James Foley, cineasta nova-iorquino que dirigiu clássicos cult como Glengarry Glen Ross e projetos de grande visibilidade como os dois últimos filmes da franquia Cinquenta Tons de Cinza, morreu pacificamente enquanto dormia, após uma longa batalha contra um câncer no cérebro. Ele tinha 71 anos.

Foley iniciou sua carreira no cinema em 1984 com Reckless, e logo se destacou por sua capacidade de transitar entre gêneros e mídias, dirigindo tanto filmes quanto videoclipes e séries. Nascido no Brooklyn, em 1953, estudou cinema na NYU e depois na USC. Um encontro fortuito com o diretor Hal Ashby, ainda durante a faculdade, abriu as portas para Hollywood. Embora o projeto inicial com Ashby não tenha ido adiante, a associação foi suficiente para torná-lo conhecido no meio.

Da parceria com Madonna a Pacino e Wahlberg

Foley colaborou com alguns dos maiores nomes do entretenimento. Com Madonna, dirigiu videoclipes icônicos como Papa Don’t Preach e Live to Tell, além do longa Who’s That Girl (1987). Em 1992, comandou o elenco estelar de Glengarry Glen Ross, com Al Pacino, Jack Lemmon, Alec Baldwin, entre outros — filme que consolidou seu prestígio no circuito mais sério do cinema norte-americano.

Sua parceria com Al Pacino se repetiria em Two Bits (1995), enquanto seu thriller adolescente Fear (1996), estrelado por Mark Wahlberg e Reese Witherspoon, se tornaria um marco cult dos anos 90. Posteriormente, trabalhou com nomes como Gene Hackman, Halle Berry, Bruce Willis e Dustin Hoffman.

Transição para a TV e o retorno ao cinema

Após uma experiência frustrante em Perfect Stranger (2007), Foley se afastou temporariamente do cinema, migrando para a televisão. Teve destaque como diretor de 12 episódios de House of Cards, graças à confiança do produtor David Fincher. Também trabalhou em Hannibal e Billions, consolidando sua presença na TV de prestígio.

Em 2017, voltou às telas grandes com Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade, enfrentando críticas mistas, mas reforçando sua versatilidade. Em entrevistas, Foley se dizia guiado por intuição e recusava rótulos. “Sempre segui meu faro, para o bem ou para o mal”, afirmou em 2017.

Um olhar para os “homens alienados”

Entre os temas recorrentes em sua obra, Foley citava a figura do homem alienado e a dinâmica entre grupos masculinos em busca de poder e dinheiro. “Confidence é um primo de Glengarry”, disse ele certa vez. “Grupos de homens e suas lealdades, traições — nunca pensei nisso até olhar para trás.”

Descrito como um diretor meticuloso, empático com os atores e envolvido em todos os aspectos da produção, Foley acreditava que sua longevidade vinha da atenção aos detalhes e da capacidade de se adaptar.

Ele deixa os irmãos Kevin, Eileen e Jo Ann, e o sobrinho Quinn. Foi precedido na morte por seu irmão Gerard.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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