A inteligência artificial (IA) está revolucionando a indústria musical, e os Beatles são um dos primeiros grandes nomes a colher os frutos dessa tecnologia. No Grammy 2025, realizado neste domingo (2 de fevereiro), a banda britânica conquistou seu oitavo prêmio competitivo com a música Now and Then, que levou a estatueta de Melhor Performance de Rock. A canção, lançada em 2023, é a primeira criada com assistência de IA a receber uma indicação e vencer no Grammy, marcando um marco histórico para a música e a tecnologia.
A história de “Now and Then”
A trajetória de Now and Then começou na década de 1970, quando John Lennon gravou uma demo caseira da música. Nos anos 1990, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison tentaram finalizar a faixa para o projeto The Beatles Anthology, mas esbarraram em limitações tecnológicas. A gravação original, de baixa qualidade, impossibilitava a separação da voz e do piano de Lennon, o que levou ao arquivamento da música por décadas.
Em 2021, McCartney e Starr decidiram retomar o projeto com a ajuda do cineasta Peter Jackson e sua equipe de som. Utilizando tecnologia de aprendizado de máquina, um ramo da IA que analisa dados e melhora sua precisão ao longo do tempo, eles conseguiram isolar e limpar as gravações originais de Lennon. Esse avanço permitiu que os integrantes restantes da banda finalizassem a música sem comprometer sua autenticidade.
O papel da IA na produção
Apesar de ter sido criada com assistência de IA, Now and Then não é uma música gerada artificialmente. Paul McCartney enfatizou que nada na faixa foi “artificial ou sinteticamente criado”. A tecnologia foi usada apenas para limpar e separar as faixas da demo original, permitindo que os Beatles finalizassem a música com novas gravações.
“Para ser claro, nada foi criado artificial ou sinteticamente. É tudo real e todos nós tocamos nela. Limpamos algumas gravações existentes – um processo que já dura anos”, explicou McCartney.
O impacto da vitória no Grammy
A vitória de Now and Then no Grammy 2025 mostra como a IA pode ser uma aliada valiosa na preservação e revitalização do legado de artistas. Ao invés de substituir a criatividade humana, a tecnologia está sendo usada para finalizar obras inacabadas com fidelidade ao trabalho original.
A música superou concorrentes de peso como Green Day, Pearl Jam, The Black Keys, Idles e St. Vincent, consolidando-se como um exemplo de como a IA pode ser usada de forma ética e criativa na indústria musical.
O futuro da IA na música
O sucesso de Now and Then abre portas para discussões sobre o papel da inteligência artificial na música. Se bem utilizada, a tecnologia pode resgatar gravações históricas, restaurar álbuns antigos e ampliar as possibilidades criativas para artistas e produtores.
No entanto, a indústria musical ainda enfrenta desafios éticos, especialmente em relação ao uso de IA para gerar músicas que imitam o estilo e a voz de artistas sem sua participação direta. O caso dos Beatles mostra que, quando usada de forma responsável, a IA pode ser uma ferramenta poderosa para celebrar e preservar o legado de grandes nomes da música.
A vitória dos Beatles no Grammy 2025 com Now and Then é um marco histórico que une música e tecnologia de forma inovadora. A inteligência artificial, usada para limpar e finalizar uma demo inacabada de John Lennon, provou que pode ser uma aliada valiosa na preservação do legado artístico.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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