Shuhei Yoshida, um dos principais nomes por trás do PlayStation e figura essencial na história da Sony, se aposentou recentemente, encerrando um longo capítulo em sua carreira. Em entrevista ao Kinda Funny Games, Yoshida abordou o legado do PlayStation Vita, um dos portáteis mais ambiciosos da Sony, mas que não teve o sucesso esperado. Durante a conversa, ele revelou os principais motivos pelos quais o dispositivo não conseguiu prosperar no mercado.
Erros técnicos e a relação com o fracasso
Quando questionado sobre os erros que levaram ao fracasso do PlayStation Vita, Yoshida foi direto, reconhecendo que o console “funcionou de certa forma” e que os jogadores gostavam de usá-lo, especialmente para jogos indie. Contudo, ele apontou várias decisões técnicas que prejudicaram o desempenho do Vita, sendo a primeira delas a escolha dos cartões de memória proprietários. Yoshida admitiu que os cartões de memória dedicados, com preços elevados, foram um “erro”, pois os consumidores não estavam dispostos a pagar tanto por uma solução de armazenamento limitada.
Além disso, o PS Vita incluía um “toque traseiro”, um touchpad que a maioria dos jogos não utilizava, o que, segundo Yoshida, foi uma adição desnecessária que aumentou o custo do hardware sem trazer benefícios reais para os jogos. “Às vezes, a equipe fazia protótipos incríveis, mas o toque traseiro adicionava custo adicional ao hardware”, afirmou o ex-executivo.
Problemas de custo e falta de foco no PlayStation Vita
Yoshida também comentou sobre o alto custo de outros componentes, como a tela OLED, que embora oferecesse uma qualidade visual impressionante, também elevava o preço do dispositivo. Um detalhe interessante foi a presença de uma porta de saída de vídeo no kit de desenvolvimento, que permitiria ao PS Vita exibir jogos em uma TV ou monitor, algo semelhante ao que o Nintendo Switch faria anos depois. No entanto, essa funcionalidade foi removida para reduzir custos, prejudicando ainda mais o potencial do portátil.
O maior desafio enfrentado pelo PS Vita, segundo Yoshida, foi a falta de recursos para manter o foco em duas plataformas simultaneamente. O Vita foi lançado em 2011, no final do ciclo de vida do PS3 e perto do lançamento do PS4, o que fez com que a Sony precisasse priorizar o desenvolvimento para consoles domésticos. Yoshida afirmou que, devido à divisão de recursos, muitos projetos para o Vita foram interrompidos para dar espaço ao PS4, o que comprometeu ainda mais a trajetória do portátil.
A abordagem da Nintendo e a escolha da Sony
Em sua análise, Yoshida observou que a Nintendo teve um desempenho superior no mercado de consoles portáteis, focando exclusivamente no desenvolvimento de dispositivos como o Wii U híbrido e, posteriormente, o Nintendo Switch. A decisão da Sony de continuar com o foco nos consoles domésticos, enquanto abandonava os portáteis, foi uma escolha que a empresa fez para economizar dinheiro, mas, ao mesmo tempo, comprometeu o sucesso do PS Vita.