoções interiores. Ellen, recém-casada, uma vez buscou consolo em um anjo da guarda, apenas para ser assombrada pelo obcecado Conde Orlok.

Criar um tema para Orlok representou um desafio para Carolan, devido à iconicidade do personagem que remete ao Drácula. “Orlok é essencialmente Drácula, e muitos já escreveram temas memoráveis para ele,” disse Carolan. A intenção era humanizar Orlok em alguns momentos, tornando seus temas “grandes, tempestuosos e estrondosos, mas com nuances de melancolia.”

Além das cordas e percussão, Carolan utilizou uma toaca, um instrumento tradicional romeno, para dar um caráter distinto a certas cenas. “É uma tábua de madeira que você bate com malhos para obter sons variados,” explicou.

No grand finale do filme, os temas de Orlok e Ellen se fundem em uma trilha sonora de 10 minutos. “Eu queria que soasse o mais grande e emocional possível,” disse Carolan, adicionando: “Eu queria criar algo que soasse como um casamento perturbadoramente belo. É quase romântico, mas com um lado assustador.”

“Nosferatu” está agora nos cinemas, prometendo uma experiência cinematográfica e sonora inesquecível.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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