Atriz vencedora do Oscar pede desculpas a quem se sentiu ofendido, mas mantém visão sobre o filme
Zoe Saldaña, que conquistou seu primeiro Oscar por Emilia Pérez, se manifestou sobre as críticas que o filme recebeu por sua representação do México. Durante a coletiva de imprensa pós-Oscar, a atriz pediu desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas, mas reforçou que o longa não tinha a intenção de retratar um país, e sim contar a história de quatro mulheres.
“Sinto muito, muito que você e tantos mexicanos tenham se sentido ofendidos. Essa nunca foi nossa intenção“, disse Saldaña em resposta a um repórter que questionou a abordagem do filme.
O centro da história não é o México, diz Saldaña
A atriz destacou que, apesar do enredo se passar no México, a essência da narrativa vai além da nacionalidade das personagens.
“Nós conversamos e viemos de um lugar de amor, e eu vou manter isso. Não compartilho sua opinião. Para mim, o coração deste filme não era o México. Não estávamos fazendo um filme sobre um país. Estávamos fazendo um filme sobre quatro mulheres.”
Segundo Saldaña, as personagens poderiam ter origens diversas, e a mensagem do filme é universal.
“Essas mulheres poderiam ter sido russas, poderiam ter sido dominicanas, poderiam ter sido negras [e] de Detroit, poderiam ter sido de Israel, poderiam ter sido de Gaza. Essas mulheres ainda são mulheres muito universais que estão lutando todos os dias para tentar sobreviver à opressão sistêmica e tentar encontrar suas vozes mais autênticas.”
Embora tenha rebatido as críticas, a atriz se mostrou aberta ao diálogo e à reflexão sobre possíveis melhorias no longa.
“Também estou sempre aberta para sentar com todos os meus irmãos e irmãs mexicanos, e com amor e respeito, ter uma ótima conversa sobre como Emilia Pérez poderia ter sido melhor. [Eu] não tenho problema. Eu acolho isso.”
Filme polêmico e trajetória premiada
Apesar do sucesso nas premiações, Emilia Pérez, dirigido pelo francês Jacques Audiard, enfrentou controvérsias. Muitos espectadores criticaram a forma como a produção abordou a realidade mexicana e questões ligadas à comunidade trans. Além disso, postagens antigas e racialmente carregadas de Karla Sofía Gascón, atriz principal do filme, reacenderam debates sobre representatividade e sensibilidade cultural.
Ainda assim, o longa recebeu aclamação da crítica e rendeu a Saldaña vitórias no Globo de Ouro, SAG Awards, Critics’ Choice Awards, BAFTA e, agora, no Oscar.
A 97ª edição do Oscar, apresentada por Conan O’Brien no Dolby Theatre, em Hollywood, teve momentos marcantes, incluindo a histórica vitória de Sean Baker e a homenagem a Gene Hackman no In Memoriam.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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