Empresário indiano construiu uma réplica da Casa Branca no topo de um arranha-céu, mas nunca chegou a morar no imóvel devido a escândalos financeiros e fuga do país
Um luxo inalcançável — até para um bilionário
Imagine investir £15 milhões (aproximadamente R$ 100 milhões) na construção da casa dos seus sonhos e, no fim, jamais cruzar sua porta de entrada. Foi exatamente isso que aconteceu com Vijay Mallya, magnata indiano do setor de bebidas e aviação, conhecido por seu estilo de vida extravagante e envolvimento em escândalos financeiros.
No topo das Torres Kingfisher, em Bengaluru, sul da Índia, Mallya mandou construir uma mansão de 3.700 m² que replica a Casa Branca americana — com direito a piscina de borda infinita, heliponto e jardins suspensos. A mansão, a mais de 120 metros de altura, foi projetada para ser isolada de qualquer outro morador do prédio. Era, literalmente, um castelo nas nuvens.
A queda de um império bilionário
O que parecia um símbolo de poder absoluto virou uma cápsula vazia de ambição interrompida. Em 2016, Mallya fugiu da Índia rumo ao Reino Unido após deixar dívidas superiores a US$ 1 bilhão com bancos indianos. Desde então, enfrenta múltiplos processos de falência e batalhas judiciais para evitar a extradição ao seu país natal, onde é acusado de fraude e lavagem de dinheiro. Ele nega qualquer irregularidade.
Em abril de 2024, o Tribunal Superior de Londres manteve a ordem de falência emitida em 2021, rejeitando o argumento de Mallya de que já havia pago suas dívidas — pois seus bens haviam sido apreendidos pelas autoridades indianas. O empresário continua contestando a ordem e resistindo à extradição, enquanto sua mansão permanece como uma cápsula do tempo congelada no luxo.
Uma casa que virou símbolo de vaidade vazia
Construída com complexidade técnica e alto custo, a mansão foi descrita por Irfan Razack, da Prestige Estates Projects (empresa responsável pelo desenvolvimento das Torres Kingfisher), como um projeto desafiador: “Foi um desafio construir a mansão sobre um enorme balanço naquela altura, mas garantimos que a construiríamos exatamente como foi concebida”, explicou.
Hoje, a casa continua desabitada — visível apenas à distância por quem circula pelas ruas de Bengaluru. É um lembrete monumental de um império que desmoronou e de uma fortuna que não comprou paz nem permanência.