PL quer punir uso indevido de bonecas “reborn” em filas preferenciais
Sim, é verdade: um deputado federal apresentou um projeto de lei para multar quem usar bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam bebês de verdade — como forma de burlar filas preferenciais, obter atendimento prioritário ou garantir benefícios indevidos. A proposta foi protocolada na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (15) e já movimenta debates nas redes sociais.
O autor da proposta é o deputado Zacharias Kalil (União-GO), que argumenta que o uso dessas bonecas com fins fraudulentos sobrecarrega serviços públicos, especialmente na área da saúde, atrasando o atendimento de crianças reais que precisam de cuidados urgentes.
Multa pode passar de R$ 30 mil
O texto do projeto estabelece penalidades que variam de cinco a vinte salários mínimos, o equivalente a R$ 7.590 até R$ 30.360 (valores com base no salário mínimo de 2025). A multa será proporcional à gravidade do ato, benefício obtido, condição econômica do infrator e reincidência. O dinheiro arrecadado será destinado a fundos de proteção aos direitos da criança e do adolescente, em níveis municipal, estadual, distrital e federal.
Outros projetos miram uso de reborns
O PL de Zacharias Kalil não está sozinho. Outros dois projetos também foram apresentados no mesmo dia:
- Um deles visa proibir atendimentos médicos a bonecas reborn em unidades públicas e privadas.
- O outro propõe critérios para o acolhimento psicossocial de pessoas que desenvolvem vínculos afetivos intensos com os reborns.
Essas iniciativas surgem como reação ao crescimento de conteúdos nas redes sociais envolvendo “mães reborn”, muitas vezes em tom performático ou com comportamentos considerados extremos.
Reborns: do hobby ao debate público
As bonecas reborn se popularizaram como uma forma de arte hiper-realista, com nichos dedicados ao colecionismo e, em alguns casos, terapia emocional. Porém, casos que viralizam frequentemente envolvem pessoas tratando os bonecos como filhos reais, com simulações de partos, consultas médicas e rotinas familiares completas.
Vídeos e publicações no TikTok, Instagram e X (antigo Twitter) geraram reações mistas — de empatia até escárnio. Um dos exemplos mais virais foi o da influenciadora Sweet Carol, que simulou o nascimento de uma boneca reborn em 2022. Em maio de 2025, um grupo chegou a promover um encontro de “mães reborn” no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
E agora? Entenda o trâmite
Vale lembrar que, por enquanto, trata-se apenas de um projeto de lei. Para virar lei de fato, ele precisa tramitar nas comissões da Câmara, ser aprovado em plenário, seguir para o Senado e, por fim, ser sancionado pelo presidente da República. Ou seja, a aplicação de multas ainda não está em vigor — mas o debate já está nas ruas (e redes).