Tony Gilroy, o criador e showrunner da aclamada série “Andor”, do universo “Star Wars”, abriu o jogo sobre os bastidores da produção em uma recente sessão de perguntas e respostas no ATX Television Festival. Ele revelou o impressionante orçamento total da série – US$ 650 milhões para seus 24 episódios divididos em duas temporadas – e detalhou como navegou e, por vezes, testou os limites criativos impostos pela Disney, conseguindo abordar temas adultos e complexos na produção do Disney+.

Um orçamento astronômico e os desafios da produção em duas temporadas

“Quer dizer, [para] a Disney, isso representa US$ 650 milhões”, declarou Gilroy sobre o custo total da série, que narra a jornada de Cassian Andor (interpretado por Diego Luna) de um ladrão a um espião fundamental para a Aliança Rebelde, servindo como prequela para o filme “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016), coescrito pelo próprio Gilroy. A série, cujas duas temporadas foram lançadas em 2022 e 2025 (com a segunda encerrando sua exibição no mês passado), foi aclamada pela crítica por seu tom maduro e roteiro inteligente.

Gilroy mencionou que, apesar do alto investimento, a produção da segunda temporada enfrentou desafios, incluindo a interrupção devido às greves de Hollywood, o que, segundo fontes familiarizadas com a produção, adicionou aproximadamente US$ 20 milhões em custos de paralisação ao orçamento. Cada episódio teria custado cerca de US$ 20 milhões após incentivos fiscais, um valor comparável a outras grandes produções como “A Casa do Dragão” e “Ruptura” (Severance). Mesmo com as dificuldades financeiras impostas pela Disney na segunda temporada – “eles disseram: ‘O streaming está morto, não temos o dinheiro que tínhamos antes’, então brigamos muito por dinheiro” – Gilroy afirmou que a liberdade criativa foi mantida: “mas eles nunca resolveram nada [no sentido de impor restrições criativas]”.

“F*da-se o Império” e o bordel: Testando os limites da Disney em Star Wars

O showrunner também compartilhou como testou as fronteiras da Disney desde o início. “Trabalhei em ‘Rogue One’, então sabia quais eram os níveis [permitidos] de violência, e na verdade as regras foram consideravelmente flexibilizadas [para ‘Andor’]”, disse. “Sim, não podemos ter pele, mas eu conscientemente comecei a primeira cena em um bordel só para ver o que aconteceria e até onde poderíamos ir. Tem sexo… É algo que provavelmente em algum momento pareceu que seria uma grande ansiedade, e acabou se tornando um nada do começo ao fim.”

Outro embate notório foi sobre a frase “F*da-se o Império”. Gilroy revelou: “Dissemos ‘Foda-se o Império’ na primeira temporada, e eles disseram: ‘Vocês podem, por favor, não fazer isso?'”. Ele chegou a escrever um memorando defendendo a frase como “economicamente prudente” e “boa” para a narrativa. No entanto, como o diretor Benjamin Caron confirmou anteriormente à Variety, “A Disney não nos deixou usar a frase. Então, mudamos para ‘lute contra o império’.”

Temas adultos na galáxia: Genocídio e agressão sexual em “Andor”

Apesar da restrição na linguagem, Gilroy conseguiu abordar temas surpreendentemente adultos e sombrios na segunda temporada de “Andor”. Ele mencionou no ATX Festival que a inclusão de discussões sobre genocídio na trama ocorreu de forma “perfeitamente impecável”, sem grandes entraves por parte do estúdio.

Além disso, a segunda temporada apresentou uma cena forte em que a personagem Bix Caleen, interpretada por Adria Arjona, denuncia abertamente uma tentativa de agressão sexual por um oficial, gritando: “Ele tentou me estuprar!”. Arjona comentou à Variety sobre a importância da cena: “Lembro-me de ler isso e… de ficar com muito medo de entrar naquela cena. Mas também havia algo… realmente poderoso no fato de poder mostrar isso em uma galáxia muito, muito distante. O fato de Tony ter dado isso para Bix foi uma grande honra — e estava certo.”

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