Em uma noite gelada e nevada em Berlim, Tilda Swinton reafirmou seu status de rainha da Berlinale ao receber o Urso de Ouro pelo conjunto de sua carreira. A atriz escocesa, vencedora do Oscar, encantou a plateia não apenas com sua presença marcante, mas também com uma declaração contundente contra o avanço do autoritarismo global.
O legado de uma estrela da Berlinale
Desde sua estreia no festival, com Caravaggio de Derek Jarman – que lhe rendeu o Urso de Prata em 1986 – Tilda construiu uma trajetória sólida na Berlinale. Ao longo dos anos, 26 de seus filmes foram exibidos nas diversas seções do evento, consolidando sua ligação com o festival. Entre os títulos exibidos estão sucessos internacionais como Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson, e Hail, Caesar!, dos irmãos Coen, além de uma infinidade de obras independentes que reforçam sua versatilidade e comprometimento com o cinema artístico.
Uma declaração contra o autoritarismo
Durante a cerimônia, a atriz não poupou palavras ao condenar o autoritarismo em ascensão em várias partes do mundo. Seu discurso, repleto de emoção e convicção, foi um lembrete do papel que a arte pode – e deve – desempenhar na luta contra regimes opressores. Para muitos presentes, a mensagem de Swinton representou um grito de alerta, reafirmando que o cinema é uma ferramenta poderosa na defesa dos valores democráticos.
Pausa nas filmagens: um recomeço esperado
Em uma entrevista exclusiva com a imprensa na manhã seguinte à cerimônia, Tilda Swinton surpreendeu os fãs ao anunciar que fará uma pausa nas filmagens pelo restante do ano. “Quando voltar para casa na Escócia na segunda-feira, estarei entrando em algo que espero há cerca de 15 anos – um período para fazer algo diferente”, revelou a atriz. Ela acrescentou: “Não vou filmar um filme pelo resto deste ano. Quero mais tempo.”
Essa decisão reflete o cansaço acumulado pela rotina intensa da produção cinematográfica, que Tilda descreveu como sua “amante implacável”. A atriz mencionou que as recentes mudanças no financiamento e na produção dos filmes artísticos, especialmente no cenário pós-pandemia – a era “AC, ou antes da COVID” – trouxeram uma urgência de “esmagar e agarrar” que tem sido extenuante para os cineastas.
Reflexões sobre os próximos 40 anos
Para Tilda Swinton, esse período de pausa não significa um adeus às telas, mas sim uma oportunidade de renovar suas inspirações e explorar novos projetos. “Quero tempo para desenvolver projetos. Alguns são para o cinema, outros não – mas eu preciso de tempo”, explicou, deixando claro que não pretende se aposentar, mas sim redescobrir o seu caminho artístico para os próximos 40 anos.
Apesar da pausa, a carreira da atriz continua em alta. No ano passado, Swinton participou de The Room Next Door, sua segunda colaboração com Pedro Almodóvar, e de The End, de Joshua Oppenheimer. Em breve, ela deve ser vista em The Ballad of a Small Player, dirigido por Edward Berger e estrelado ao lado de Colin Farrell, projeto que encerrou sua produção em Macau.
Um futuro de novas possibilidades
Tilda Swinton, que ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante por Michael Clayton em 2007, deixa claro que esse período de reflexão e pausa é essencial para manter a criatividade e a autenticidade que sempre marcaram sua carreira. Seus fãs podem esperar, com entusiasmo, pelo retorno da atriz, que promete explorar novos horizontes e, quem sabe, trazer inovações surpreendentes ao universo cinematográfico.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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