Craig Mazin diz que série considerou vários desfechos antes de optar por cliffhanger ousado que altera momento marcante do jogo

O final da segunda temporada de The Last of Us gerou debates acalorados entre os fãs — especialmente por sua ousada mudança narrativa em relação ao jogo original. Durante uma coletiva de imprensa, o showrunner Craig Mazin revelou que a equipe criativa considerou uma série de possibilidades para encerrar a temporada antes de optar pelo suspense dramático que deixou os espectadores em choque.

Atenção: spoilers do final da segunda temporada a seguir.

“Conversamos bastante sobre isso. Consideramos tudo”, disse Mazin ao GamesRadar+. “Talvez devêssemos simplesmente entrelaçar as histórias. Talvez devêssemos ir e voltar no tempo. Mas no fim, eu disse: ‘Isso não é parte da genética de como essa história funciona?'”

Na série da HBO, o desfecho muda o rumo do que os jogadores viram em The Last of Us Part II. O confronto inicial entre Abby e Ellie em Seattle termina abruptamente quando Abby atira em Ellie — e a cena corta. No jogo, Ellie sobrevive e a cena continua. Na série, a próxima imagem mostra Abby acordando na sede da WLF, marcando o início do “Dia Um” de sua perspectiva. Ou seja: a terceira temporada começará com a história sob o olhar de Abby, reconstituindo os três dias em que Ellie e Dina a caçaram brutalmente.

“Temos que correr riscos”

Mazin reconhece que o final é arriscado — especialmente por sugerir, mesmo que momentaneamente, que Ellie pode ter sido morta. Para ele, é uma questão de respeitar a lógica interna da história, mesmo que isso vá contra as expectativas do público.

“Temos que correr riscos como série de televisão, e a HBO tem que nos apoiar nisso”, explicou. “Já matamos Pedro Pascal… Eles [a audiência] precisam entender que essa série será diferente a cada temporada. E isso é complicado quando você tem um sucesso. Você está basicamente dizendo: ‘Sei que vocês amaram isso. Agora vamos tirar isso e dar outra coisa a vocês.'”

Mudança de foco: Abby no centro

A escolha narrativa reforça o que Mazin e Neil Druckmann já indicaram: a série seguirá a estrutura fragmentada e multilateral de Part II. A terceira temporada deve explorar os acontecimentos sob a ótica de Abby, oferecendo empatia e contexto antes do segundo confronto com Ellie — algo que causou muita polêmica entre os jogadores, mas que é central para o impacto emocional da história.

Ao encerrar a temporada com um corte seco e uma mudança de perspectiva, The Last of Us reafirma seu compromisso com a ousadia narrativa. Em vez de apenas adaptar os jogos com fidelidade, a série opta por provocar, frustrar e surpreender — exatamente como os melhores episódios da televisão fazem.

Mostrar menosContinuar lendo