Mike White responde a polêmicas com Cristóbal Tapia de Veer, fala sobre críticas ao final da temporada e revela planos para escapar da pressão

Mike White, criador da premiada série The White Lotus, da HBO, decidiu abrir o jogo sobre os bastidores turbulentos que marcaram a terceira temporada da série. Em entrevista ao programa The Howard Stern Show, White comentou pela primeira vez a saída pública do compositor Cristóbal Tapia de Veer, vencedor do Emmy, que abandonou a produção após desentendimentos criativos.

Na reportagem do Times, de Veer disse: “Talvez eu estivesse sendo pouco profissional e, com certeza, Mike sente que eu sempre fui pouco profissional com ele porque não dei a ele o que ele queria. Mas o que eu dei a ele fez isso, sabe — [ganhei] aqueles Emmys, as pessoas enlouquecendo [pelo programa]… Essa é a principal coisa com a qual estou mais feliz — valeu a pena toda a tensão e quase forçar a música para o programa, de certa forma, porque eu não tinha muitos aliados lá… Foi uma boa luta.”

“Ele quer que as pessoas saibam que é sombrio e nervoso, e que eu sou só um cara que assiste reality show. Eu só dava notas, bilhetes sobre a trilha. Mas ele não gostava disso porque não me respeitava”, afirmou White. O criador revelou surpresa com o fato de Tapia de Veer ter dado declarações críticas ao New York Times apenas três dias antes do final da temporada, dizendo que a atitude foi “ruim”.

Tapia de Veer, por sua vez, havia declarado que a tensão entre ele e White sempre existiu, mas que o resultado final — com músicas que viralizaram e ganharam prêmios — justificava o conflito.

Incesto, polêmicas e críticas

White também comentou sobre a cena de incesto entre dois personagens na terceira temporada, admitindo que a inclusão foi pensada tanto para chocar quanto para servir ao arco narrativo.

“Na série, há um clichê em que o sexo gay é como um susto repentino”, disse ele. Eu simplesmente senti que precisávamos criar um tropo. Tínhamos feito um falso incesto [na segunda temporada, onde dois personagens acabaram não sendo parentes], então talvez devêssemos fazer um incesto de verdade. Além do choque, só de ter um personagem como Patrick [o saxão], que só pensa em sexo e só pensa em sexo de forma superficial, o que precisaria acontecer com ele para que, de repente, ele tivesse que frear sua maneira de pensar? Eu estava tentando pensar em uma maneira que fosse essencial para o personagem dele. Mas seria um ponto de discussão, com certeza. Assim que escalamos Patrick e Sam [e eles viram o roteiro], eu disse a eles: ‘Vocês ainda podem sair dessa, vocês vão ser o rosto do incesto gay.'” White também disse que tem lido toda a cobertura do final e está um pouco angustiado com as críticas (relativamente modestas) que estão circulando.

“Eles estão criticando a série de certas maneiras e estão mais maldosos em certas maneiras [agora que a série é popular]”, disse White. “Estou acostumado a ser esse escritor independente azarão que as pessoas defendem. Certas coisas vão me magoar ou me sentir incompreendido. Os maldosos ficaram ainda mais maldosos. É como se não gostassem de mim. Acho que preciso evitar essas coisas ou ficar mais duro, porque me deixa chateado.”

Sobre as críticas ao desfecho da temporada — especialmente as que questionam a ausência de uma investigação policial após os assassinatos no resort — White se mostrou frustrado. “Não é um procedural policial, é um programa sobre emoções. Quando as pessoas entram nessa ‘polícia literal’, dá vontade de arrancar os cabelos.”

Pressão e fuga para a Colômbia

Diante da pressão das críticas, White revelou que está deixando Los Angeles temporariamente. “Vou para a Colômbia hoje. Nunca estive lá. Só preciso sair daqui e parar de rolar a tela lendo merda sobre a série. Essa não é a linha de chegada que eu quero.”

A HBO ainda não confirmou oficialmente a renovação para a quarta temporada, mas White disse que já está renegociando seu contrato. “Tenho segurança financeira. Mas chega um ponto em que mais dinheiro só te deixa mais disfuncional.”

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