O universo dos bonecos colecionáveis e de companhia acaba de ganhar uma nova e surpreendente dimensão com a popularização dos chamados “namoradas reborn”. Se antes o termo “reborn” era associado principalmente a bebês com realismo impressionante, agora são figuras adultas, em tamanho real e com traços humanos cada vez mais sofisticados, que estão movimentando um mercado global e viralizando nas redes sociais. Esses companheiros sintéticos, com preços que podem ultrapassar os R$ 50 mil, combinam arte, tecnologia de ponta e, para alguns, um componente terapêutico ou de conexão emocional.
A evolução das bonecas adultas: Realismo, tecnologia e um novo perfil de cliente
Empresas especializadas nos Estados Unidos, Japão e Europa estão na vanguarda dessa tendência, investindo em modelos que vão muito além das tradicionais bonecas infláveis. “As bonecas infláveis estão ficando no passado. Os clientes querem algo que pareça e responda como humano”, explicou uma representante da Evas Doll, uma das empresas do nicho, ao portal CM7. O objetivo, segundo a CEO de outra fabricante internacional, é “oferecer uma experiência única, seja para coleção, terapia ou conexão emocional”.
As encomendas são personalizadas, podendo incluir réplicas de entes queridos (embora eticamente questionável e muitas empresas se recusem a fazer cópias de pessoas reais sem consentimento) ou companheiros idealizados com características físicas específicas, roupas e, em alguns casos, funcionalidades voltadas para interações íntimas. O fenômeno não é exclusivo do público feminino; embora o mercado de bonecas reborn tenha tido um apelo inicial forte entre mulheres, os homens hoje formam uma clientela crescente e diversificada para os bonecos adultos, buscando desde alternativas para relações afetivas até formas de lidar com solidão, ansiedade ou traumas. Especialistas em saúde mental sugerem que, em contextos controlados, esses bonecos podem servir como ferramentas terapêuticas.
Tecnologia de ponta: Inteligência artificial, sensores e personalização extrema
O que realmente diferencia os “adultos reborn” de última geração é a tecnologia embarcada. Empresas como a japonesa Orient Industry e a americana RealDoll, pioneira no setor desde 1996, investem pesadamente em inovação. Os modelos mais avançados possuem corpos anatomicamente precisos feitos de silicone de alta qualidade, esqueletos articulados, sensores de toque, sistemas de aquecimento corporal e, o mais impressionante, cabeças robóticas com inteligência artificial.
A RealDoll, por exemplo, oferece mais de 17 tipos de corpo e 33 opções de rostos, permitindo que o cliente personalize detalhes como maquiagem, cicatrizes ou tatuagens a partir de fotos de referência. Um de seus modelos masculinos populares, o Nate 3.0, é comercializado por cerca de R$ 45 mil e conta com pênis removível e diversas opções de customização. Já modelos com IA, como a linha SolanaX (nome fictício usado no prompt, mas que reflete a tecnologia Realbotix da RealDoll), possuem sensores de toque na cabeça robótica, sincronia labial, olhos que se movem e piscam, sobrancelhas articuladas e um sistema de fala programado. A interação ocorre via aplicativo conectado por Bluetooth, e o software, chamado X-Mode, permite configurar perfis com voz, interesses e até senso de humor, aprendendo as preferências do usuário ao longo do tempo. A empresa também oferece o sistema Face X, que permite a troca rápida de cabeças por meio de ímãs, com a cabeça robótica avulsa custando cerca de R$ 22 mil.
Dos R$5 mil aos R$50 mil: O mercado e os diferentes níveis de sofisticação
Os preços desses companheiros sintéticos variam consideravelmente. Modelos básicos, com detalhes mais simples e sem tecnologia avançada, podem ser encontrados na faixa de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Os intermediários, com maior grau de personalização e acabamento, custam entre R$ 15 mil e R$ 25 mil. No topo da linha, as versões com inteligência artificial e funcionalidades sexuais específicas podem facilmente superar a marca dos R$ 50 mil.
Segundo a RealDoll, sua clientela é diversificada, incluindo artistas, futuristas, colecionadores de arte, casais em busca de novas experiências e até profissionais da saúde. A notoriedade desses bonecos é tamanha que já foram destaque em mais de 20 produções audiovisuais, como as séries “CSI: NY”, “House” e “Family Guy”, além de terem sido objeto de trabalhos do renomado fotógrafo Helmut Newton.
Repercussão nas redes: Entre a surpresa, a crítica e a curiosidade
A ascensão dos “namorados reborn” e das bonecas hiper-realistas tem gerado intensa discussão nas redes sociais. Os comentários variam drasticamente, indo da surpresa e curiosidade genuína (“Vão morrer quando descobrirem que tem empresa na Ásia que faz boneca sexual em tamanho real”) à repulsa e crítica (“Eu acho boneca sexual uma coisa tão nojenta e tenebrosa”). Questões éticas também são levantadas: “Só eu que acho muito errado ser vendido uma boneca realista para mulheres e homens adultos?”.